Não existe planeta suficiente para compensar todas as emissões, diz PwC
A gigante de auditoria, que acaba de validar seu plano net zero no SBTi, alerta que todas as empresas terão de reduzir suas pegadas de carbono de alguma maneira
Rodrigo Caetano
Publicado em 5 de outubro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 13h17.
É aquela velha história, no final, tudo se ajeita. É essa mentalidade com que muitas companhias abordam a questão das emissões de gases de efeito estufa. A solução pode parecer simples, afinal, basta compensar o carbono emitido e está tudo bem. Não é bem assim. “Vamos precisar de dois planetas para isso”, afirma Leandro Ardito, líder de net zero da PwC , uma das maiores empresas de auditoria do mundo.
Nenhuma companhia, afirma Ardito, irá se livrar de ter de reduzir suas emissões. Para o executivo, esse problema tem sido negligenciado em certa medida, pois suas implicações vão além da divulgação da pegada de carbono da empresa, exigência cada vez mais frequente de investidores. “Penso até do ponto de vista de auditoria”, diz ele. “Se você tem uma fábrica cujas emissões serão inadmissíveis no futuro, precisa contabilizar isso.”
Ardito participou do podcast ESG de A a Z, produzido pela EXAME. No ano passado, a PwC firmou o compromisso de se tornar neutra em carbono até 2030, duas décadas antes do limite estabelecido no Acordo de Paris. Para isso, a empresa lida com duas frentes principais, o uso de energia e as viagens corporativas.
No escopo 3, que compreende as emissões que não estão sob controle da companhia, a maior parte do carbono emitido pela PWC vem do deslocamento aéreo de seus executivos. A companhia quer reduzir isso pela metade e, por esse motivo, vai rever a política de trabalho externo.
“Um executivo que vai até Londres, por exemplo, para fazer quatro reuniões, acaba gastando cinco dias para trabalhar oito horas”, diz Ardito. “As viagens vão continuar, porém, terão de ser melhor aproveitadas.”
O problema da compensação se manifesta mais no uso da energia. Atualmente, a divisão brasileira da consultoria já utiliza somente energia de fontes renováveis, porém, parte dela vem de créditos contratados. A empresa espera acabar com isso, e de fato consumir apenas energia limpa, sem precisar compensar. “Só temos um planeta”, afirma Ardito. “Ou a gente faz, ou a gente faz.”
Nova estratégia e plano de abrir 7 mil vagas
Pandemia, mudanças climáticas, divisões geopolíticas e inovações tecnológicas: nada disso vai pegar a PwC Brasil , empresa de consultoria e auditoria, de surpresa no futuro. A companhia resolveu reescrever sua estratégia para se adequar às tendências que movem o mundo. E o investimento em talentos será fundamental nesse novo momento.
Nos próximos cinco anos, a estratégia “Nova Equação” prevê a contratação de mais de 7 mil profissionais no Brasil, mentoria de preparo para o mercado de trabalho para 2 mil jovens e um investimento de R$ 1 bilhão. É o maior ciclo de investimento que a companhia já realizou no país.
Segundo Tatiana Fernandes, sócia da PwC Brasil, cerca de 600 milhões de reais irão para as iniciativas de capacitação, uma das grandes prioridades da empresa e alicerce da estratégia.
“Não tem como estar totalmente atualizado se não investir em pessoas. Como líder de Recursos Humanos, me sinto extremamente motivada pelo fato de termos um investimento muito significativo em capacitação”, diz a executiva.
O plano foi delineado após diversos estudos de tendências e conversas com clientes e outros stakeholders. Os dois pilares da PwC nesse novo momento serão construir confiança e entregar resultados sustentáveis.
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