Plataforma da OGX: companhia desistiu da aquisição de nove blocos dos 13 que arrematou na 11ª rodada (Divulgação/OGX)
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2013 às 16h53.
Rio de Janeiro/São Paulo - A petroleira OGX, de Eike Batista, economizará 280 milhões de reais com a desistência da aquisição de nove blocos dos 13 que arrematou na 11a rodada, num momento em que enfrenta dificuldades financeiras e encontra resistência da malaia Petronas para fechar um negócio que injetaria recursos na empresa.
A OGX afirmou nesta terça-feira que desistiu dos blocos porque o momento não é de correr riscos em novas áreas exploratórias. Mas o mercado já temia a falta de recursos em caixa para a empresa pagar o bônus oferecido por cada bloco.
"Achamos difícil de acreditar que a administração da empresa não tinha conhecimento desses riscos. Avaliamos que a atual falta de liquidez e a percepção de que será difícil adquirir os blocos no curto prazo foram as razões por trás do anúncio", afirmou o Deutsche Bank em relatório distribuído nesta terça-feira.
A companhia não realizará o pagamento e assinatura referente aos blocos BAR-M-213, BAR-M-251, BAR-M-389, CE-M-663, FZA-M-184, PN-T-113, PN-T-114, PN-T-153 e PN-T-168, áreas que arrematou sozinha no leilão da ANP.
A resistência da malaia Petronas em fechar o acordo de compra de fatia de dois blocos da OGX, num negócio de 850 milhões de dólares crucial para injetar recursos no caixa da empresa de Eike, pode ter influenciado a decisão de abandonar os blocos, segundo o Deutsche Bank.
"Os recursos obtidos com a venda são a principal fonte de financiamento para a OGX neste momento... Sem os recursos provenientes da venda do BM-C-39 e BM-C-40, a OGX deve ficar sem dinheiro durante o terceiro trimestre", comentou o banco.
A Petronas, uma das maiores companhias de petróleo da Ásia, espera uma reestruturação da dívida da petroleira de Eike Batista para prosseguir com o negócio. Neste contexto, a Petronas ainda não apresentou as garantias financeiras exigidas por autoridades brasileiras para a compra de fatia de blocos da OGX, segundo disse uma fonte à Reuters.
A OGX informou que vai manter os pagamentos e a assinatura dos contratos dos outros quatro blocos arrematados na 11a rodada.
Os blocos POT-M-762 e CE-M-603 têm participação de 50 por cento da ExxonMobil, e o CE-M-661 tem participação da Total e da Queiroz Galvão. O bloco POT-M-475, que foi arrematado integralmente pela OGX em maio, também continua nos planos da empresa.
Com os quatro blocos e várias outras áreas que ainda possui em seu portfólio, a OGX permanece com uma significativa quantidade de ativos. O grande problema da petroleira de Eike Batista é o elevado nível de endividamento e a falta de caixa para explorar os ativos que já possui, avaliam especialistas.
Se não tivesse devolvido os nove blocos, a OGX teria que desembolsar mais de 370 milhões de reais em bônus com todos os blocos e participações que arrematou na última rodada, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
A desistência dos blocos implicará no pagamento de 3,42 milhões de reais às autoridades federais.
"A diretoria executiva concluiu não ser recomendável, no momento atual, assumir risco exploratório de novas áreas", disse a empresa em fato relevante.
MPX A lista de devoluções inclui quatro blocos na Bacia do Parnaíba (com sigla PN), com participações negociadas com a MPX em maio. Naquela ocasião, a petroleira acertou a venda de fatia de 50 por cento para empresa de geração de energia nos blocos.
A OGX informou, por meio da assessoria de imprensa, que o acordo com a MPX era condicionado à assinatura do contrato de concessão e que, portanto, o negócio está desfeito.
Já a MPX afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a decisão de OGX não afeta os planos de negócios da empresa, visto que ainda existem muitas áreas a serem exploradas pela companhia na Bacia do Parnaíba.
Quem Ganha
A petroleiras BP, Ouro Preto, Maersk e Petra poderão ficar com blocos da 11a que não ficarão mais com a OGX. As empresas ficaram em segundo lugar na disputa pelas áreas que a OGX levou no leilão.
Pelas regras da reguladora, elas têm a opção de adquirir os blocos, confirmou nesta terça-feira a assessoria de imprensa da ANP.
A gigante BP poderá ficar com o bloco da Foz do Amazonas FZA-M-184, pelo qual ofereceu 10,3 milhões de reais. A Maersk, que ofertou 35,1 milhões de reais pelo bloco CE-M-663, agora volta a ter chance de ficar com a área.
A brasileira Petra, que já possui vários blocos terrestres no país, poderá ficar com quatro blocos deixados pela OGX, todos na Bacia do Parnaíba.
A brasileira Ouro Preto, do empresário Rodolfo Landim, tem as opções das áreas da Bacia de Barreirinhas, BAR-M-251 e BAR-M-389, pelas quais ofereceu 1,58 milhão e 7 milhões de reais.