O que está por trás do sucesso do copo Stanley no Brasil
Empresa dona da marca teve um crescimento de 700% no faturamento desde 2018; copo Stanley já tem legião de fãs
Redação Exame
Publicado em 25 de novembro de 2021 às 10h38.
Última atualização em 12 de janeiro de 2024 às 20h00.
Há mais de 100 anos a marca Stanley produz copos térmicos, mas foi só nos últimos tempos que ela caiu no gosto do brasileiro. A partir de 2018, a empresa PMI Worldwide, dona da marca, cresceu 700% em faturamento na América Latina, percentual impulsionado principalmente pela venda da linha bar, que inclui os famosos copos.
Assim que chegou à região da América Latina, a Stanley era forte principalmente na venda de produtos para consumo de erva mate, com foco em preservar a temperatura quente da água, no Uruguai e Argentina.
Em 2014, a PMI comprou a empresa familiar brasileira Aladdin e ganhou capilaridade e logística para apresentar a marca Stanley também aos brasileiros, principalmente a partir do sul do Brasil, onde também se comprava produtos para manter a água quente, como garrafas térmicas.
Stanley no Brasil
Aos poucos, a marca foi "subindo" no mapa e conquistando brasileiros que bebem mais bebidas frias.
Andréa Martins, presidente PMI Worldwide América Latina, é a executiva por trás da estratégia da empresa de associar os produtos ao calor do Brasil e atividades ao ar livre.
"O crescimento que tivemos se deve à legião de fãs que fomos criando e também ao fato de o Brasil ser o terceiro maior mercado consumidor de cerveja no mundo. É um país quente e o brasileiro gosta de cerveja muito gelada. Aí nosso produto cai de forma perfeita. Nisso, começamos a comunicar ao público que a bebida fica gelada até o último gole. Hoje, se você vai à praia com uma long neck, metade da bebida esquenta. Então, foi algo que veio totalmente alinhada com a cultura do Brasil", conta Andréa.
Como funciona o copo Stanley?
A técnica por trás dos copos Stanley, que mantém a temperatura da bebida por cerca de quatro horas, não tem nada de misterioso. Os copos e garrafas Stanley têm um vácuo entre as paredes que impedem a troca de temperatura.
Quem criou o copo Stanley?
O método usado no copo Stanley foi criado pelo médico e inventor William Stanley Jr. na cidade de Nova York em 1913.
Em 2002, a empresa familiar foi para dentro da PMI Worldwide, empresa que é principal parceira da produção de cópos térmicos da Starbucks.
Por que o copo fez sucesso no Brasil?
Para Andréa, o sucesso que a Stanley tem tido também tem a ver com a capacidade de a marca olhar para hábitos de consumo de um público e colher dali o insights para o desenvolvimento de consumo. Além do chimarrão no sul do país e da cerveja, Andréa cita o hábito de beber o chá Tereré no centro-oeste.
A executiva também já atuou como Diretora Comercial Executiva da Deca, empresa de louças e metais sanitários, e em posições de liderança das unidades de negócio da Kraft Foods Equador e Mondelez Norte/ Nordeste, na qual era responsável por toda a operação. Além disso, passou por grandes empresas como Camil Alimentos, BDF Nivea e Reckitt Benckiser.
Copo Stanley nas redes sociais
"A divulgação foi muito no boca a boca entre comunidades de fãs porque como um produto mais caro, o consumidor tem que ver se realmente funciona. Mas não foi só isso. A partir de 2020, começamos a ter uma presença mais forte nas redes sociais, com esforço para atrair também microinfluenciadores porque é um produto que ganha valor conforme você experimenta", explica Andrea.
A marca Stanley também é patrocinadora de eventos esportivos no Brasil como o Rali dos Sertões, o Festival de Surf de Saquarema e um evento de kitesurf.
Os surfistas Phil Rajzman, Yanca Costa e a kitesurfista Marcela Witt são atletas patrocinados pela marca Stanley.
Qual o preço do copo Stanley?
A legião de fãs que Andréa cita já virou até motivo de brincadeira nas redes sociais, principalmente devido à possível relação do produto com consumidores de alta renda. No site da marca, o valor mais baixo de um copo é de 149 reais.
Quem compra o copo Stanley?
O executivo Omar Vitiello é um dos exemplos de quem defende a marca. Diretor da empresa Convipar e morador de São Paulo, ele costuma utirlizar os copos em viagens para praia e churrascos. "Quem me apresentou o copo Stanley foi o marido da minha prima. Na primeira vez, não dei muita atenção, mas aí fui num churrasco na casa dele. A gente colocou o copo por perto do fogo e por fora esquentou, sendo que por dentro a cerveja continuou gelada".
Depois de se "apaixonar" pelo produto e dar um de presente para um amigo, Omar comprou 8 copos Stanley, uma garrafa e uma caneca. Tudo isso para não ter convidado sem o produto em festas.
"Semana passada eu fui para a praia. Levei dois copos e dei para um amigo na praia que não conhecia a marca. Acabei deixando o copo com ele, minha esposa ficou brava.... E aí falei que ia comprar meia dúzia para festas", conta.
Não é só com cerveja que Omar usa o copo. À noite, deixa ao lado da cama com água para permanecer gelada.
"Certeza que vale o investimento, vale cada real. Sem o copo Stanley, eu que tomo cerveja acabo desperdiçando, jogando fora e bebendo mais rápido para nao esquentar. A gente bebia sem qualidade", defende Omar.