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Previc vê perda milionária do Postalis em 'nova bolsa'

O Postalis fez praticamente sozinho todo o investimento na ATS, mas levou uma fatia de apenas 25% do projeto

Agência dos Correios: informação consta de relatório da Previc, que no início de outubro determinou uma intervenção no fundo. (Correios/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de novembro de 2017 às 09h54.

São Paulo - O Postalis , fundo de pensão dos funcionários dos Correios, fez praticamente sozinho, com mais de R$ 300 milhões, todo o investimento na ATS, empresa que pretende lançar uma nova bolsa de valores no Brasil. A fundação, no entanto, levou uma fatia de apenas 25% do projeto. Os demais investidores, com aporte de R$ 2 milhões, ficaram com o restante da empresa.

A informação consta de relatório da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), que no início de outubro determinou uma intervenção no fundo de pensão, após sucessivos déficits. Segundo a Previc, houve "prejuízo aos princípios de rentabilidade, segurança e liquidez, por ter sido realizado o investimento sem proteção aos interesses da entidade contra o notório conflito de interesses entre os demais investidores, que eram também os proprietários da empresa investida".

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Além disso, a superintendência também questiona a metodologia usada para chegar ao valor econômico de cerca de R$ 1,3 bilhão da ATG Brasil, a controladora da ATS, e que recebeu os aportes do Postalis. Tal número, apesar de a companhia ainda não operar, teve crescimento expressivo nos últimos anos. Por isso, o relatório destaca que há evidências de manipulação no preço dos ativos que compõem o Fundo de Investimentos em Participações (FIP) ETB, veículo usado para o investimento de mais de R$ 300 milhões da fundação na ATG.

O relatório destaca que o valor das cotas da ATG é muito superior ao valor de seu patrimônio. O documento coloca que, conforme a última demonstração financeira disponível, do exercício de 2015, o prejuízo acumulado foi de R$ 210,882 milhões, com um patrimônio líquido de R$ 148,407 milhões. Mas o laudo de avaliação da empresa mostra um valor econômico de R$ 1,3 bilhão, conforme o mesmo documento do regulador. A avaliação é que o laudo usado como base "para precificar o ativo ATG utiliza várias premissas sem fundamentação técnica, sem buscar estudos e fontes de dados externas para embasar as expectativas adotadas".

Sócios. O projeto da ATS é liderado pelos investidores Arthur Pinheiro Machado e Francisco Gurgel do Amaral Valente, que controlam a ATG. A ATS foi criada em 2012 e, na época, tinha como sócia a Nyse, bolsa de Nova York. Mas a sociedade foi desfeita neste ano, após uma briga em processo arbitral que correu sob sigilo e que não teve a causa divulgada.

Procurada, a ATG diz que lhe causa estranheza o fato de o relatório da Previc vir à tona justamente no início do processo de arbitragem, determinado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que vai definir o preço para acesso à central depositária da bolsa B3 e, portanto, "o fim do monopólio no mercado de capitais brasileiro" (leia mais nesta página).

A ATG afirma, ainda, que recente relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), que apura causas para os prejuízos do Postalis, não cita a companhia. O documento do TCU, no entanto, está focado nos investimentos citados pela CPI dos Fundos de Pensão.

Também procurado, o Postalis não respondeu.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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