Leandro Ferreira, da Mov Locadora: 70% dos clientes são pessoas das classes C e D, muitos deles criadores de conteúdo que não tem grana ainda para comprar um equipamento de ponta
Repórter de Negócios
Publicado em 1 de maio de 2024 às 09h09.
O Brasil tem cerca de 20 milhões de criadores de conteúdo nas redes sociais. São usuários que postam suas dancinhas no TikTok, seus covers no Youtube, seus treinos no Instagram.
É muita gente querendo mostrar seu talento. E com essa avalanche de criadores, surge também um desafio. Os equipamentos de captação de imagens, sejam celulares ou câmeras, não são nada baratos e estão fora do alcance de muitos.
O paulistano Leandro Ferreira quer resolver esse problema. Com cerca de 20 anos de experiência na locação de equipamentos, principalmente de tecnologia, como computadores e telefones, ele criou em 2018 a Mov Locadora, um negócio que loca equipamentos para gravação de vídeos e captação de fotografias. São máquinas fotográficas, drones, luzes e, também, celulares.
Com mais gente querendo produzir conteúdo de qualidade nas redes sociais, o negócio escalou. No primeiro ano de operação, faturou cerca de 500.000 reais. Agora, vai faturar 5,2 milhões.
Ferreira começou a trabalhar desde muito cedo em São Paulo, como vendedor de bananas em bancas de feira. Com a grana que ganhou, se formou como analista de sistemas e entrou num telemarketing, onde cuidava dos equipamentos e dos postos de trabalho. Chegou a cuidar de 5.000 posições de atendimento ao mesmo tempo.
“Nessa época, eu estava no outro lado do balcão, locando diversos equipamentos de informática para atender essas posições”, diz.
Em 2006, ele sai do negócio e cria seu próprio call center. Três anos depois, passa a trabalhar locando equipamentos para redes de telemarketing. Depois, passou a atender também outros setores, como shoppings center.
“Para os shoppings centers, alugamos computadores, televisores e impressoras para datas promocionais, por exemplo, em que precisam de equipamentos para cadastrar os clientes em promoções”, diz. Ferreira chegou a atender 105 shoppings ao mesmo tempo.
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“Tinha produtoras grandes, mas ninguém olhava para o pequeno”, afirma. “Para aquela pequena empresa que queria produzir conteúdo para mídia social, para o influenciador”.
Foi assim que nasceu a Mov Locadora.
Hoje, a Mov atende cerca de 350 reservas por mês e tem duas lojas físicas em operação, uma em São Paulo e outra em Curitiba.
Cerca de 70% dos clientes são pessoas das classes C e D, muitos deles criadores de conteúdo que não tem grana ainda para comprar um equipamento de ponta. Há na lista também estudantes de audiovisual, viajantes e empresas que podem ter alguma demanda específica maior que exija equipamentos.
Os contratos podem ser feitos, por exemplo, para utilização dos equipamentos desde algumas horas, dias, até 36 meses, permitindo que diversos perfis de público tenham acesso aos itens locados.
O negócio começou com capital próprio, mas recebeu um aporte em 2023 que permitiu a aquisição de mais equipamentos. Hoje, a empresa tem cerca de 5 milhões de reais em materiais a serem locados.
Globalmente, a indústria de entretenimento, incluindo televisão, cinema e publicidade, segue em expansão, com uma projeção de crescimento anual de 7,2%, podendo alcançar uma receita de US$ 170 bilhões até 2030, conforme dados recentes da Deloitte.
Esses números ajudam a dar embasamento para a aposta de Mov de crescimento nos próximos anos. Há desafios no meio do caminho, porém. Um deles é garantir a segurança dos equipamentos, para que eles sejam devolvidos adequadamente depois do uso. A empresa garante isso fazendo uma análise do cliente e liberando os produtos em níveis, conforme a avaliação e o uso recorrente do cliente. Assim, equipamentos mais caros só são locados com uma garantia maior de devolução.
O outro desafio é ter em estoque os produtos para locação. É uma operação custosa, com um fluxo cíclico: nos fins de semana, a demanda é muito maior do que durante a semana. A saída, nesse caso, é contar com aportes que ajudam na aquisição de novos equipamentos.
Além disso, a Mov está com outras frentes de negócios para faturar. Um deles é o SETLab, uma iniciativa que transforma espaços convencionais, como restaurantes, em locais para produção de conteúdo, seguindo um modelo similar ao Airbnb, destinado especificamente para o setor audiovisual.