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Oposição vai cobrar explicações sobre aporte bilionário do BC

A oposição já se articula para convocar os presidentes do BC, Henrique Meirelles, e da Caixa Econômica Federal (CEF), Maria Fernanda Ramos Coelho

A presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, vai ter que dar explicações (Elza Fiúza/AGÊNCIA BRASIL)

A presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, vai ter que dar explicações (Elza Fiúza/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2010 às 11h07.

São Paulo - O megadepósito de 2,5 bilhões de reais e a troca da diretoria do Banco PanAmericano, anunciados na noite de terça-feira, foram a solução encontrada pelo Grupo Silvio Santos, pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco Central (BC) para que fossem resolvidos os problemas da financeira sem que o novo sócio, a Caixa, tivesse de fazer aportes.

"O principal acionista resolveu todo o problema que apareceu", diz fonte ligada à instituição. O tema teria sido, inclusive, debatido há pouco mais de um mês em encontro surpresa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o empresário Silvio Santos no Palácio do Planalto. A oposição já se articula no Congresso Nacional para convocar os presidentes do BC, Henrique Meirelles, e da Caixa Econômica Federal (CEF), Maria Fernanda Ramos Coelho, para explicarem o depósito.

Quando as inconsistências foram encontradas no balanço do PanAmericano, foi decidido que o novo acionista, a Caixa, não teria responsabilidade inicial de realizar novos aportes, porque os problemas tiveram início em um período anterior à compra de 49% do capital da financeira pelo banco estatal. Dessa forma, o acionista majoritário teve de assumir toda a responsabilidade para cobrir o rombo aberto nos números.

Diante da responsabilidade integral do controlador, foi costurada solução ao longo das últimas semanas para que houvesse o mega-empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), sem que o Grupo Silvio Santos tivesse de tomar recursos junto ao mercado, o que poderia chamar a atenção para o problema.

O FGC é uma entidade privada constituída por todos os bancos que operam no Brasil e que garante depósitos de clientes nas instituições financeiras em caso de problema nos bancos. Por ter essa característica de "condomínio de depósitos", os principais cotistas do FGC tiveram de aprovar o empréstimo anunciado terça-feira à noite. Para os principais cotistas do Fundo, é melhor emprestar o grande volume de dinheiro agora a ver o problema se espalhar, o que poderia colocar todo o setor em risco.

A hipótese de a Caixa aumentar a participação no Panamericano foi rapidamente descartada, já que o banco federal já tem 49% das ações do banco. Sendo assim, a maior fatia da Caixa poderia transformar a financeira do Grupo Silvio Santos em uma entidade estatal. Agora, feito o aporte, há expectativa de que não seja alterada a composição acionária da instituição - sendo mantida, portanto, a fatia de 51% do capital de posse do Grupo Silvio Santos e 49% da Caixa Econômica Federal.

Reunião com Lula 

O problema constatado no Panamericano teria sido anunciado diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo empresário Silvio Santos. Em 22 de setembro, o apresentador de TV reuniu-se com Lula em um encontro não previsto na agenda do Palácio do Planalto. Oficialmente, o objetivo da reunião foi pedir uma doação de Lula ao Teleton, programa de televisão que arrecada dinheiro de empresas e pessoas físicas para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Ao deixar o encontro, Silvio Santos disse que pedira doação de 12.000 reais e que o presidente da República gravasse vídeo para ser exibido no programa. A edição de 2010 do Teleton foi realizada no último fim de semana.

Nesta quarta-feira, presidente Lula negou que tenha tratado com o empresário Sílvio Santos, a liberação de recursos do Fundo Garantidor de Crédito para cobrir o rombo no banco PanAmericano. "Isso não é assunto de presidente da República. É assunto comercial do Banco Central", afirmou.

Vale lembrar que a CaixaPar, braço de investimentos do banco estatal, fez uma longa e detalhada avaliação dos números do Panamericano antes de bater o martelo para a compra de 49% do capital do banco em dezembro de 2009. Na época, não havia sido encontrada nenhuma inconsistência nos balanços e relatórios.

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