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Petrobras tem dificuldade em perfurar sua maior reserva

A Petrobras teve que fazer um desvio para perfuração em sua maior reserva de petróleo, o que mostra as dificuldades técnicas da estatal

Plataforma da Petrobras: obstáculo mostra que os desafios que esperam o novo CEO Aldemir Bendine vão além das finanças e da corrupção (Divulgação/Petrobras)
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Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2015 às 20h33.

Rio de Janeiro - A Petrobras redirecionou um poço em sua maior reserva de petróleo ao encontrar uma zona de pressão, o que evidencia as dificuldades técnicas que deverão ser enfrentadas pela nova equipe administrativa da empresa.

Durante a perfuração do poço 3-RJS-735 houve uma prisão de parte da coluna e o consórcio de Libra decidiu fazer um desvio no poço para concluir a fase de perfuração até a profundidade final prevista, disse a empresa estatal com sede no Rio de Janeiro , em reposta enviada por e-mail a perguntas na terça-feira.

Um empecilho obrigou a companhia a suspender a perfuração durante mais de uma semana, disseram anteriormente duas pessoas com conhecimento do assunto, que solicitaram anonimato porque a questão é interna. Espera-se que a produção comercial no campo de Libra comece em 2020.

Embora a Petrobras tenha aumentando a produção para um recorde em dezembro na chamada região do pré-sal, que guarda os maiores depósitos do Brasil, ela já tinha interrompido a perfuração antes. Em 2010, a empresa abandonou o primeiro poço começado em Libra, mencionando questões mecânicas.

Em 2011, a produção foi interrompida brevemente no campo Sapinhoá, na mesma região, por causa do rompimento de um duto.

Esse obstáculo mostra que os desafios que esperam o CEO Aldemir Bendine, que está escolhendo a nova equipe administrativa, vão além das finanças e da corrupção.

A companhia está implementando a maior frota do setor de navios de produção em águas profundas para tentar aumentar os resultados e pagar aos poucos suas dívidas. Tudo isso em um momento em que o petróleo está sendo comercializado pelos valores mais baixos em seis anos, depois de terem sofrido uma queda de quase 50 por cento.

A companhia terá mais autonomia sob a nova gestão e possui a melhor equipe técnica do mundo, disse Bendine em uma entrevista transmitida pela Rede Globo.

Dificuldades

Bendine assumiu o cargo no dia 6 de fevereiro, depois que a CEO anterior, Maria das Graças Foster, e cinco gerentes executivos pediram demissão em meio a dificuldades para informar as baixas contábeis relacionadas aos subornos.

A Petrobras adquiriu uma participação de 40 por cento em uma concessão de 35 anos de Libra, a maior descoberta da história do Brasil, em um leilão do governo ocorrido em outubro de 2013.

Foi o primeiro leilão dos campos submarinos, conhecidos como pré-sal, usando um modelo de compartilhamento da produção. A Petrobras perfurou o primeiro poço em 2010 em nome da Agência Nacional do Petróleo como parte de um projeto para coletar dados sobre a região antes de oferecer as áreas.

A Total SA e a Royal Dutch Shell Plc possuem uma participação de 20 por cento cada na concessão, ao passo que a China National Petroleum Corp. e a Cnooc Ltd., com sede em Pequim, têm 10 por cento cada.

O Brasil calcula que Libra tenha um volume de até 12 bilhões de barris de petróleo bruto recuperável, cinquenta por cento a mais do que as reservas comprovadas do Equador, país-membro da OPEP.

A Schahin Petróleo e Gás SA, proprietária do navio-sonda Cerrado, que a Petrobras contratou no ano passado para perfurar dois poços em Libra, disse por e-mail que não pode fazer comentários sobre o projeto devido às cláusulas de confidencialidade.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Campo de LibraCapitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEnergiaEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoPetrobrasPetróleoPré-sal

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