O incrível Facebook: mais polêmicas, mais dinheiro
Rede social divulga resultados trimestrais e deve anunciar aumento de 25% na receita e queda modesta no lucro, apesar da crescente pressão de governos
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2019 às 06h43.
Última atualização em 24 de abril de 2019 às 10h06.
Um dia depois de ver suas ações alcançarem o maior patamar em 27 meses, o Facebook anuncia nesta quarta-feira (24) seus resultados do trimestre. É hora de ver até onde as constantes manchetes negativas e o vai e vem da empresa repercutem nas finanças.
Será o primeiro balanço desde que a empresa anunciou uma mudança em seu posicionamento no início de 2019, indo do foco em conteúdo público para mais ferramentas para privacidade e comunicação não-rastreável. Após o anúncio, Zuckerberg perdeu seu possível sucessor, o diretor de produtos Chris Cox, em mais um capítulo do êxodo de executivos que vive a companhia. Cox, ao que tudo indica, não concordava com as mudanças.
Um ano após o escândalo da Cambridge Analytica, quando dados de mais de 80 milhões de usuários foram vazados, a mais nova polêmica veio no último dia 16 de abril, quando Zuckerberg foi acusado pelo portal americano NBC News de conceder acesso a dados de usuários para alguns parceiros e negá-los aos rivais — enquanto, na verdade, as informações eram tidas como privadas para todos. Na semana passada, também tornou-se público o fato de que milhares de senhas de usuários do Instagram poderiam ser vistas por diversos funcionários da companhia.
Enquanto isso, governos continuam a colocar a empresa e seus concorrentes na parede. O governo americano estuda multar o Facebook em bilhões de dólares pelo escândalo da Cambridge Analytica, na maior multa da história, segundo o jornal Washington Post (passando os 22,5 milhões que o Google pagou em 2012). Já a União Europeia aprovou em abril uma lei que pode responsabilizar empresas de tecnologia por conteúdo pirata postado em suas plataformas.
Foi também neste primeiro trimestre que a empresa precisou lidar com o massacre em que um atirador australiano matou 49 pessoas na Nova Zelândia e transmitiu tudo ao vivo em seu perfil — sem que ninguém tirasse a live do ar.
Apesar de tudo isso, com demanda de anunciantes alta e o sucesso do Instagram (que cresce a participação no faturamento do Facebook trimestre após trimestre), analistas apontam que o lucro por ação deve cair pouco, cerca de 4%, puxado por regulações e investimento em privacidade.
O faturamento deve crescer 25%, na casa dos 15 bilhões de dólares no trimestre. Assim, ao que parece, os 2,3 bilhões de usuários do Facebook seguem curtindo a rede social, apesar dos pesares.