Petrópolis passa a Femsa
Cervejaria do polêmico empresário Walter Faria superou a empresa mexicana e registrou a terceira maior participação de mercado em abril
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2011 às 18h47.
A Petrópolis, dona das marcas Itaipava e Crystal, superou a mexicana Femsa e assumiu o terceiro lugar em participação de mercado em abril, de acordo com dados do Instituto Nielsen. Maior fenômeno do setor de bebidas do país nos últimos anos, a Petrópolis tinha 6% do mercado de cervejas um ano atrás. Hoje é dona de 8,1%.
O sucesso da empresa é acompanhado por polêmicas. Seu dono, o polêmico empresário Walter Faria, foi preso durante a Operação Cevada junto com executivos e controladores da Schincariol. Faria é suspeito de sonegação fiscal e, no último ano, 35 caminhões de sua empresa foram apreendidos por transportar cargas de cerveja sem as respectivas notas fiscais. Ainda assim, os produtos das Petrópolis são admirados e a Itaipava, sua principal marca, é tida por especialistas como uma das melhores cervejas pilsen do país.
O bom desempenho da Petrópolis é um duro golpe para a mexicana Femsa. Desde sua chegada ao país, em janeiro do ano passado, a empresa tenta conter a perda de mercado, sem grande sucesso. A companhia, liderada no Brasil pelo argentino Miguel Peirano, tinha 9% de participação de mercado no início de 2006, segundo dados da Nielsen. Em abril ficou com 8% e perdeu a posição para a Petrópolis. Nesse período, investiu 200 milhões de reais no lançamento da Sol (dado não confirmado pela empresa), mas o resultado foi medíocre. Desde outubro, quando chegou ao mercado, a cerveja só fez perder participação e jamais atingiu 1% de share.
Hoje tem 0,7%. A Kaiser, principal marca da companhia, foi reposicionada e passou a competir com cervejas mais baratas, como Nova Schin e Antarctica. A estratégia, adotada em meados de 2006, foi a responsável para que a Femsa mantivesse a terceira posição no ranking das cervejarias desde então. Àquela época a Petrópolis já era uma grande ameaça. Procurada, a Femsa não comentou a queda no ranking. Executivos ligados à empresa disseram que o clima na empresa, que já não andava muito bom, tende a piorar com a novidade.
A Petrópolis tem incomodado também a toda poderosa Ambev, dona de mais de um terço do mercado. Seu crescimento tem tirado pontos da líder do setor. Só no começo do ano foram 2,5 pontos percentuais, em um mercado em que cada ponto representa cerca de 100 milhões de reais de vendas anuais. Em março a Ambev teve seu pior resultado nos últimos três anos e, pela primeira vez desde o lançamento da Nova Schin, sua participação de mercado ficou abaixo de 67%, atingindo 66,8%.
A empresa não demorou para reagir e, em abril, comprou a Cintra, pequena cervejaria portuguesa que tem cerca de 1% do mercado brasileiro. A Cintra era disputada por todas as principais empresas do setor e no começo do ano havia praticamente fechado negócio com a Petrópolis. Um compromisso de venda - hoje objeto de disputa judicial - havia sido assinado com a empresa de Walter Faria. A compra da Cintra seria o caminho mais curto para a Petrópolis aumentar sua capacidade de produção, hoje totalmente utilizada. O mercado viu a ação da Ambev, que em abril recuperou 0,4 ponto percentual de mercado e chegou a 67,2%, como uma forma de barrar o crescimento da novata. "Se a Petrópolis tiver capacidade para produzir mais, vai disputar a vice-liderança com a Schincariol", diz um analista do setor. A Schincariol, que recentemente contratou o executivo Fernando Terni para profissionalizar sua administração, perdeu 0,2 ponto percentual em abril e fechou o mês com participação de 12,3%. A troca de posições entre Petrópolis e Femsa deve esquentar ainda mais a competição entre as cervejarias. E novidades devem acontecer no curto prazo.