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Papel higiênico pode ser próxima vítima da crise de contêineres

Com o aumento da demanda por navios que transportam contêineres de aço, faltam embarcações para transportar celulose

Papel e celulose: a Suzano responde por cerca de um terço do fornecimento global do tipo de fibra curta, que é usado para produzir papel higiênico (Kathrin Ziegler/Getty Images)
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Carolina Ingizza

Publicado em 26 de março de 2021 às 09h42.

O maior produtor global de celulose , matéria-prima usada na fabricação do papel higiênico, alerta que a crise global de contêineres pode estar começando a criar gargalos na oferta da commodity.

A Suzano embarca sua celulose principalmente em navios de carga geral, conhecidos como “break bulk”. Com o aumento da demanda por navios que transportam contêineres de aço, o aperto começa a atingir embarcações usadas para celulose e ameaça atrasar as exportações da empresa, disse o diretor-presidente da Suzano, Walter Schalka, em entrevista.

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Esse cenário coincide com o aperto na oferta global de celulose, que enfrenta no momento uma demanda forte puxada pelo maior consumo de papel higiênico e outros produtos ligados à cadeia da celulose. Schalka teme que os problemas logísticos virem uma bola de neve e só piorem nos próximos meses. Interrupções significativas no comércio de celulose podem impactar o fornecimento de papel higiênico se os produtores não tiverem amplos estoques.

A Suzano já está preocupada com o risco de exportar menos do que a empresa esperava em março e ser obrigada a adiar alguns embarques para abril, disse Schalka. Com o aumento da concorrência por navios de carga, as embarcações break bulk atracam nos terminais da empresa com menos frequência do que o normal.

“Todos os players sul-americanos que exportam via break bulk estão enfrentando esse risco”, disse.

O Brasil é o maior fornecedor mundial de celulose, e a Suzano responde por cerca de um terço do fornecimento global do tipo de fibra curta, que é usado para produzir papel higiênico.

Rupturas no fluxo de carga provocaram caos no comércio global, principalmente de alimentos e produtos agrícolas. O congestionamento do tráfego portuário foi acompanhado pelo aumento dos custos de frete e atrasos das entregas.

A crise de contêineres, desencadeada pela enorme demanda da China, já se arrasta há meses. Mas o alerta da Suzano está entre os primeiros grandes sinais de impacto em outros mercados de transporte marítimo. Se o aperto continuar a aumentar os custos de frete, isso também reforça a perspectiva de aceleração da inflação.

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