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Petrobras ainda corre risco de ficar inadimplente, diz fundo

Apesar da divulgação do resultado do terceiro trimestre, a estatal ainda corre o risco de ser declarada inadimplente em bilhões de dólares em dívida, diz fundo

Petrobras: "apesar das garantias recentes, a Petrobras permanece inadimplente pela lei dos bônus em NY", diz fundo (Sergio Moraes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2015 às 20h23.

Rio de Janeiro - A Petrobras ainda corre o risco de ser declarada inadimplente em bilhões de dólares em dívida , mesmo tendo divulgado os resultados atrasados do terceiro trimestre dentro de um prazo autoimposto, disse à Reuters um hedge fund com sede em Nova York.

A divulgação dos resultados sem as baixas contábeis relacionadas às denúncias de corrupção da Operação Lava Jato da Polícia Federal pode até elevar o número de obrigações em contratos de dívida (covenants) e promessas a investidores que foram quebradas pela estatal, disse um executivo sênior do fundo Aurelius Capital Management.

Em particular, o comentário da Petrobras na nota explicativa dizendo que os seus resultados do terceiro trimestre não auditados não atenderam plenamente às normas internacionais de contabilidade do International Accounting Standards Board (IASB) demonstra o descumprimento, disse o presidente do conselho do Aurelius Capital Management, Mark Brodsky.

A Petrobras ressaltou na nota que as demonstrações estão de acordo com o IAS 34, "exceto pelos erros" nos valores de determinados ativos, cujos valores podem ter sido sobrevalorizados pela corrupção.

"Apesar das garantias recentes, a Petrobras permanece inadimplente pela lei dos bônus em Nova York", disse Brodsky em comunicado enviado à Reuters. "Esses títulos exigem que a Petrobras divulgue suas demonstrações financeiras de acordo com as regras do IASB, mas a nota explicativa das novas demonstrações financeiras admite que não foram cumpridas."

A Petrobras não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações do Aurelius.

O Aurelius, um fundo de investimento com foco em "dívidas de risco", pediu em dezembro que investidores declarassem a Petrobras em default como "medida de precaução", segundo uma carta de 29 de dezembro.

Se investidores detentores de 25 por cento dos títulos da Petrobras que têm essa regra concordarem com o Aurelius, isso pode levar a uma declaração de default, elevando o risco de a estatal ter de pagar antecipadamente 54 bilhões de dólares em bônus regidos pela legislação de Nova York. Se um título for declarado em default, outros podem seguir.

O custo de proteção contra calote de um título de 10 anos da Petrobras em dólar, por meio de credit default swaps, subiu 18 pontos básicos nesta quarta-feira para 459,3 pontos.

Aurelius é um dos principais membros do grupo de investidores que não aceitou a reestruturação da dívida da Argentina e levou o país latino-americano à Justiça.

Atrasos nas baixas contábeis no terceiro trimestre também podem tornar difícil determinar se a Petrobras, a petroleira mais endividada do mundo, cumpriu as obrigações estabelecidas nos bônus lançados em 2011 de manter os seus níveis de dívida abaixo dos limites em seu plano estratégico, disse a analista da Concórdia Corretora Karina Freitas, em São Paulo.

Os resultados do terceiro trimestre deveriam ter sido divulgados em novembro, mas foram adiados após a PricewaterhouseCoopers se recusar aprovar as contas da Petrobras em meio a crescentes denúncias de fixação de preços em contratos e subornos.

De acordo com uma fonte com conhecimento do assunto, o fundo Aurelius ainda está buscando outros investidores para declarar um default.

A Petrobras também pode continuar desrespeitando a obrigação que assumiu de fornecer os resultados não auditados do terceiro trimestre no prazo de 90 dias contando a partir do fim do trimestre, um prazo que acabou em 29 de dezembro, de acordo com uma fonte da indústria com conhecimento dos planos dos credores.

A Petrobras disse em dezembro que recebeu permissão para divulgar os resultados atrasados de um credor de um empréstimo bilateral, mas se recusou a detalhar qualquer dispensa do prazo de 90 dias.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

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