Petrobras: para atingir os níveis previstos de geração de caixa até 2017, a empresa terá que aumentar em 13 dólares por barril os preços da gasolina e do diesel vendidos no Brasil, avaliam analistas. (Ari Versiani/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2013 às 18h40.
Rio de Janeiro - O novo plano de negócios da Petrobras para o período de cinco anos aponta para o fim da defasagem entre preços domésticos e internacionais dos combustíveis, avaliaram analistas com base em projeções de geração de caixa e de produção da companhia.
O Credit Suisse, em relatório distribuído nesta segunda-feira a clientes, calculou que, para atingir os níveis previstos de geração de caixa até 2017, a Petrobras terá que aumentar em 13 dólares por barril os preços da gasolina e do diesel vendidos no Brasil.
"Isso significa um aumento de 12 % em relação aos níveis atuais e aproximadamente o total necessário para encerrar a defasagem com as cotações internacionais... o que nos mostra que o Conselho da empresa está comprometido com uma paridade de preços domésticos e internacionais", assinalou o relatório assinado pelos analistas Emerson Leite, Vinicius Canheu e Andre Sobreira.
O plano de investimentos 2013-2017, anunciado na sexta-feira, manteve praticamente o mesmo nível do programa anunciado no ano passado, com aportes de 236,7 bilhões de dólares, dando mais ênfase a projetos de exploração e produção de petróleo.
A expectativa é que em 2017 a companhia esteja apresentando uma geração operacional de caixa em torno de 50 bilhões de dólares por ano, segundo a Petrobras informou no plano, enquanto a meta de produção de óleo no Brasil é de 2,75 milhões de barris diários no mesmo ano, destacaram os analistas.
"Os números realmente indicam que a Petrobras está contando com novos reajustes que levam a uma paridade de preços domésticos e internacional... Resta saber se o governo vai realmente executar", afirmou o diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura, Adriano Pires.
A defasagem no mercado interno dos preços dos combustíveis na comparação com o mercado internacional, que tem causado problemas à estatal, estaria assim com dias contados no longo prazo.
Isso após a venda de derivados no Brasil a preços mais baixos que os de compra no exterior ter colaborado para um prejuízo de 22,93 bilhões de reais em 2012 na área de Abastecimento da Petrobras, um salto de 130 % em relação a 2011.
O problema, no entanto, já vem sendo combatido pela companhia, que realizou dois aumentos nos preços do diesel somente este ano. Ao fazer o mais recente reajuste, no início do mês, a empresa afirmou que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazos.
APROVAÇÃO RÁPIDA Para o Itaú BBA, a rápida aprovação do plano reforça a ideia de que o recente aumento nos preços do diesel fez parte da negociação entre a Petrobras e o governo sobre o nível dos investimentos.
"O aumento adicional no diesel foi autorizado para permitir que a companhia prosseguisse com seus investimentos, segundo acreditamos. Receávamos que o Capex pudesse na realidade aumentar e, portanto, encaramos o número estável como um fator positivo", afirmam os analistas Diego Mendes e Paula Kovarsky, em relatório ao mercado.
A manutenção dos investimentos da Petrobras agradou a outros analistas de mercado, de uma maneira geral. A ações preferenciais da companhia fecharam em alta de 0,7 %, preliminarmente, enquanto as ordinárias tiveram queda de 0,9 %. O Ibovespa subiu 0,12 % na sessão.
"Este plano é consistente com os princípios apresentados pela nova administração da Petrobras no plano anterior", acrescentou o Itaú.
A Petrobras informou ainda no seu plano de negócios que os desinvestimentos no período serão de 9,9 bilhões de dólares, ante 14,8 bilhões previstos no plano anterior.
Uma fonte da empresa disse à Reuters que a estatal desistiu de vender alguns ativos devido ao cenário econômico desfavorável para negócios.