Projeto da PDG para voltar a lançar empreendimentos esbarra em bancos
A intenção da PDG é, em dois anos, virar uma empresa de nicho, focada no consumidor de 26 a 45 anos
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de março de 2018 às 09h01.
Última atualização em 26 de março de 2018 às 09h03.
Um ano após entrar com pedido de recuperação judicial, a PDG , que já foi a maior incorporadora do País, traça um plano para voltar a lançar empreendimentos. O projeto, porém, deverá esbarrar nos bancos, que detêm 80% da dívida total de R$ 7,9 bilhões.
A intenção da PDG é, em dois anos, virar uma empresa de nicho, focada no consumidor de 26 a 45 anos, que tem renda média de R$ 10 mil e vive sozinho. Mas, para isso, vai precisar de novos financiamentos.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que os três maiores bancos privados do País - Bradesco, Itaú e Santander - não pretendem liberar recursos para lançamentos. Financiamentos poderão ser concedidos apenas a empreendimentos em fase final de construção, que são 16 hoje.
Os bancos querem evitar que a empresa, envolvida na maior recuperação judicial do setor imobiliário do País, se endivide mais e não consiga cumprir com os pagamentos aos credores do processo de proteção na Justiça, segundo pessoas a par do assunto.
"Evidentemente não estamos no momento de sentar com bancos e discutir novos lançamentos, mas não sei como os bancos vão reagir daqui a um ano. A empresa poderá estar muito bem ou com algum problema adicional. Mas estamos falando de um empreendimento novo. Vamos tentar isolá-lo o máximo possível do problema da PDG", afirma Vladimir Ranevsky, presidente da incorporadora.
O plano de recuperação judicial da companhia, aprovado em dezembro, prevê a possibilidade de a empresa usar antigos terrenos - que hoje são dos credores - para voltar a construir. "Vamos selecionar alguns terrenos onde pretendemos fazer lançamentos. Nosso foco, nesse primeiro ano, é atender às necessidades do plano de recuperação para que depois a marca possa girar normalmente", diz Ranevsky, que estima poder fazer algum lançamento entre o fim de 2019 e o início de 2020.
Nicho
Ranevsky, que também comandou a empresa de construção naval OSX durante a recuperação judicial, conta que o projeto é transformar a PDG em uma empresa com atuação sobretudo em prédios de um quarto. O executivo afirma que uma pesquisa feita pela incorporadora apontou a existência de oportunidade nesse segmento.
Ele diz ainda que a marca será mantida. "Ninguém compra apartamento pelo nome da construtora. Compra-se apartamento por região, tamanho e facilidades. Se for uma construtora que você goste, tudo bem", diz Ranevsky.
Questionado sobre a possibilidade de o consumidor fugir da PDG por causa do histórico da empresa, o executivo afirma que isso poderá ocorrer, mas diz que ainda há uma percepção de qualidade em relação aos empreendimentos da empresa.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), José Romeu Ferraz Neto, o segmento de prédios com apartamento de um quarto tem potencial, pois esse tipo de empreendimento costuma ter custos mais baixos. "Esses apartamentos têm bastante demanda. Se tiver financiamento (para o consumidor), é um bom produto."
Ainda em seu novo projeto, a PDG também reduzirá as regiões geográficas de sua atuação - "até por uma questão financeira". Ranevsky, porém, não revela as cidades onde a empresa pretende continuar. A PDG chegou a ter 300 obras concomitantemente espalhadas por todo o País e 14 mil funcionários. Hoje, são 280 empregados.
Procurados, Bradesco, Itaú e Santander não comentaram.