EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Rio de Janeiro - Os produtores independentes de petróleo e gás natural querem aumentar a sua participação na exploração de campos terrestres. Eles defendem uma participação menos agressiva da Petrobras nessa área, já que a estatal tem seu foco nos campos em águas profundas e ultraprofundas.
A posição foi defendida na última semana pelo presidente da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), Oswaldo Pedrosa, em entrevista no Rio.
Ele manifestou o temor dos produtores independentes de que com o novo marco regulatório do pré-sal, em tramitação no Senado, a Petrobras - ao ter a participação nos campos do pré-sal garantida por lei - volte sua atenção para as disputas dos blocos terrestres nos futuros leilões realizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Para a ABPIP, como a estatal não disputará os blocos mais valorizados do pré-sal (uma vez que terá participação de 30% garantida em todas as áreas) terá ainda mais recursos para aumentar a participação nos blocos em terra, reduzindo a presença dos produtores independentes.
"Nós não queremos a Petrobras fora do negócio, mas seria interessante que a estatal mantivesse uma postura mais contida nas rodadas que envolvam os campos terrestres. Se ela decidir entrar com muito dinheiro, oferecendo o triplo dos bônus exigidos e também com compromissos exploratórios muito elevados, acaba não sobrando nada para ninguém. Não há como nós, pequenos produtores, competirmos com a estatal", alertou.
O diretor lembrou que o pequeno produtor de petróleo e gás surgiu no Brasil com o objetivo de diversificar a indústria desses produtos, criando um novo mercado na atividade de exploração e, paralelamente, promovendo maior geração de emprego e renda nas regiões onde atua - principalmente no interior do país.
"O objetivo da ANP, ao criar as chamadas rodadinhas (licitações de blocos em bacias maduras - já exploradas - cujas jazidas encontravam-se em declínio) foi o de promover políticas públicas que garantissem a produção nas bacias sedimentares terrestres por empresas de pequeno e médio portes", disse.
Para Pedrosa, agora é fundamental que o setor possa avançar, adquirir novos poços e aumentar o ganho de escala para poder se manter na atividade. "Como a maioria das bacias produtoras, cujas reservas condizem com o perfil do segmento independente, está localizada na Região Nordeste, ao incentivar a atuação dessas novas empresas de petróleo e gás, ocorre também o desenvolvimento das economias regionais de pequenos municípios", defende a associação.