Por que o bom resultado da Uber pode ajudar a Lyft
Lyft divulga resultados e vê ações em alta depois de a concorrente anunciar que está mais perto do lucro
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 07h03.
Última atualização em 11 de fevereiro de 2020 às 07h30.
São Paulo — Depois de a Uber dizer na semana passada que quer chegar ao lucro já em 2020, os holofotes se voltam para a concorrente Lyft. A empresa de transporte compartilhado divulga seus resultados do quarto trimestre no fim da tarde desta terça-feira, 11, após o fechamento do mercado.
Investidores estarão atentos para entender se os prejuízos na Lyft também estão perto de diminuir. O prejuízo por ação deve ficar em 1,38 dólar, muito abaixo dos altos 11,37 dólares por ação do quarto trimestre de 2018. O faturamento é estimado em 984 milhões de dólares, alta de 47% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Tal como sua maior concorrente, a Lyft vem sendo pressionada a mostrar um caminho rumo à lucratividade. A promessa do presidente Logan Green é atingir a marca em 2021. A empresa teve prejuízo de 911 milhões de dólares em 2018 e perdeu outros 2,25 bilhões de dólares nos primeiros nove meses de 2019. Tentando cortar custos, a Lyft anunciou a demissão de 90 funcionários em janeiro.
Enquanto isso, a Uber afirmou na divulgação de seus resultados na última quinta-feira, 7, que a expectativa é atingir Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado positivo já no fim deste ano. A previsão anterior era 2021.
Ainda não é um resultado positivo em lucro líquido de fato, mas o Ebitda mostra a capacidade de a empresa ganhar dinheiro com seu produto. A previsão foi o suficiente para fazer as ações da Uber subirem 10% no dia seguinte ao balanço.
Em vez de atrapalhar, números positivos da Uber podem, na verdade, ajudar a Lyft. O bom resultado da rival foi um dos fatores que fizeram a casa de análise de investimentos Northcoast Research mudar a avaliação da Lyft de “neutra” para “recomendação de compra”. O novo status fez o papel subir mais de 7% nesta segunda-feira, 10.
A leitura é de que boa parte dos desafios de Uber e Lyft são similares. Não à toa, ambas estrearam na bolsa praticamente juntas no primeiro semestre de 2019 e viram seus papéis caírem mais de 30% desde então — vítimas dos mesmos questionamentos, como problemas de regulação e falta de um modelo lucrativo.
Embora a Lyft opere somente nos Estados Unidos, a discussão também pode dar pistas sobre o que esperar no Brasil, onde a Uber concorre com a brasileira 99, controlada pela chinesa Didi, e a espanhola Cabify.
Outra boa notícia para a Lyft é que a empresa tende a crescer mais do que a Uber nos próximos anos, uma vez que a concorrente, pioneira no segmento, já tem público mais consolidado. A consultoria eMarketer estima que o percentual de usuários de transporte por app que usarão a Lyft vai saltar de 48% em 2019 para 59% em 2023, ante queda de 75% para 72% da Uber no período (um mesmo usuário tende a usar mais de um aplicativo).
Enquanto o modelo das viagens por aplicativo não se prova de vez, Uber e Lyft estarão, estranhamente, concorrendo e torcendo uma pela outra ao mesmo tempo.