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Philips do Brasil diversifica para compensar desempenho de TVs

Empresa deve iniciar produção local de equipamentos de informática e comunicação para atenuar queda de vendas de TVs de tubo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A Philips do Brasil pretende iniciar, no segundo semestre, a produção local de equipamentos de comunicação e de informática, como telefones sem fio e mouses. Por ora, a empresa já iniciou a importação desses produtos de outras filiais do grupo, sobretudo as asiáticas. O objetivo é atingir um volume de vendas que sustente o início da fabricação na sua unidade de Manaus. O total a ser investido ainda não está fechado, mas não deve ser grande, pois a maior atividade no país será a montagem dos equipamentos, a partir de componentes importados.

Além de representar a entrada em nichos em que não atuava anteriormente, a iniciativa visa também a reduzir a dependência da filial brasileira das vendas de televisores. A forte participação desse produto nos negócios do Brasil ficou clara na divulgação dos resultados mundiais da Philips relativos ao primeiro trimestre deste ano. A receita mundial da Philips recuou nominal 3% sobre igual período do ano passado, para 5,991 bilhões de euros. Ao contabilizar os efeitos do câmbio (um ajuste de 5%) e da consolidação da empresa (correção de 1%), a cifra representa um incremento de 3% sobre 2006. O valor envolve todos os segmentos de negócios da companhia, como iluminação e equipamentos médicos na América Latina, onde o Brasil tem participação preponderante, a queda foi de 20% - de 460 milhões para 367 milhões de euros. No relatório da companhia, o refluxo das vendas de televisores de tubo no Brasil é citado explicitamente como principal responsável pelo desempenho latino-americano.

O primeiro motivo para os resultados menores no início do ano é sazonal. A Copa do Mundo, no ano passado, impulsionou as vendas de televisores no primeiro semestre. Apenas entre janeiro e março, o faturamento total da América Latina foi de 485 milhões de euros - 53% maior que os 316 milhões de igual período de 2005. Por isso, Paulo Ferraz, vice-presidente da Philips para eletrônicos de consumo na América Latina, prefere comparar 2005 e 2007. "Nessa conta, que exclui o efeito da Copa do Mundo, crescemos 16% no primeiro trimestre", diz.

Outra razão é a própria perspectiva de estagnação das vendas de televisores neste ano. Segundo Ferraz, a projeção mais otimista é de empatar com o ano passado, quando foram vendidas 10,8 milhões de unidades, entre televisores de tubo e tela de cristal líquido (LCD). Além de parte da demanda já ter sido atendida no ano passado, quando os consumidores mais abastados usaram a Copa do Mundo como pretexto para comprar uma televisão nova - principalmente, as de alta definição -, a Philips e outras fabricantes do setor sofrem com a concorrência de marcas mais baratas e desconhecidas.

Novos nichos

"Em 2007, vamos apostar em outras categorias de produtos", afirma Ferraz. A primeira iniciativa é continuar investindo em televisores de alta definição - neste ano, serão aplicados 25 milhões de dólares no Brasil. Outra área a ser desenvolvida é a de home communication, que inclui aparelhos de telefonia sem fio com preços que variam de 99 reais - os mais simples - até 249 reais - os mais sofisticados, para transmissão de voz via internet (VoIP).

Os produtos de informática e periféricos também estão na lista da empresa neste ano. Além disso, o grupo acabou de fechar a compra da americana Digital Lifestyle Outfitters, empresa especializada em acessórios para tocadores de música digital, como transmissores FM e cabos. Esse mercado movimenta, por ano, 4 bilhões de dólares. Somente da Digital faturou, no ano passado, 100 milhões de dólares.

A compra ainda deve ser concluída no segundo trimestre do ano. Segundo Ferraz, assim que a operação for realmente incorporada à Philips, a unidade brasileira deverá importar os artigos para vender no país. "É possível que isso ocorra até o Natal", diz.

A companhia não fornece números sobre os produtos. Ferraz afirma que, na América Latina, o negócio é TVs é o principal e possui "um peso desproporcional" diante dos demais segmentos, se considerada a média de outras regiões em que a Philips atua. "O negócio de TV continuará a ser importante, mas vamos buscar novas áreas", diz. O executivo também não revela quanto a Philips pretende faturar com os novos produtos. "A América Latina responde por 7,5% das vendas da Philips. Queremos chegar a 10% até 2010, e a diversificação é importante para isso", afirma.

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