Plataforma no campo de Peregrino, na Bacia de Campos, Rio de Janeiro (Equinor/Divulgação)
Juliana Estigarribia
Publicado em 30 de agosto de 2019 às 06h00.
Última atualização em 30 de agosto de 2019 às 06h00.
De olho na expansão do pré-sal e nas oportunidades em campos maduros, a norueguesa Equinor (ex-Statoil) planeja investir 15 bilhões de dólares no Brasil até 2030. A petroleira é a segunda maior operadora do país, atrás apenas da Petrobras, com produção média de 100 mil barris por dia (bpd).
“O Brasil está concentrando muitos esforços no pré-sal, mas também acreditamos que há um valor significativo no pós-sal”, afirma Margareth Øvrum, presidente da Equinor Brasil, em entrevista a EXAME.
A companhia está presente em mais de 30 países e, no Brasil, opera desde 2001. Tem 20 licenças localizadas nas Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo, com três ativos-chave: Peregrino (águas profundas), Carcará e BM-C-33 - ambos em águas ultraprofundas, conhecidas como camada pré-sal.
Margareth conta que a petroleira pretende aumentar a sua atuação em poços já explorados, área de negócios com grande potencial no Brasil. Segundo ela, a taxa de recuperação dos poços no país ainda é muito baixa, de 20% a 25%. Em outros mercados, esse nível é geralmente o dobro.
Ela cita como exemplo o caso do campo offshore (no mar) de Roncador, em que a Equinor tem participação acionária de 25%. O ativo está entre os três principais produtores da Petrobras. “Em 2018, a Equinor estimava aumentar o fator de recuperação do campo em mais 5%, o que equivale a 500 milhões de barris de óleo. Após sete meses, aumentamos essa ambição para 10%, e agora o fator de recuperação está próximo de 40%."
Para a empresa, Noruega, Estados Unidos e Brasil são as áreas prioritárias. Desde 2009, a Equinor investiu cerca de 130 milhões de reais em pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Em 2018, os investimentos obrigatórios em P&D giraram em torno de 54 milhões de reais e, em meados da próxima década, podem duplicar com a produção de novos campos.
De acordo com Margareth, parte dos investimentos previstos será destinada ao desenvolvimento de projetos, com destaque para a fase 2 do campo de Peregrino. A terceira plataforma será instalada em breve e sua operação está prevista para o final do próximo ano, adicionando mais de 250 milhões de barris de óleo.
Já Carcará, na Bacia de Santos, é o primeiro projeto greenfield (que partiu do zero) na área do pré-sal a ser desenvolvido por uma operadora internacional no Brasil. O início da operação está previsto para 2023 ou 2024, e é uma das grandes promessas da Equinor.
As profundas transformações do mercado de energia no mundo, com investimentos cada vez maiores no desenvolvimento de projetos de renováveis, levaram a companhia norueguesa a adotar um novo nome no ano passado. Fundada em meados da década de 70, antes a Equinor se chamava Statoil (estatal de petróleo). "Éramos uma companhia de petróleo e gás, agora somos uma empresa de energia", diz Margareth.
A própria nomeação de Margareth como CEO no Brasil, uma das operações-chave da companhia no mundo, é um sinal dos novos tempos, uma vez que o setor petrolífero ainda é dominado por homens. "Uma parcela importante do nosso quadro de funcionários no país já é composta por mulheres."
Neste cenário de transformações, a companhia aposta em energias renováveis para crescer, como geração eólica e solar. No ano passado, a Equinor começou a produzir energia elétrica a partir da sua primeira usina solar no mundo, no Ceará. Operada em conjunto com a Scatec Solar, o complexo de Apodi tem 162 megawatts de capacidade, podendo fornecer eletricidade para aproximadamente 200 mil residências.