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Ponto Frio impulsiona vendas do Pão de Açúcar, mas margens caem

Quando se contabiliza a participação da nova controlada de eletro-eletrônicos, margem líquida cai 0,5 ponto percentual

Loja do Ponto Frio: eletro-eletrônicos pressionaram as margens do Pão de Açúcar (.)

Loja do Ponto Frio: eletro-eletrônicos pressionaram as margens do Pão de Açúcar (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

São Paulo - A compra do Ponto Frio, em meados do ano passado, foi o passo inicial para que o Grupo Pão de Açúcar saltasse para a liderança do varejo de eletro-eletrônicos, consolidada no final de 2009 com a associação com a Casas Bahia. A Globex - nome oficial do Ponto Frio - contribuiu para um salto nas vendas da empresa controlada pelo empresário Abílio Diniz. Mas o efeito-colateral indesejado foi a queda nas margens de lucro do grupo. É o que mostra as demonstrações financeiras do primeiro trimestre, divulgadas na noite desta segunda-feira (10/5).

O lucro líquido consolidado do Pão de Açúcar alcançou 126,2 milhões de reais entre janeiro e março. A cifra é 33% superior aos 94,9 milhões obtidos no mesmo período de 2009. Apesar da evolução, a margem líquida - que mede o lucro líquido como percentual da receita líquida - regrediu. Um ano antes, a margem ficou em 2%. Neste trimestre, encerrou em 1,8%. A queda é ainda mais expressiva, quando se considera o que o Pão de Açúcar lucraria sem a contribuição do Ponto Frio. Em bases comparáveis, isto é, descontando-se o Ponto Frio, o Pão de Açúcar lucraria 129,9 milhões de reais - com uma margem líquida de 2,3%. Em relação ao resultado consolidado, trata-se de uma queda de 0,5 ponto percentual na margem.

No relatório que acompanha as demonstrações, o Pão de Açúcar atribuiu a queda das margens "ao aumento de participação dos produtos eletro-eletrônicos, que operam margens inferiores aos produtos alimentícios". A margem bruta também é menor, quando se incorpora os números do Ponto Frio: 24%, ante 24,6% sem a nova controlada. Ambas são menores, também, que os 25,3% registrados no primeiro trimestre do ano passado.

Fôlego de vendas

A entrada do Ponto Frio para o grupo, porém, ajudou outras rubricas do balanço. Sem a nova rede, a receita líquida ficou em 5,716 bilhões de reais - um incremento de 23% sobre o início de 2009. Já com a Globex, a receita líquida sobe para 7,786 bilhões, ou 36% maior.


O Pão de Açúcar encerrou o trimestre com ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) de 410,4 milhões de reais, ante 312,3 milhões da comparação. Novamente, o Ponto Frio contribuiu. Sem a rede, o ebitda seria de 377,2 milhões. A margem de ebitda, porém, foi pressionada. Com a Globex, o indicador ficou em 5,9%. Sem ela, seria de 6,6%, praticamente o mesmo que o registrado no primeiro trimestre do ano passado: 6,7%.

Resultados esperados

O avanço da receita e a queda das margens já eram esperados pelos analistas. A preocupação dos analistas é em relação às margens operacionais da companhia, que tendem a ser menores quando consideradas as últimas aquisições (Assai e Ponto Frio). "A companhia está investindo bastante na abertura de lojas da bandeira Assaí, rede que gera margem mais fraca por oferecer produtos a preços populares", comenta Cauê Pinheiro, analista de varejo da corretora SLW.

Outra preocupação dos analistas, essa a longo prazo, é a do valor as ações da companhia caírem caso o impasse com as negociações com a gigante de varejo Casas Bahia não seja resolvido. "Já estávamos incluindo a sinergia com desse negócio nas projeções de ganho do grupo", explica Pinheiro. "Isso pode interferir, e muito, no valor de marca da companhia a longo prazo".

Entre os números já divulgados pelo grupo antes da publicação do balanço, estão os referentes ao conceito definido pela empresa como mesmas lojas, que incluem apenas as lojas com no mínimo um ano de operação. Dentro desse critério, as vendas brutas cresceram 15%, um incremento real de 9,6% quando deflacionadas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os produtos alimentícios apresentaram crescimento em vendas brutas de 13,5% no período, com destaque para bebidas e mercearia.


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