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O inferno da Better.com: 900 demitidos, CEO afastado, equipe aterrorizada

A empresa de hipoteca passou por um escândalo global na última semana, quando o CEO demitiu mais de 900 pessoas via Zoom. Para quem ficou, as perspectivas não foram as melhores, segundo site

Vishal Garg: CEO afastado depois de demissões via Zoom (Vishal garg/Divulgação)

Vishal Garg: CEO afastado depois de demissões via Zoom (Vishal garg/Divulgação)

KS

Karina Souza

Publicado em 11 de dezembro de 2021 às 11h29.

Última atualização em 11 de dezembro de 2021 às 11h31.

Acordar em um dia normal para trabalhar e saber que 900 pessoas na empresa em que você atua foram demitidas via Zoom já é um susto e tanto. À primeira vista, não estar na lista de demitidos pode parecer um alívio -- mas, na Better.com, o sentimento até agora foi outro. É o que mostra o depoimento de um colaborador da empresa, poucos dias depois da famosa demissão via Zoom realizada pelo CEO da empresa, Vishal Garg. "Ele nos disse que éramos os 'sortudos' e aumentou ainda mais a meta de entregas para nós, afirmando que agora era a hora de trabalhar ainda mais do que antes", afirmou o colaborador ao Business Insider.

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Em linhas gerais, a principal atividade da Better.com é simplificar o processo de hipoteca, proporcionando aos clientes entender melhor quanto eles podem pagar, qual é a taxa de juros e até mesmo conectá-los com pessoas que podem aprovar o crédito em até três minutos. A empresa surgiu da percepeção do próprio CEO de como o sistema americano era ineficiente nesse quesito, depois de demorar meses em uma tentativa para ter a casa própria. Com a demora do processo, a oportunidade foi perdida e, então, Vishal usou o dinheiro que seria aplicado no imóvel para fundar a startup. 

Do lado de quem foi demitido, o discurso foi mais ou menos o mesmo. Em uma gravação vista pela CNN Business, Garg afirmou às 900 pessoas, no dia 1º de dezembro: "Se você está aqui [no call] você faz parte do grupo azarado que está sendo demitido. Seu contrato aqui é rescindido com efeito imediato", afirmou o então CEO da companhia. Entre as razões citadas para as dispensas, ele citou pontos como a eficiência do mercado, desempenho e produtividade.

Esse não é o primeiro marco negativo de liderança atrelado a Garg. O executivo teve um destaque negativo na Forbes em 2020, quando a revista teve acesso a um e-mail enviado para a equipe em que o CEO chamava os funcionários de "golfinhos burros". “Vocês são LENTOS DEMAIS. Vocês são um bando de GOLFINHOS BURROS e... GOLFINHOS BURROS ficam presos em redes e são comidos por tubarões. ENTÃO PAREM. PAREM. PAREM AGORA. VOCÊS ESTÃO ME ENVERGONHANDO”, ele escreveu.

Em relação à demissão mais recente, a dispensa de cerca de 9% da força de trabalho chamou ainda mais atenção por vir em seguida à decisão de tornar a startup uma companhia pública por meio de um SPAC e, para isso, já recebeu um aporte do Softbank de 750 milhões de dólares. Estimativas apontam que, caso a companhia se tornasse pública, poderia ser avaliada em cerca de 6,9 bilhões de dólares.

Diante de um aporte tão significativo, ficou a estranheza a respeito das demissões. Voltando à perspectiva de quem ficou na empresa, o depoimento concedido ao Business Insider mostra que o clima na empresa está longe de ser dos melhores. Segundo o depoimento, o clima de desconfiança e medo é constante, mesmo com a palavra de lideranças de que não haverá mais demissões -- ao menos por enquanto.

"Da perspectiva de colaboradores que eu conheço, a sensação é a de que as demissões aconteceram por contratações excessivas. Isso, para mim, é mais um erro de liderança. Mas, em vez de responsabilizar quem contratou, a empresa está demitindo pessoas de cargos de entrada. E é isso que tem deixado as pessoas amargas", disse o funcionário.

E, é claro, a percepção negativa não ficou restrita somente às paredes da Better.com. Não à toa, executivos já pediram para sair da empresa e o CEO tirou uma "folga imediata" depois de tudo que aconteceu. Em um memorando divulgado na última semana, a empresa chamou o episódio de "lamentável" e anunciou a contratação de uma empresa independente para "fazer uma avaliação cultural e de liderança". Nesse período, o CFO, Kevin Ryan, deve gerenciar as decisões da empresa no dia a dia.

Para o colaborador que deu o depoimento ao site americano, a ação foi vista com certo alívio depois dos últimos acontecimentos. "Parece que se ele for forçado a sair e a pessoa certa o substituir, poderíamos sair daqui vivos", afirmou.

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