A Natura, maior fabricante de cosméticos do Brasil, apresenta hoje seus resultados do segundo trimestre depois do fechamento da bolsa de valores de São Paulo. O esperado, de acordo com a média de projeções do mercado, é um faturamento de dois bilhões e 83 milhões de reais, 2,8% maior do que no segundo trimestre de 2016, quando foi de dois bilhões e 26 milhões de reais, e 20,5% maior do que nos primeiros três meses deste ano, quando foi de 1,7 bilhão.

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O lucro deve ser de 128 milhões de reais, 40,7% a mais do que no mesmo período do ano passado. São números que revelam um 2017 tranquilo de uma empresa às portas de uma transformação. Este é o primeiro balanço da Natura a ser divulgado desde que a fabricante de cosméticos anunciou a compra da rede britânica The Body Shop, que era controlada pela francesa L’Oreal. A operação, anunciada em junho, foi aprovada sem restrições ontem pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade.

Com o negócio, a receita do grupo deve crescer 45% e chegar a 11,5 bilhões de reais. Metade virá do exterior e um terço das vendas virá das marcas que não são a Natura — a The Body Shop e a australiana Aesop, adquirida em 2012. Mas a aposta da Natura colocou pulga atrás da orelha dos investidores, que questionam o fato de a empresa estar com dificuldades de “entrar nos trilhos” e mesmo assim investir 1 bilhão de dólares na compra de outra empresa que não consegue se encontrar. A participação de mercado da companhia vem caindo a cada ano: passou de 14,9% em 2010 para 10,8% em 2016, segundo dados da consultoria Euromonitor. O lucro da empresa caiu 42% em 2016, para 269,7 milhões de reais.

Uma possível sinergia é se utilizar das lojas da The Body Shop, numa estratégia de vendas que a Natura já vinha implementando. A Natura inaugurou em abril do ano passado a sua primeira loja física. A companhia tem 14 lojas, e o plano é chegar até 30 no fim deste ano. Comprar a The Body Shop certamente encurta o caminho. Juntas, as 133 lojas da rede no Brasil faturam mais de 280 milhões de reais, ou cerca de 3,5% do faturamento total do Natura, de 7,9 bilhões de reais.