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Petrobras culpa delator por alta de custos de refinaria

A estatal responsabilizou Paulo Roberto Costa por alterar "estratégias de contratação" que geraram "grande número de aditamentos contratuais" na Abreu e Lima


	Obras na Refinaria Abreu e Lima: a estatal apontou Costa como autor da proposta de antecipação de compras e de mudanças no projeto
 (Divulgação/PAC)

Obras na Refinaria Abreu e Lima: a estatal apontou Costa como autor da proposta de antecipação de compras e de mudanças no projeto (Divulgação/PAC)

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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2015 às 09h02.

Rio - A Petrobras responsabilizou o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa por alterar "estratégias de contratação" que geraram "grande número de aditamentos contratuais" na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco.

O ex-diretor da estatal, preso em março passado na Operação Lava Jato, delatou um esquema de corrupção e desvios de recursos da companhia.

Em comunicado, a estatal apontou Costa como autor da proposta de antecipação de compras e de mudanças no projeto que acarretariam a escalada do orçamento da refinaria de US$ 2,4 bilhões, em 2005, para os atuais US$ 18,8 bilhões.

No domingo, 18, reportagem do jornal Folha de S. Paulo indicou que auditoria interna identificou que já em 2012 a diretoria e o conselho de administração da Petrobras estimavam prejuízos de US$ 3,2 bilhões com a implantação da Rnest.

Segundo o jornal, os conselheiros sugeriram à estatal registrar uma baixa contábil por conta dos prejuízos estimados - o que foi descartado pela área financeira.

A Petrobras divulgou comunicado em que não nega o conhecimento, já em 2012, de estimativas de prejuízos com a refinaria. Segundo a estatal, o orçamento inicial de US$ 2,4 bilhões se referia a "uma estimativa de custo preliminar" realizada em 2005.

Dois anos depois, em março, a diretoria aprovou um plano para acelerar contratações e aquisições.

"A Diretoria Executiva aprovou o Plano de Antecipação da Refinaria (PAR) proposto pelo então diretor de Abastecimento, sr. Paulo Roberto Costa. Com o PAR houve a antecipação de diversas atividades e alterações nos projetos e na estratégia de contratação, o que levou a grande número de aditamentos contratuais", informa o comunicado.

Até então, a estatal indicava que os aditivos ocorreram em função de mudanças no projeto e das condições do avanço das obras. A antecipação das compras e licitações também era mencionada como fator de influência sobre os custos, sem que a Petrobras tivesse apontado diretamente responsáveis pela iniciativa.

Levantamento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre a estatal indica que a construção da refinaria teve mais de 140 aditivos contratuais. A maior parte ocorreu após 2008, representando um acréscimo de US$ 3 bilhões aos custos do empreendimento.

Investigação

O caso é investigado pela Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) do Paraná e Tribunal de Contas da União (TCU). O projeto também foi alvo de inquérito do MPF de Pernambuco, que identificou indícios de favorecimento nas licitações e superfaturamento de R$ 1,2 bilhão em ao menos um aditivo, de valor total de R$ 2,3 bilhões.

Sobre as estimativas de prejuízo com a refinaria, a estatal informou que a Rnest foi aprovada com base em "relatório de viabilidade técnico-econômica" que atestou o "valor presente líquido positivo" em 2009.

A Petrobras reforçou que realiza anualmente avaliação de seus ativos e a "perspectiva de retorno do capital investido".

Entretanto, a metodologia utilizada nos testes considera todos os ativos em operação integrada em uma única Unidade Geradora de Caixa (UGC) - o que inclui unidades lucrativas, como terminais, oleodutos e outras refinarias. Ou seja, não há análise exclusiva sobre a Rnest.

"O teste da Área de Abastecimento avalia as operações do conjunto de refinarias, oleodutos e terminais da Petrobras, que operam de forma integrada, incluindo investimentos em curso, como a Rnest. Até o exercício de 2013, resultados desses testes não indicaram a necessidade de reconhecimento de perdas de investimentos realizados na Rnest", informa a nota.

O comunicado divulgado pela estatal não negou a informação que a diretoria e o conselho executivo sabiam de estimativas de prejuízo de US$ 3,2 bilhões com a refinaria já em 2012. Pela legislação, a estatal é obrigada a comunicar a investidores qualquer baixa contábil identificada pela diretoria.

A estatal informou ainda que a aprovação da continuidade de obras da Rnest em 2012, após a estimativa de prejuízos, foi precedida de medidas como "incorporação de ajustes nas projeções financeiras, e aprimoramento do controle da execução dos projetos".

À espera da conclusão das investigações e da confirmação do impacto financeiro da corrupção em seus ativos - como refinarias, embarcações e plataformas -, a Petrobras adiou duas vezes a divulgação do resultado do terceiro trimestre de 2014.

Agora, a previsão é que seja apresentado aos conselheiros no próximo dia 27. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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