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Renault demite 747 no Paraná e dá início a plano de reestruturação global

Após tentativas frustradas de negociações com o sindicato dos metalúrgicos, a montadora encerrou o terceiro turno de produção de sua fábrica brasileira

Renault: quase 800 demissões na fábrica do Paraná (Vincent Kessler/Reuters)

Renault: quase 800 demissões na fábrica do Paraná (Vincent Kessler/Reuters)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 22 de julho de 2020 às 11h21.

O plano de reestruturação global da Renault chegou mais cedo do que o esperado à operação brasileira. Após tentativas frustradas de negociações com o sindicato dos metalúrgicos da região de Curitiba, no Paraná, a montadora demitiu 747 funcionários de sua fábrica de São José dos Pinhais.

A Renault afirma que tentou negociar a redução de jornada e de salário com os funcionários da produção diante de um cenário de queda das vendas, "sem previsão de retomada" em um horizonte de curto e médio prazo, mas o sindicato teria recusado. A fábrica paranaense empregava 7.200 funcionários antes da demissão.

Além disso, a montadora informa ter colocado à mesa de negociações uma proposta de PDV (plano de demissões voluntárias), mas o sindicato não teria sequer colocado o plano para votação em assembleia de trabalhadores.

Os movimentos ocorrem após a empresa ter adotado a Medida Provisória 936, que trata da manutenção do emprego em tempos de pandemia. Houve redução temporária de jornada sem prejuízo do salário líquido, uma vez que a empresa completou os proventos.

"Após realizar todos os esforços possíveis para as adequações necessárias e não havendo aprovação das medidas propostas, não restou outra alternativa para a Renault do Brasil a não ser anunciar o fechamento do terceiro turno de produção", disse a companhia em comunicado.

A Renault informa que, além das verbas rescisórias previstas em lei, a montadora irá conceder adicionalmente extensão do vale-mercado integral até outubro, do plano de saúde para funcionários e dependentes até dezembro e programa de orientação para a recolocação no mercado de trabalho.

O sindicato da região de Curitiba informou que os funcionários devem entrar em estado de greve, mas a montadora informa que ainda não recebeu notificação oficial sobre o tema. Nesta quarta-feira, 22, já estava previsto que a fábrica não abriria suas portas.

Reestruturação global

No final de maio, o grupo francês anunciou um grande plano de reestruturação global, que prevê o corte de quase 15.000 postos de trabalho ao redor do mundo, com sinergias da ordem de 2 bilhões de euros e mudanças no comando da aliança com a japonesa Nissan nas diferentes regiões do mundo, com a Renault ficando responsável pela América do Sul.

No final de junho, a Nissan, parceira da Renault há 20 anos, demitiu quase 400 funcionários em sua fábrica de Resende, no Rio de Janeiro, como parte das medidas de enfrentamento da pandemia.

A indústria automotiva global vem enfrentando transformações há muitos anos, com a demanda cada vez maior, por parte do consumidor, de mais tecnologia embarcada nos automóveis, além da transição para eletrificação e automação.

Com investimentos pesados e uma mudança radical na forma de consumo de veículos ao redor do mundo, as montadoras se veem obrigadas a adotar novas estratégias e parcerias para viabilizar o carro do futuro. A pandemia só acelerou este processo - e acrescentou um desafio a mais nessa jornada.

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