Opep ignora Trump, e barril de Brent chega a seu melhor preço desde 2014
O preço do petróleo em Londres voltou nesta segunda-feira (24) ao seu nível mais alto desde novembro de 2014 após a Opep e sócios não aumentarem a produção
AFP
Publicado em 24 de setembro de 2018 às 18h13.
Última atualização em 24 de setembro de 2018 às 18h14.
O preço do petróleo em Londres voltou nesta segunda-feira (24) ao seu nível mais alto desde novembro de 2014, após a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e de seus sócios de não aumentar a produção apesar das pressões de Donald Trump.
O barril do Brent do Mar do Norte para entrega em outubro subiu 2,40 dólares, a 81,20 dólares, uma alta de 3%. Durante a sessão ele chegou a 81,40 dólares.
No mercado de Nova York, o barril de WTI também para outubro subiu 1,30 dólar, a 72,08 - seu melhor preço desde julho.
Para o Brent, esse é o seu nível mais alto desde novembro de 2014. Naquele ano, os preços do petróleo caíram de 120 dólares o barril em junho para 50 dólares em dezembro, um colapso devido à superprodução, que só chegou ao fundo do poço no início de 2016, quando chegaram a pagar 30 dólares por barril.
As políticas de redução de produção da Opep contribuíram desde então para uma recuperação dos preços.
Na segunda-feira, o mercado reagiu a uma reunião da Opep e de seus sócios, inclusive a Rússia, realizada no domingo na Argélia, onde vinte países responsáveis por mais de metade da oferta mundial de petróleo decidiram não aumentar a extração, ignorando as pressões de Trump.
"Nós protegemos o Oriente Médio, eles não estariam seguros por muito tempo se não fosse por nós, e ainda assim continuam a empurrar para que o preço do petróleo suba e suba! O monopólio da Opep deve fazer os preços baixarem agora!", escreveu no Twitter o presidente dos Estados Unidos na quinta-feira.
Trump entre o Irã e seus eleitores
No entanto, no domingo em Argel, o influente ministro saudita do Petróleo, Khalid al Falih, deixou a porta aberta para um futuro aumento de produção devido à redução da oferta, que vai se intensificar com as sanções dos Estados Unidos sobre as exportações iranianas que entrarão em vigor em novembro.
"Vamos continuar a acompanhar de perto [o equilíbrio de oferta e demanda] e responderemos de forma apropriada no momento certo", disse Khalid Al Falih, que preside o comitê que supervisiona o acordo de redução de produção assinado por 20 países da Opep e por produtores fora do cartel em 2016.
Arábia Saudita, Rússia e Estados Unidos são os três maiores produtores de petróleo do mundo, mas apenas os dois primeiros são exportadores.
"A Arábia Saudita e a Rússia confirmaram que não aumentam a produção, e isso é uma má notícia para o presidente Trump, que quer petróleo mais barato que seja bom para os negócios", disse David Madden, analista da CMC Markets.
"Os temores de que a oferta seja afetada quando as sanções dos EUA contra o Irã começarem em novembro estão elevando os preços do petróleo", acrescentou ele.
Trump insiste, por um lado, que nenhum país compre petróleo do Irã, o terceiro maior produtor da Opep, enquanto, por outro, tenta impedir o consequente aumento dos preços, o que poderia desencadear o custo da gasolina e irritar os eleitores americanos a poucas semanas das eleições legislativas de meio de mandato, no início de novembro.