Banco BTG Pactual realizou em São Paulo o “Demo Day”, evento que destacou as 4 startups que foram selecionadas neste ano pelo "boostlab" (BTG Pactual/Divulgação)
Repórter
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 11h04.
Última atualização em 4 de dezembro de 2025 às 17h02.
Quando o BTG Pactual (do mesmo grupo da EXAME) criou o boostlab, em 2018, o objetivo era aproximar o banco do ecossistema de tecnologia e entender como startups — menores, mais rápidas e mais experimentais — poderiam influenciar a agenda digital da instituição. Sete anos depois, o que nasceu como um programa de conexão e mentoria evoluiu para um programa de venture capital (investimento destinado a startups e empresas inovadoras), e hoje responsável por parte relevante da estratégia tecnológica do banco.
“Talvez, a maior startup de tecnologia do Brasil na última década tenha sido o BTG”, afirmou Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, durante o Demo Day realizado nesta quarta-feira, 3, no auditório da instituição.
Para ilustrar a transformação, Sallouti recuperou a trajetória do banco. “Há dez anos, éramos uma instituição com 2 mil clientes de pessoa física, 300 corporativos e cerca de 200 institucionais — sabíamos o nome, o telefone e até o aniversário de todos”, disse.
Hoje, o banco atua em todos os segmentos, do varejo ao large corporate, apoiado em uma estrutura tecnológica que reúne cerca de 5.500 profissionais e já responde por mais de 20% da receita vinda do exterior – e segue agora não só com o pensamento, mas como investidores e parceiros de startups.
“A gente precisava transformar o banco em uma enorme startup”, disse Sallouti. “Isso porque sempre acreditamos que tem duas coisas que vão transformar o Brasil: trabalho e educação: o trabalho, por meio do empreendedorismo, gera renda, riqueza e oportunidade; e a educação gera produtividade.”
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Criado como um hub de inovação em 2018, o boostlab se tornou um ponto de contato entre o BTG e startups de alto potencial. Ao longo dos anos, mais de 4 mil empresas se inscreveram, e quase 100 passaram por ciclos de aceleração. Até 2022, o programa operava no modelo equity-free: oferecia mentorias, conexões e oportunidades comerciais, mas sem aportes obrigatórios.
Com o amadurecimento interno e do mercado, a estratégia mudou. Em 2023, o BTG redesenhou o modelo em parceria com a Endeavor e o transformou em uma tese formal de venture capital. Hoje, todas as startups selecionadas recebem investimento e são acompanhadas diretamente pelo time de private equity — que administra cerca de US$ 10 bilhões e mantém 38 companhias no portfólio.
“O boostLab nasceu com o objetivo de aproximar o banco do ecossistema, mas evoluiu para uma tese estruturada de investimento. Aprendemos fazendo”, afirmou João Sá, associate partner do time de capital privado do BTG. Segundo o executivo, a mudança também levou a uma seleção mais rigorosa e a um portfólio menor.
Para Gabriela Lima, diretora de venture capital do BTG, essa redução foi essencial. “Queremos acompanhar de perto, gerar impacto real e manter a barra alta. Um portfólio menor permite criar valor de verdade”, disse.
Hoje, as startups selecionadas têm acesso a executivos do banco, times especializados e potenciais clientes em diferentes segmentos, formando uma plataforma de relacionamento que abrange empresas, investidores e fundos parceiros.
A edição 2025 do boostlab apresentou as startups escolhidas após um processo que começou com 500 inscrições orgânicas. Dessas, 40 foram analisadas pelo comitê de capital privado; 8 chegaram à etapa de pitch interno; e apenas 4 foram aprovadas.
Foram selecionadas:
As quatro empresas receberam mentoria de sócios, acesso a potenciais clientes e suporte direto do banco.
“O programa é moldado de acordo com o momento de cada startup — produto, operação, fundraising ou comercial”, afirma Lima.
Além de apoiar startups, o boostlab passou a influenciar diretamente o pipeline comercial do banco. Em alguns casos, como o da TEN, o potencial de cross-sell com a base de clientes do BTG é relevante: a estimativa é de cerca de R$ 11 milhões em receita para a startup e R$ 24 milhões para o banco.
“A nossa ideia é que essas startups sejam um parceiro de longo prazo, seja como cliente, investidor, estruturador e mentor”, afirmou Sallouti. A lógica reflete o movimento que o BTG tem feito.