PF prende executivos do UBS, Credit Suisse e AIG
Funcionários das instituições financeiras são suspeitos de lavagem de dinheiro e evasão de divisas
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 18h36.
A Polícia Federal prendeu hoje funcionários de três grandes instituições financeiras da Suíça: UBS, Clariden Leu (braço de private banking do Credit Suisse) e AIG Private Bank (subsidiária do grupo financeiro e de seguros AIG com sede em Zurique). Eles são suspeitos de participar de um esquema de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal que teria levado a um prejuízo de 1 bilhão de reais aos cofres públicos nos últimos 18 meses, segundo o delegado Ricardo Saadi.
Durante a Operação Kaspar 2, cerca de 280 policiais realizaram uma prisão em flagrante e cumpriram 19 mandados de prisão e 45 mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Amazonas. Foram presos os executivos Reto Duzzi (Clariden Leu), Marc Henri Diderens (UBS) e Magda Maria Malvão Portugal (que tem registro no Banco Central como administradora do AIG Private Bank no Brasil). Luc Marc de Penza, outro funcionário do UBS, ainda está foragido. A doleira Claudine Spiero, que supostamente lidera a quadrilha responsável pelo envio dos recursos ao exterior, também foi presa. Na tarde de hoje, mais mandados de supostos doleiros foram emitidos. A Justiça Federal, no entanto, não divulga o nome dos envolvidos.
Os crimes teriam sido cometidos pelas unidades de private banking das instituições financeiras. Tratam-se de áreas dos bancos especializadas em serviços para pessoas de alta renda. Segundo Saadi, para que as transações fossem realizadas aqui no Brasil, as matrizes dos bancos suíços teriam de ser no mínimo "coniventes" com as operações. "Os bancos enviavam seus gerentes da Suíça para o Brasil para realizar o contato diretamente com o cliente", diz Saadi. Dos três executivos presos, dois são estrangeiros.
De acordo com a PF, grandes empresas brasileiras contratavam doleiros para enviar dinheiro ao exterior, em operação denominada dólar-cabo. O dinheiro era depositado em reais na conta do doleiro no Brasil. Ao mesmo tempo, o doleiro utilizava uma de suas contas no exterior para transferir os dólares para as contas na Suíça. Como o dinheiro não saía do Brasil, a PF tinha mais dificuldade para identificar os titulares das contas.
Entre as empresas suspeitas por contratar os serviços de doleiros estão a rede de varejo Le Postiche, a fabricante de chaves Gold e a fabricantes de móveis Ornari. A Le Postiche, por meio de sua assessoria, informou que está averiguando os fatos para posterior pronunciamento. Na Ornari e na Gold nenhuma fonte foi encontrada para comentar o assunto. Ao todo, cerca de dez empresas estão sendo investigadas pela PF. Os dólares depositados na Suíça eram utilizados para comprar mercadorias subfaturadas ou ficava no exterior.
Em abril, a PF já havia prendido 22 pessoas na Operação Kaspar, que desmantelou suposto esquema de envio de dólares ao exterior por funcionários do Credit Suisse.