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Prejuízo: sinal de que o PanAmericano virou mais “banco”

Em vez de vender as carteiras de crédito, como antes, banco optou por apostar que elas vão gerar receitas no futuro – e arcou com os prejuízos agora

Banco PanAmericano

Banco PanAmericano

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2012 às 06h36.

São Paulo - De abril a junho, o PanAmericano decidiu não vender suas carteiras de crédito para outras instituições. Como resultado, a renda obtida com operações de crédito, sua principal fonte de receita, caiu 44% em relação ao primeiro trimestre, chegando a 449,2 milhões de reais. Ao mesmo tempo, a reserva destinada a prováveis clientes inadimplentes subiu quase 30%, alcançando 441,4 milhões.

A aritmética não mente: com menos dinheiro entrando e mais recursos saindo, a instituição acabou amargando um prejuízo de 262,5 milhões de reais no segundo trimestre, depois de ganhar 2,9 milhões nos três primeiros meses do ano.

Parece ruim? Não é o que acredita grande parte do mercado. A impressão, segundo analistas consultados por EXAME.com, é que o banco estaria arrumando a casa depois do rombo bilionário registrado sob administração do Grupo Silvio Santos. "É uma decisão estratégica de não vender crédito agora, para lá na frente estar equilibrado. É o hoje pelo amanhã, com mais cara de banco", disse o analista de um banco de investimento que preferiu não se identificar.

No fim do ano passado, BTG Pactual e Caixa, atuais donos do PanAmericano, propuseram a elevação de capital da companhia, depois de anunciarem a compra da Brazilian Finance & Real Estate. A proposta foi aprovada pelos acionistas em janeiro e a capitalização foi concluída no último trimestre. Na prática, a instituição recebeu uma injeção de 1,7 bilhão de reais, dinheiro que elevou seu índice de Basileia para 20% em junho.

Receita futura

Quanto maior o indicador, maior é a capacidade de uma instituição financeira emprestar dinheiro sem comprometer sua solidez financeira - o governo exige que o índice fique em, no mínimo, 11%. 


Com o caixa mais gordo, portanto, o PanAmericano decidiu segurar as carteiras que tradicionalmente passava para frente, aumentando sua base de pagamento a ser recebida no futuro. 

Segundo o presidente da instituição, José Luiz Acar, ela seria "fundamental para garantir a geração de resultados perenes para o PanAmericano", conforme afirmou em teleconferência a analistas realizada nesta quinta. "Isso não significa que deixaremos de fazer cessões nos próximos trimestres", ressalvou o executivo.

A ideia é que a prática continue a fazer parte do modelo de negócio, mas que haja um equilíbrio com a acumulação da carteira própria, que daria ao banco a possibilidade de antecipar resultados financeiros. "À medida que tenhamos maior número de operações de crédito, é natural que novas vendas de carteira possam ocorrer", completou Acar.

Apesar do aumento de não pagadores ter sido vilão do balanço dos bancos brasileiros nos últimos três meses, o PanAmericano acredita que a situação vá melhorar a partir do quarto trimestre, como reflexo da sua própria cautela. "Em um ambiente de inadimplência ainda elevada e com reestruturação do banco ainda em progresso, acabamos tendo uma postura mais conservadora na concessão de novas operações de crédito", afirmou Willy Jordan, diretor de relações de investidores da companhia.

Uma consequência direta do aperto teria sido o aumento da qualidade das safras de crédito mais recente. Elas teriam inclusive, contribuído para o PanAmericano decidir manter as carteiras sob a sua aba, esperando ganhar dinheiro com as parcelas que ainda serão quitadas pelos novos clientes – bons pagadores, é o que torce o banco.

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