Petrobras avalia entrar na ETH-Brenco
Estatal estuda crescer na área de etanol por meio de uma parceria com o grupo Odebrecht também na área de bioenergia
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Debilitada financeiramente, a Brenco foi engolida pela ETH numa fusão em que a Odebrecht será sócia majoritária com 65% das ações. Nesse caso, o aporte de capital da Petrobras no negócio seria oportuno para a Odebrecht reduzir o valor da dívida da companhia recém-nascida e, assim, tentar cumprir a sua meta de se tornar a maior produtora de etanol do mundo até 2012. (Continua)
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Sabendo que o segmento de energia renovável tem passado por um processo intenso de internacionalização, a Petrobras quer garantir a sua parcela de participação no mercado doméstico para frear a expansão de investimentos estrangeiros no etanol brasileiro. Desde o ano passado, a americana Bunge incorporou o Grupo Moema, a francesa Louis Dreyfus adquiriu a Santelisa Vale e a anglo-holandesa Shell propôs a criação de uma joint venture com a Cosan.
"Todo mundo sabe que a Petrobras ficou mordida com a entrada da Shell no ramo de biocombustível", afirma Reichstul. "A estatal não assistirá a consolidação desse setor passivelmente", completa. Para a Petrobras, estar bem posicionada nesse setor é uma forma de conter o avanço estrangeiro no mercado local e também de se preparar para o possível crescimento do mercado global de etanol. Por isso, a ETH-Brenco acabou se tornando uma peça estratégica.
O surgimento de uma nova companhia produtora de bioenergia veio num momento importante para a estatal, que pretende ampliar a sua carteira de operações em etanol. Desde o ano passado, já está aprovado um orçamento de quase 5 bilhões de reais de investimentos no ramo de produção de energia renovável. O objetivo declarado da Petrobras é dominar 30% da produção nacional de biocombustível, para evitar problemas como os que têm ocorrido com o desabastecimento devido à quebra da safra de cana-de-açúcar provocada pelo excesso de chuva.
A Petrobras Biocombustível, subsidiária da estatal, nega o processo de negociação com o grupo Odebrecht. Mas a primeira investida da petrolífera no segmento - a compra de 40,4% das ações da usina mineira Total Agroindústria Canavieira no fim do ano passado - mostra o interesse da companhia em estender a sua participação na produção de etanol. Segundo fontes ligadas ao governo, há mais cinco projetos de fusão no setor sucroalcooleiro sendo avaliados pela estatal. (Continua)
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Mas o fator determinante da participação da estatal na ETH-Brenco é o vínculo antigo estabelecido com a Odebrecht. É provável que seja replicado o mesmo modelo de negócio utilizado na aquisição da petrolífera Quattor no começo deste ano. Nessa transação, a Petrobrás ficou com 49% das ações da Quattor, enquanto a Braskem, do grupo Odebrecht, abocanhou 51% da fatia total do bolo.
Dessa mesma forma, a estatal brasileira pretende articular a sua participação ativa na ETH-Brenco, mas sem se tornar sócia majoritária. Se seguir a mesma lógica da Braskem-Quattor, em que durante meses ouviram-se especulações de "agora essa operação sai", o mercado deverá se preparar para um longo filme de romance, em que o casamento entre ETH e Petrobras, segundo a metáfora de Grubisich, ficará para as cenas finais.