Negócios

Por que Facebook e Yahoo! querem dominar o mercado móvel

Mercado vive era da mobilidade e do multiuso. Conheça o cenário em que as duas gigantes de tecnologia pretendem apostar todas as suas fichas e esforços

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2013 às 17h24.

São Paulo – Pela manhã, o despertador toca e você levanta para mais um dia. Segue em direção ao seu trabalho. Então eu pergunto: até chegar no escritório, quantas vezes você deu aquela espiadinha no seu celular?

Se você não conseguiu contar, não se sinta mal. Possivelmente a ação já é tão automática que você nem percebe que está de olho no seu dispositivo móvel. Você pode ter visto seu e-mail, suas mensagens, dado aquela espiada nas redes sociais e lido umas duas ou três notícias

Estamos na era da mobilidade e do multiuso e é por isso que o Facebook e o Yahoo! querem estar cada vez mais no seu celular – ou no tablet, no seu relógio, no seu óculos entre outros.

A estratégia de Marissa Mayer no Yahoo! parece clara. A presidente já fez nada menos que 10 aquisições em menos de um ano. 

Destas, nove foram startups que haviam desenvolvido algum tipo de aplicativo para celulares – a maior parte, de compartilhamento de informação, além de recomendações e ferramentas de geolocalização. O Loki Studios, aquisição mais recente da empresa, é a única startup que não fabrica aplicativos. Trata-se de uma desenvolvedora de games para – adivinhe – celulares.

Depois veio Mark Zuckerberg que, na divulgação dos resultados do Facebook para o primeiro trimestre de 2013, afirmou em alto e bom som que sua criação vai “tornar-se uma empresa de telefonia móvel”.  O acesso à rede social via celular teve um crescimento de 54% sobre o mesmo período do ano anterior, com 751 milhões de usuários ativos.

Não há dúvidas. Eles não querem mais estar onde você está, mas pretendem estar em você – como um relógio, a roupa do dia e, porque não, o celular.

Cultura

A questão é que tanto o Facebook quanto o Yahoo! encaram a mobilidade como uma nova demanda, que parte da mudança sociocultural que o mundo vive. “A comunicação anda de mãos dadas com o conjunto de práticas e rituais que fazem nosso cotidiano”, afirma Valter Pieracciani, sócio-diretor da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, consultoria especializada em gestão da inovação.

Ambas as empresas apostam na conectividade como um novo modo de viver – e não como um modismo que deve sumir com o tempo. Exatamente por isso entendem que é crescente a demanda por portabilidade. “Estamos nos comunicando mais, naturalmente, as pessoas vão exigir mais funcionalidades e praticidade de seus gadgets”, diz Pieracciani.


No Brasil, a questão é ainda mais dinâmica. O aumento do consumo da classe emergente cria uma demanda a mais para as empresas nacionais – não basta “ser mobile”, é fundamental estar antenado com as demandas específicas desse público crescente. 

Perfis

Uma das maiores dificuldades de gerir produtos para ambiente móvel está na identificação dos seus alvos. O coordenador adjunto do curso de comunicação do Ibmec, Eduardo Murad, explica que atualmente há três perfis de consumidores do meio digital. 

Os mais novos, chamados nativos digitais, não viram o mundo sem internet ou tecnologias móveis. Por isso, tendem a ser o público com maior frequência e flexibilidade dentro desse ambiente – e maior nível de exigência também. Naturalmente esse público é crescente e, pela ordem natural das coisas, deverão compor a totalidade do mercado em algumas décadas.

Os imigrantes chegaram viveram a maior parte da sua vida em um mundo off-line, mas hoje estão adaptados às mudanças que ele proporcionou. Por fim, os turistas digitais são aqueles que não transitam com naturalidade nesse universo. “São como estrangeiros em um país novo”, diz Murad.

Justamente por quererem te acompanhar no seu dia-a-dia, as empresas têm buscado entender esse consumidor de forma mais integral. Os algoritmos da rede associados ao uso constante dos consumidores cria uma enorme base de dados, que tem ajudado a segmentar os usuários em divisões mais refinadas. 

A ideia é aproximar as empresas do seu processo decisório – e com isso, reduzirem as possibilidades da rejeição do próprio produto.

Limitação

E por que essa realidade high tech ainda não engrenou de vez no Brasil? A infraestrutura não é das melhores. “Alguns serviços são limitados, não são completados porque a nossa rede de 3G ou 4G ainda é muito instável”, afirma.

Os custos também precisarão ser reavaliados em algum momento. Segundo Murad, os conteúdos ainda são caros no Brasil – ainda que a classe emergente seja uma crescente usuária. “Para agregar valor, não bastam serviços, mas informações”, diz. “Centavos podem fazer diferença de um tremendo sucesso para um fracasso total.” 

Acompanhe tudo sobre:3G4GAppsBanda largaCelularesEstratégiagestao-de-negociosIndústria eletroeletrônicaInternetSmartphonesTabletsTelefonia

Mais de Negócios

Um acordo de R$ 110 milhões em Bauru: sócios da Ikatec compram participação em empresa de tecnologia

Por que uma rede de ursinho de pelúcia decidiu investir R$ 100 milhões num hotel temático em Gramado

Di Santinni compra marca gaúcha de calçados por R$ 36 milhões

Para se recuperar, empresas do maior hub de inovação do RS precisam de R$ 155 milhões em empréstimos

Mais na Exame