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Privatização integral da Cemig pode ser aprovada ainda em 2019, diz CEO

Presidente da companhia de energia afirmou que governo prepara projeto de venda de ativos estaduais e acredita que proposta será aprovada até o fim do ano

Cemig: companhia de energia deve ser privatizada ainda este ano, segundo CEO (Cemig/Divulgação)

Cemig: companhia de energia deve ser privatizada ainda este ano, segundo CEO (Cemig/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 16 de agosto de 2019 às 14h49.

São Paulo — O governo de Minas Gerais está preparando um projeto sobre a privatização de ativos estaduais que deve incluir a elétrica estatal Cemig e pode ser enviado à Assembleia Legislativa na próxima semana, ou o mais tardar até o final do mês, disse nesta sexta-feira, 16, o presidente da companhia mineira de energia, Cledorvino Belini.

"O governo deve apresentar agora... vai ser um processo político de negociação do governo com a Assembleia, então é difícil fazer uma previsão, mas acredito que esteja completo, aprovado, até o final deste ano", disse o executivo a jornalistas durante coletiva de imprensa em São Paulo.

O projeto do governo mineiro deverá envolver também outros ativos que podem ser privatizados em meio a negociações com a União sobre um regime de recuperação fiscal para o Estado de Minas Gerais.

"É o plano de desinvestimentos do Estado, onde estará Cemig, Copasa e outras estatais... a privatização da Cemig é uma das condições do Tesouro para liberar recursos e dar um 'waiver' da dívida (do Estado de Minas Gerais com a União)", explicou Belini.

No caso da Cemig, a pretensão do governador é buscar uma privatização integral da companhia, que tem negócios em geração, transmissão e distribuição de energia e é uma das maiores elétricas do Brasil.

"Tudo, seria privatizar tudo", afirmou Belini.

Durante apresentação à imprensa sobre os resultados do segundo trimestre, o executivo destacou que a Cemig obteve nos primeiros seis meses de 2019 o melhor resultado de sua história para o período, um lucro de 2,9 bilhões de reais, ante 454 milhões no mesmo período de 2018.

A companhia também conseguiu aprovar no período medidas que deverão cortar despesas em 300 milhões de reais por ano a partir de 2020, com cortes de níveis gerenciais, redução de secretárias e motoristas e até a venda de um avião da companhia.

"Custo é que nem unha, cresce toda semana e toda semana você tem que cortar", disse Belini, defendendo as ações que devem resultar em economias.

O executivo, que assumiu o comando da Cemig em fevereiro, disse ainda que sua gestão pretende tornar a companhia mais ágil e promover uma revolução no modo de lidar com os negócios em energia.

"Queremos olhar o cliente como cliente, não como consumidor. Essa é a grande mudança que queremos fazer na companhia", disse.

Hidrelétricas

O presidente da Cemig voltou a dizer que a companhia vai trabalhar junto ao governo federal e ao legislativo local para manter a concessão de hidrelétricas da empresa cujos contratos de concessão vencerão até 2025.

A prioridade para o tema vem após a Cemig ter perdido 60% da capacidade de geração em 2017, após o vencimento dos contratos de quatro grandes usinas antigas, que foram relicitadas pelo governo e adquiridas por grandes elétricas estrangeiras --a francesa Engie, a chinesa SPIC e a italiana Enel.

"Já estamos trabalhando nesse processo para evitar o desastre que houve ali atrás", disse Belini.

Ele afirmou que uma solução em estudo é negociar com o governo federal a possibilidade de a Cemig renovar antecipadamente as concessões em troca da privatização dessas usinas, por meio da atração de sócios privados, que ficariam com 51% dos ativos.

Esse caminho exigiria aval da Assembleia Legislativa mineira.

Desinvestimentos

Apesar dos bons resultados, a Cemig continua trabalhando em um programa de vendas de ativos para reduzir sua alavancagem, disseram executivos da companhia.

A prioridade desse plano no curto prazo é a conclusão da venda pela controlada Renova Energia do parque eólico Alto Sertão III.

O ativo foi negociado pela empresa junto à AES Tietê, mas a operação depende de uma decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o futuro do parque, que corre risco de ter os contratos cancelados devido ao atraso.

O avanço da transação seria importante para livrar a Cemig de um peso --a Renova teve pesados prejuízos nos últimos anos e obrigou a estatal mineira a realizar pesadas provisões e ajustes contábeis.

Uma provisão de 688 milhões de reais referente à Renova feita no segundo trimestre, por exemplo, pode ser revertida ao menos em parte caso a empresa tenha sucesso na venda de ativos à AES Tietê e uma consequente reestruturação, disse o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, Maurício Fernandes.

"A possibilidade de essa provisão ser revertida, boa parte dela, nos processos subsquentes, é considerável", afirmou.

Em paralelo, a Cemig continua buscando organizar a venda de sua empresa de gás natural, a Gasmig, e de sua fatia na hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia.

O desinvestimento em Santo Antônio, no entanto, foi impactado pela recuperação judicial da Odebrecht, que é sócia no empreendimento, admitiu o executivo, que afirmou que com isso o negócio tornou-se "mais complexo", sem detalhar.

A empresa também pretende se desfazer da participação que detém na hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

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