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Para Lemann, o homem mais rico do país, ser grande é um peso

“Esse negócio de ser o maior tem um certo desconforto. O maior não está muito popular no mundo. Se você é muito grande, ninguém gosta muito mais”, diz Lemann


	Jorge Paulo Lemann: “então tem que modificar o sonho de ser o maior e o melhor. Tem que ser o melhor. Talvez o maior um pouco menos"
 (Sergio Lima/FolhaPress/Veja)

Jorge Paulo Lemann: “então tem que modificar o sonho de ser o maior e o melhor. Tem que ser o melhor. Talvez o maior um pouco menos" (Sergio Lima/FolhaPress/Veja)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2016 às 21h31.

A popularidade de Bernie Sanders nos EUA é um sinal de que passou a ser um “certo desconforto” ser líder de mercado e que reduzir a escala pode ter seus benefícios, disse o homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, em uma rara aparição pública, na segunda-feira.

Lemann é o cofundador da 3G Capital, empresa de private equity com sede em Nova York conhecida por meganegócios seguidos de cortes de custos implacáveis.

Ele é acionista da Anheuser-Busch InBev, empresa que negocia com a SABMiller a criação da maior empresa cervejeira do mundo, com cerca de metade dos lucros globais. Além disso, ele se uniu a Warren Buffett para criar a Kraft Heinz Foods, a quinta maior empresa de alimentos e bebidas do mundo.

“Esse negócio de ser o maior tem um certo desconforto. O maior não está muito popular no mundo. Se você é muito grande assim, ninguém gosta muito mais, até nos EUA”, disse ele em São Paulo, no 25º aniversário da Fundação Estudar, instituição que patrocina bolsas de estudos para estudantes brasileiros que ele ajudou a fundar.

“Quando vejo um candidato como Bernie Sanders tendo a popularidade que ele tem e a ressonância que ele tem -- ele é contra tudo o que é grande. Contra tudo o que é bom, poxa”.

O homem mais rico da América do Sul, cuja carreira nos negócios é detalhada em um livro que ele autorizou chamado “Sonho Grande”, lamentou ter tentado “escapar da política toda a minha vida”.

Ele incentivou a plateia a buscar cargos públicos e a se envolver com a política para que o Brasil possa algum dia ter um presidente “honesto”.

“Então tem que modificar o sonho de ser o maior e o melhor. Tem que ser o melhor. Talvez o maior um pouco menos. Espalhar o sonho um pouco mais e envolver mais gente”, afirmou.

Lemann fez um chamado por um Brasil mais igualitário -- numa aparente mudança em relação à sua declaração publicada na Folha de S.Paulo, no ano passado, de que a igualdade “não funciona”.

Em comunicado enviado por e-mail na terça-feira, Lemann esclareceu acreditar que “uma sociedade igualitária significa oportunidades iguais”. Na igualdade total você é considerado igual independente dos seus esforços e de suas realizações, ele disse segundo o comunicado enviado pela sua assessoria.

Lemann disse que almoçou recentemente na Califórnia com Elon Musk, o bilionário fundador da Tesla, e mencionou também um encontro recente com Eike Batista.

Batista foi substituído por Lemann como o homem mais rico do Brasil quando seu império de commodities e logística entrou em colapso -- o magnata mereceu temporariamente a singular distinção de “bilionário negativo” quando a Bloomberg avaliou, no ano passado, que ele devia mais de US$ 1 bilhão.

“O Eike é um baita sonhador, um baita empreendedor”, disse Lemann.

“Ele está aí de novo, já pensando em 10.000 projetos. Diz que vai ganhar bilhões, não sei o quê. Um espetáculo em termos de empreender. E o Brasil precisa muito disso. Agora, ele não teve sorte, não escolheu as pessoas para acompanharem. Não teve as pessoas que eu tive em volta, que eu fiz questão de escolher para me acompanharem”.

Eike foi proibido pelos órgãos reguladores de administrar empresas e enfrenta acusações de insider trading, que ele nega.

No entanto, Eike aceitou um lugar entre os convidados de honra dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio, neste mês, após ajudar a financiar o evento.

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