Resposta aos gargalos das empresas, novo programa de aprendizagem conecta o jovem com a IA
Lançado pelo CIEE em parceria com a Ada, o Impulso Jovem Digital visa capacitar alunos para as atuais demandas do mundo do trabalho
EXAME Solutions
Publicado em 15 de abril de 2024 às 09h00.
Determinado a modernizar e a ampliar o alcance da Lei de Aprendizagem, o CIEE acaba de dar mais um grande passo nesse sentido. Neste mês, em parceria com aAda, lançou o programa de aprendizagem Impulso Jovem Digital.
Trata-se de um novo programa de inserção direta no mercado de trabalho para jovens aprendizes. O objetivo da novidade? Corrigir eventuais lacunas ampliar o conhecimento básico e capacitá-los para o mundo digital.
“Diferentemente da maioria dos programas de aprendizagem voltados para esse público, o Impulso Jovem Digital vai corrigir defasagens de português e matemática que acabam comprometendo a produtividade dos participantes dentro das empresas onde eles trabalham”, diz Rodrigo Dib, superintendente Institucional do CIEE, a maior ONG de inclusão e empregabilidade do país. “Com isso, e o ensino do inglês e de disciplinas ligadas ao mundo digital, as taxas de efetivação dos jovens aprendizes tendem a aumentar.”
Como funcionará o Impulso Jovem Digital
Instituído pela chamada Lei da Aprendizagem, promulgada há quase 23 anos, o Jovem Aprendiz faz uma ponte entre o mundo escolar e o mundo do trabalho. Com isso, cria um ambiente propício para o desenvolvimento de habilidades profissionais e competências variadas.
O programa é voltado para quem tem entre 14 e 24 anos incompletos e se encontra em situação de vulnerabilidade social — está explicado o porquê de o programa ter desempenhado um papel fundamental na transformação da vida de milhares de jovens em todo o Brasil.
Os aprendizes contam com apoio de psicólogos e assistência social durante todo o período de contrato, que pode durar até dois anos. Antes de começar a trabalhar, os selecionados precisam se submeter a uma capacitação presencial teórica. Depois, começam a comparecer na empresa participante, mas só quatro dias a cada semana. Isso porque um dia é reservado para a capacitação teórica.
“Desenvolvemos um programa de aprendizagem mais condizente com as atuais demandas do mundo do trabalho”, diz Felipe Paiva, CEO da Ada, ao resumir o Impulso Jovem Digital. “A nova grade curricular que desenhamos tem como meta garantir a boa empregabilidade dos jovens aprendizes. E é por isso que apostamos bastante em disciplinas ligadas ao universo da tecnologia”. A Ada é uma empresa especializada em fornecer formações em tecnologia com foco em empregabilidade — Google e Unilever são alguns de seus clientes.
Ensino de português e matemática
O novo programa de ensino se diferencia dos demais por inserir professores de português e matemática nas salas de capacitação. Um dos objetivos é ampliar o conhecimento básico dos participantes. Isso porque as empresas contratantes, volta e meia, expressam preocupação com a formação básica deles.
“Se as defasagens não forem corrigidas, cria-se uma bola de neve que pode impactar toda a trajetória profissional dos jovens aprendizes”, argumenta Dib. Não por acaso, 50% dos alunos do Brasil alcançaram nível mínimo de aprendizado em matemática e ciências, segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).
Aulas de inglês e IA
A grade curricular do Impulso Jovem Digital é composta de mais de 500 horas de aulas, entre elas, inglês e disciplinas que estão revolucionando o mundo do trabalho e a sociedade como um todo.
É o caso da inteligência artificial (IA), que as empresas estão cada vez mais interessadas em incorporar em suas rotinas. Matemática aplicada à informática, estatística, documentação técnica de rotinas e projetos e banco de dados são outras das disciplinas incluídas na grade curricular.
“Não se trata de um programa de aprendizagem só para jovens e estudantes que trabalham em áreas tecnológicas”, conta Dib. “As habilidades que queremos desenvolver são úteis para profissionais dos mais diversos departamentos. Tanto quem trabalha na área de marketing, por exemplo, quanto quem é da área financeira pode se beneficiar de ferramentas de inteligência artificial [ IA ].”
Para os jovens interessados em fazer carreira na área de tecnologia da informação (TI), o novo programa de aprendizagem criado pelo CIEE e pela Ada se apresenta como uma porta de entrada. Que a procura por profissionais deste universo está em alta, todo mundo sabe. Até 2025, o Brasil abrirá quase 800 mil novos postos na área, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).
O Impulso Jovem Digital é apoiado pelo Movtech, coalização de organizações que buscam direcionar recursos e esforços para o investimento social em educação e tecnologia, e pelo Centro Paula Souza. As aulas das primeiras turmas começam em junho e a meta é chegar a mil alunos nos próximos 12 meses.
Programa responde ao que empresas buscam
“O Impulso Digital responde imediatamente ao que as empresas precisam. Foi pensado para que os jovens desenvolvam habilidades alinhadas com as necessidades das profissões do futuro”, diz Renata Citron, diretora de Educação do iFood. “Novas competências, como pensamento computacional, análise de dados e colaboração com sistemas de IA, estão se tornando cada vez mais importantes e vão garantir boas oportunidades para o futuro desses profissionais que estão iniciando a jornada profissional”.
Diz mais: “Do ponto de vista das contratantes, a riqueza do currículo do programa vai proporcionar que elas recebam jovens profissionais bem capacitados e preparados para os desafios reais do presente e do futuro”.
"Renata Citron, diretora de Educação do iFood
Parceiro de longa data do CIEE, o Centro Paula Souza está empenhado em transformar muitos de seus estudantes em jovens aprendizes.
“Tenho certeza de que o Impulso Digital será um grande sucesso, pois aprender é muito mais que frequentar aulas, ler e realizar experimentos em laboratório”, diz Laura Laganá, diretora-superintendente do Centro Paula Souza. “O programa é uma grande chance para quem deseja turbinar o currículo e dar um passo à frente no mundo do trabalho. Prepara os estudantes para atuarem como protagonistas em um mercado em constante evolução”.
De acordo com a legislação atual, estabelecimentos de médio e grande porte são obrigados a contratar jovens aprendizes. A cota compulsória é de, no mínimo, 5% e, do máximo, 15% da força de trabalho de referência (inclui todos os empregados cujas funções exigem formação profissionalizante, tirando cargos de direção, gerência, ensino técnico ou superior).
Quantos jovens aprendizes o Brasil tem hoje em dia? Cerca de 500 mil. Se a cota obrigatória mínima fosse cumprida, porém, o país teria 1 milhão. Com o Impulso Jovem Digital, esse número poderá ser alcançado mais cedo.