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Os pequenos lucros de Bradesco e Itaú

O resultado conjunto no primeiro trimestre poderia ter sido quase um bilhão de reais maior

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

À primeira vista, os acionistas de Bradesco e Itaú, os dois maiores bancos privados brasileiros, não têm do que se queixar no primeiro trimestre do ano. Os resultados foram excepcionais. O lucro do Itaú, divulgado nesta terça-feira, foi de 714 milhões de reais, um aumento de 41,8% em relação ao mesmo período do ano passado. A rentabilidade patrimonial anualizada do banco nesse período foi de 31,8%. É um dos poucos investimentos que superam o desempenho dos Certificados de Depósito Interfinanceiro (CDI) e que podem ser mostrados para a Receita Federal.

A integração dos bancos BBA e Fiat, adquirido no fim do ano passado, foi um dos principais fatores que explica não só o aumento do lucro como também o crescimento do negócio. Os ativos do Itaú Holding Financeira -- nova denominação do banco -- cresceram 42%, para 113 bilhões de reais em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

Os resultados do Bradesco, divulgados ontem, também foram muito positivos. O bancão de Osasco lucrou 508 milhões de reais no primeiro trimestre, um aumento de 19,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os ativos cresceram 21,6% para 145 bilhões de reais.

À primeira vista, são números de encher os olhos de qualquer acionista. No entanto, ambos os resultados mostram que os bancos foram extremamente conservadores e cautelosos ao fazer as contas. Ou seja: os ganhos poderiam ter sido muito, mas muito maiores do que os registrados. Os dois bancos adotaram políticas contábeis e fiscais que reduziram seu lucro.

O Itaú optou por integralizar totalmente o ágio na compra do Banco Fiat, o que reduziu seu lucro em 500 milhões de reais. Traduzindo: o Itaú comprou o Banco Fiat no ano passado por um preço acima do seu valor patrimonial. Essa compra gerou um ágio contábil -- ou seja, um prejuízo. O banco poderia reconhecer esse prejuízo em seus balanços a prestações, num prazo de até cinco anos. No entanto, ele optou por reconhecer tudo de uma só vez. "Sem essa medida, o lucro poderia ter sido 500 milhões de reais maior", diz Tadeu Resca, analista da consultoria paulista Austin Asis, especializada no setor financeiro. Vale ressaltar que esta é uma decisão perfeitamente legal.

Algo semelhante aconteceu no resultado do Bradesco. O banco optou por elevar as provisões para créditos de difícil recebimento em 400 milhões de reais no começo deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. É uma medida que mostra, por um lado, o conservadorismo do banco: ao emprestar mais, ele se garantiu contra futuros períodos turbulentos e um eventual aumento da inadimplência. No entanto, essa decisão -- que pode ser revertida no futuro se menos devedores provocarem problemas -- também afetou negativamente os resultados. "O lucro do Bradesco poderia ter sido cerca de 400 milhões de reais maior", diz Resca.

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