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Os verdureiros urbanos

Produtor de hortaliças aproveita a proximidade do maior centro consumidor

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

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  • No município de Santa Isabel, a menos de duas horas de carro do centro de São Paulo, é difícil acreditar que se está ainda nos limites da região metropolitana. A paisagem muda e a selva de arranha-céus dá lugar a casas e chácaras, em sua maioria de pequenos produtores de hortaliças. É nesse cenário que fica a sede da Jacareí Agricultura e Comércio, a maior empresa agrícola da Grande São Paulo em volume de produção.

    A Jacareí tira proveito de estar a menos de 100 quilômetros do maior centro consumidor do país. Diariamente, envia 90% do que produz à Ceagesp, a supermercados e a sacolões da capital e da região do ABC. Entre seus clientes estão redes varejistas como Pão de Açúcar, Carrefour, Wal-Mart e Sonda. No total, a empresa abastece a região metropolitana com 2 700 caixas de hortaliças por dia, que geram um faturamento bruto mensal estimado em 450 000 reais.

    A Jacareí foi fundada em 1992 pelos irmãos Alberto e Fernando Lopes na cidade paulista que deu o nome à empresa. Com o crescimento da produção, os agricultores foram adquirindo novas chácaras. Possuem atualmente cinco propriedades, das quais três localizadas na Grande São Paulo. A Jacareí vem se destacando não apenas por seu volume de colheita, mas também por iniciativas que, embora aparentemente simples, são inovadoras nos processos de produção. Por exemplo, após a colheita os produtos são armazenados em um galpão climatizado. "Somos os únicos a fazer o transporte em caminhões refrigerados, o que garante maior durabilidade das verduras", afirma Ricardo Lopes, um dos filhos de Fernando e responsável pela área de logística da Jacareí. Por contar com frota própria para o transporte da produção, a Jacareí pode realizar a colheita no final da tarde, o que favorece a qualidade das hortaliças. "É uma prática ainda pouco comum entre os agricultores da região", diz Ricardo.

    Ao contrário dos produtores de grãos, os horticultores não conseguem armazenar o excedente da safra ou realizar vendas no mercado futuro. Por isso, o risco de perdas é maior. "Apesar de produzir o ano inteiro, há períodos em que fatores climáticos, como excesso de chuvas, causam a perda de mais de 80% das hortaliças de uma propriedade", diz o engenheiro agrônomo Thomas Nitzsch, do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes.

    Se a proximidade de uma metrópole como São Paulo ajuda a reduzir os custos de transporte, uma contrapartida é o maior custo da terra. "Na Grande São Paulo, a terra vale cerca de 30% mais do que no interior", diz Ricardo. A mão-de-obra também é mais cara nas regiões próximas da capital. "Hoje, são poucas as pessoas que sabem lidar com a agricultura", afirma Ricardo. "Morando tão perto dos centros urbanos, a maioria não se interessa em trabalhar no campo."

    Segundo Nitzsch, é comum que 40% da produção de um sítio se perca por problemas como a falta de cuidado no plantio e no manuseio pós-colheita. Na Jacareí, essa taxa é bem menor -- em torno de 8%. "Além da preocupação com o armazenamento e com o transporte da mercadoria, investimos na profissionalização do negócio", diz Ricardo. "Contratamos três engenheiros agrônomos e um técnico agrícola para monitorar todas as etapas da produção." A Jacareí reinveste 20% da receita na produção e está antecipando alguns planos previstos para o próximo ano. Um deles é o plantio de alface e de rúcula pelo sistema de hidroponia -- cultivo em estufa que substitui o solo por um meio líquido. Por ser um ambiente controlado, reduz-se o risco de ataques de pragas e doenças. Outra novidade é o beneficiamento de tomate, pimentão e outras hortaliças para vendê-las já prontas para consumo. "A salada pronta seguirá direto para as gôndolas dos supermercados e das lojas especializadas", diz Alexandre Lopes, outro filho de Fernando, responsável pela área de comercialização. A cozinha em que os alimentos serão beneficiados já foi construída e equipada, ao lado do galpão climatizado da chácara de Santa Isabel. Falta agora a contratação de pessoal especializado para trabalhar nesse projeto, o que deve ocorrer no próximo ano.

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