O que a Heineken aprendeu com os países emergentes
Presidente da cervejaria afirma que autonomia das filiais e conhecimento do mercado local são essenciais para o crescimento da empresa
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2011 às 17h33.
São Paulo - “A Nigéria é mais previsível do que a Grécia”, disse Jean-François van Boxmeer, presidente da cervejaria holandesa Heineken, durante um café da manhã do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. “É claro que estou falando do ponto de vista de negócios.”
A afirmação de van Boxmeer, publicada no site do jornal The New York Times, pode soar estranha, mas ele explica. Os mercados emergentes tornam-se cada vez mais importantes agora que o crescimento na Europa e Estados Unidos ainda permanece fraco.
Até aí, nenhuma novidade, mas segundo ele, a Heineken olhou para esses países com base numa simples fórmula: crescimento populacional multiplicado pelo crescimento econômico e pela estabilidade política. Com essa medida, então, a Nigéria pode ser um lugar mais seguro do que a Grécia, disse ele – pelo menos para uma fabricante de cerveja.
A Heineken atua na África e na Ásia desde que os mercados emergentes eram considerados apenas colônias. Segundo ele, o sucesso nesses países também depende da quebra de algumas regras de negócios. Por exemplo, as empresas têm de estar preparadas para deixar suas filiais terem muita autonomia. “O poder é mais difuso”, disse. “É preciso tolerar egos mais fortes em mercados emergentes.”
A Heineken, que comprou 30 cervejarias em mercados emergentes durante a última década e também construiu novos pólos de negócios em lugares como Tunísia e África do Sul, despachou seus próprios executivos para unidades nos exterior, mas os pede para aprender a língua local.
Investidores também têm de estar preparados para surpresas, disse van Boxmeer. “Nem sempre as coisas saem como planejadas, mas na maioria dos casos existe um resultado positivo.”
Embora o presidente da Heineken tenha falado do ponto de vista de investidores europeus e americanos, ele notou que grande parcela dos investimentos está indo para outra direção, com empresas chinesas e indianas, por exemplo, investindo em economias avançadas.