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Petrobras é a empresa mais controversa de 2014

Em ranking das empresas com mais controvérsias em 2014, feito no Brasil pela sitawi, a estatal aparece no topo

Petrobras: estudo avalia os riscos desses negócios com base em fatos que geraram penalidades administrativas e judiciais e escândalos (Paulo Whitaker/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2015 às 20h09.

Brasília - A Petrobras lidera o ranking das empresas com mais controvérsias em 2014 feito no Brasil pela sitawi, organização que orienta investidores e financiadores sobre o impacto socioambiental dos investimentos .

O estudo avalia os riscos desses negócios com base em fatos que geraram penalidades administrativas e judiciais às empresas e escândalos que mancharam o nome das companhias.

O resultado foi influenciado pelos desdobramentos da Operação Lava Jato , da Polícia Federal, que investiga esquema de corrupção envolvendo empreiteiras e políticos na estatal. Na análise de 2013, a Petrobras já se deparava com problemas em questões ambientes e na relação com trabalhadores.

No ano passado, porém, a maioria das 46 controvérsias registradas estava relacionada à estrutura de governança em decorrência dos desdobramentos da Lava Jato, que apura esquema de corrupção na estatal envolvendo empreiteiras e partidos políticos.

O estudo Controvérsias ASG 2014 avaliou problemas ambientais, sociais e de governança das 77 principais empresas listadas na bolsa de valores de São Paulo.

Além de meio ambiente e governança, o tema social foi subdividido em relações com clientes, comunidades e trabalhadores. O banco de dados foi alimentado a partir de notícias veiculadas nos veículos de comunicação e em portais especializados em economia e em questões socioambientais, além de comunicados de órgãos públicos.

A Petrobras respondeu por 17,2% no total das controvérsias verificadas em 2014, ampliando sua participação em relação a 2013 (12,8%).

Em 2013, a Oi amargou o primeiro lugar - no novo estudo, apareceu em quinto. A empresa de telecomunicações reduziu fortemente seu número de controvérsias, sobretudo as que se originavam da relação com os clientes, segundo a pesquisa. A Oi, que respondeu por 16% dos casos registrados em 2013, passou para pouco menos de 5% em 2014.

A JBS ficou no segundo lugar em decorrência, principalmente, das controvérsias com seus trabalhadores (60%), em questões relacionadas à saúde e à segurança. A maior empresa de proteína animal do mundo foi penalizada pela Justiça do Trabalho por desrespeito aos empregados em diversas partes do País. Segundo a pesquisa, em 2014, os casos tiveram um grau maior de severidade e de incidência. Além das questões trabalhistas, a JBS se tornou a segunda empresa do ranking de controvérsias relacionadas à governança por casos de sonegação de impostos, doação para campanhas eleitorais e favorecimento pela esfera pública.

A fragilidade socioambiental nas obras das usinas de Belo Monte e Santo Antônio levaram a Eletrobras ao terceiro lugar do ranking. Na comparação com o ano anterior, a Eletrobras incorreu nos mesmos problemas, como queda no fornecimento de energia e controvérsias em comunidades do entorno de grandes empreendimentos hidrelétricos.

A ALL Logística piorou dez posições em relação a 2013 e ficou em quinto. A empresa aumentou substancialmente seu numero de controvérsias (de 3 para 13) principalmente em função de transgressões à normas de saúde e segurança dos trabalhadores.

Por setores, os que apresentaram maior número de controvérsias foram energia, telecomunicações, consumo não cíclico, serviços públicos e materiais básicos.

"O resultado mostra que se faz necessária uma reestruturação nos pilares de governança corporativa de muitas empresas, impedindo problemas como os apontados na Lava Jato, diz Gustavo Pimentel, diretor da sitawi. Segundo ele, grandes investidores, como gestoras e fundos de pensão, estão cada vez mais atentos para evitar que essas controvérsias acabem prejudicando o retorno dos investimentos.

Outro lado

A Petrobras afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que não comentaria os resultados da pesquisa. A Oi também preferiu não se manifestar.

A JBS afirmou que a maior parte das ações ainda está em curso e que muitas foram "herdadas" de unidades adquiridas pela empresa. "A companhia tem por política adotar medidas preventivas e de adequação nas unidades recentemente compradas. Essas práticas, contudo, possuem um tempo de maturação", afirmou, por meio de nota.

Segundo a JBS, foram celebrados acordos com o Ministério Público do Trabalho que demonstram claro interesse em resolver os "eventuais problemas" existentes nas unidades. "Não temos receio em dizer que, após serem adquiridas pela JBS, as unidades passam a operar de forma muito mais segura, garantindo um ambiente saudável a nossos colaboradores", completou a empresa que tem 200 mil funcionários em diversos países.

A Eletrobras informou que suas atividades estão em conformidade com a legislação e regulamentação em vigor no País. Segundo a empresa, para a instalação dos projetos são feitos estudos de impacto ambiental definidos pelos órgãos responsáveis e "inúmeros programas" para mitigar os impactos sociais e, em muitos casos, melhorar a condição de vida da população.

A ALL afirmou que a gestão da empresa sempre foi pautada "pelo cumprimento da legislação, respeito ao meio ambiente e pelo bem-estar e segurança de seus funcionários". A empresa disse ter "políticas internas rígidas" para coibir qualquer prática irregular que não esteja alinhada com os valores da companhia.

São Paulo – De suspeitas de corrupção a multas bilionárias, a Petrobras tem sido protagonista de algumas das principais - más - notícias do Brasil nos últimos tempos. Alvo de uma das maiores investigações de corrupção corporativa do país, a petroleira hoje sofre uma crise de credibilidade que a faz perder valor de mercado a cada novo fato divulgado. E tem sido um exemplo de que realmente tudo pode dar errado ao mesmo tempo agora. Listamos oito fatos recentes sobre a Petrobras que comprovam que o ruim pode sempre piorar.Veja nas fotos.
  • 2. Operação Lava Jato

    2 /9(Arquivo/Agência Brasil)

  • Veja também

    Deflagrada em março de 2014, a Operação Lava Jato investiga um esquema de corrupção dentro da Petrobras em que um possível esquema de lavagem de dinheiro e contratos irregulares por meio de licitações beneficiaria partidos políticos. Desde então, pessoas, grandes transações e contratos fechados com irregularidade são alvo de investigação da Polícia Federal. A operação em curso ainda tem muito que apurar – e a lista de possíveis envolvidos no escândalo só aumenta. Inclui grandes empreiteiras, fornecedores e políticos.
  • 3. Fornecedores na mira

    3 /9(Germano Lüders/Exame)

  • Até agora, 23 empreiteiras foram indiciadas por envolvimento na operação. Em uma segunda etapa, mais recente, outras 82 empresas de setores diversos foram indiciadas. Além de executivos presos, algumas das companhias citadas passam por dificuldades de acesso a crédito, falta de pagamentos de aditivos de contratos com a Petrobras e contam com muitas obras paradas e prejuízo. Algumas dessas empresas já decretaram falência. Outras, como a Camargo Correa, fizeram demissão em massa. O estrago até o fim da operação pode ser ainda maior. A estimativa é que a Petrobras tenha hoje cerca de 6.000 fornecedoras no país.
  • 4. Balanço incompleto

    4 /9(REUTERS/Paulo Whitaker)

    O atraso na divulgação de resultados da companhia, previsto inicialmente para outubro do ano passado, acabou criando uma expectativa negativa no mercado sobre o que estaria por vir. Mas o estrago foi ainda maior que o previsto quando a empresa fez a efetiva publicação do balanço, no final de janeiro. No relatório, a estatal divulgou uma diferença de quase R$ 62 bilhões entre o valor real dos ativos e o contabilizado no balanço anterior, do segundo trimestre. A diferença não foi identificada como perdas com corrupção e a auditoria de todos os ativos não foi feita de maneira independente. A revelação do número assustou e gerou ainda mais incertezas nos investidores. Acabou criando uma situação insustentável para a Petrobras, que viu suas ações desabarem.
  • 5. Mudança de comando

    5 /9(Ueslei Marcelino/Reuters)

    Dias depois da divulgação dos resultados, Graça Foster e outros cinco diretores da companhia renunciaram ao comando da Petrobras. Por dois dias, ficou no ar a dúvida sobre quem assumiria a responsabilidade de liderar a maior empresa do país em meio a um turbilhão de incertezas e denúncias. A expectativa era a de que o governo escolhesse alguém do mercado, que tivesse independência para decidir os rumos da empresa de agora em diante. Dilma Rousseff anunciou o nome de Aldemir Bendine para o cargo. Tido como um perito em crises e aliado do governo, Bendine deixou o comando do Banco do Brasil para assumir como presidente da Petrobras. A notícia azedou ainda mais o humor dos investidores.
  • 6. Acidente fatal

    6 /9(REUTERS/Gabriel Lordello)

    Uma semana depois da troca de comando, um novo desastre atingiu a empresa – esse vindo dos mares e com consequências fatais. A explosão a bordo do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, causou a morte de cinco pessoas e deixou outras dez feridas – duas delas em estado grave. A norueguesa BW Offshore era a proprietária da embarcação e trabalhava para a petroleira brasileira. Ainda não se sabe o que causou a explosão.A única certeza é a de que o acidente foi o terceiro maior desse tipo na história da empresa e que ela terá de arcar com uma multa,caso fique comprovado erro de operação.
  • 7. Revolta dos acionistas

    7 /9(Scott Eells/Bloomberg)

    Além dos problemas internos, a Petrobras e seus acionistas no Brasil podem enfrentar uma possível revolta dos investidores estrangeiros. A estatal tem ações na Bolsa de Nova York e, se as denúncias de corrupção forem comprovadas, uma multa bem pesada pode chegar. Nos Estados Unidos, uma ação simultânea da Securities and Exchange Comission (SEC), do Departamento de Justiça (DoJ) e dos tribunais americanos já fez com que técnicos fossem enviados ao Brasil para analisar o caso da Petrobras. A punição para a Petrobras, caso se comprove fraudes contra os acionistas, pode superar os valores de casos emblemáticos, como o da elétrica Enron, fechado em US$ 7,2 bilhões em 2006.
  • 8. Dívidas em dólar

    8 /9(Scott Eells/Bloomberg)

    O momento ruim da Petrobras ainda conseguiu piorar com ajuda da alta do dólar. A valorização da cotação, a mais alta desde 2004, fez com que a dívida da companhia explodisse ao patamar da maior de toda a sua história. Calcula-se que 70% do endividamento da Petrobras estejam atrelados à moeda estrangeira, por isso um baque tão grande. Além do aumento do endividamento, fica mais caro para a Petrobras importar insumos, o que, por consequência, reduz seu caixa.
  • 9. Agora, veja 14 fatos incríveis sobre a Apple

    9 /9(Divulgação)

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