Assembleia de credores decide hoje o futuro da Oi
ÀS SETE - Mais de 55.000 pessoas e instituições para as quais a Oi deve votarão o plano de recuperação proposto pela companhia no último dia 12 de dezembro
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2017 às 06h59.
Última atualização em 19 de dezembro de 2017 às 07h48.
Depois de meses de adiamentos, deve acontecer nesta terça-feira a esperada assembleia de credores da companhia de telecomunicações Oi .
A partir das 11h da manhã – se a Justiça não adiá-la novamente nas próximas horas -, as mais de 55.000 pessoas e instituições para as quais a Oi deve votarão o plano de recuperação proposto pela companhia no último dia 12 de dezembro.
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O plano prevê uma capitalização de cerca de 4 bilhões de reais em um primeiro momento, além de outros 2,5 bilhões no futuro.
Com isso, os credores podem tornar-se donos de até 75% da companhia, enquanto os atuais acionistas seriam reduzidos a 25%.
Isso colocou o Conselho de Administração, que representa os acionistas e é liderado pelo empresário Nelson Tanure, em rota de colisão com a diretoria executiva e com os credores, especialmente com bondholders estrangeiros.
Tanure e seu fundo, o Societé Mondiale, detêm 5,28% das ações da companhia, enquanto a Pharol, antiga Portugal Telecom, é dona de 22,24%.
Ambos – juntamente com outros acionistas – seriam diluídos com o atual plano. A proposta prevê um corte de 50% da dívida financeira da Oi, de 49,5 bilhões, e o aumento nos investimentos anuais de 5 para 7 bilhões de reais.
As últimas horas foram intensas. Ontem, um email anônimo foi enviado para o Ministério Público, a Comissão de Valores Mobiliários e jornalistas contendo o que seriam denúncias de um ex-funcionário e acionista da empresa de telefonia sobre supostos favorecimentos que o presidente da Oi, Eurico Teles, teria negociado com advogados e credores.
Segundo o email anônimo, Teles receberia um percentual dos valores pagos pela Oi a advogados, consultores jurídicos ou escritórios de advocacia contratados pela empresa por meio de uma consultoria que está em nome de sua filha, Maria Eugênia Sampaio Teles. Teles negou as acusações e afirmou que o plano seguiu “todos os ritos legais”.
Em outra frente, o fundo Société Mondiale protocolou no fim da segunda-feira petições e notificações junto a Anatel, AGU, BNDES, TJ-RJ e Anatel em que pede o adiamento da assembleia de credores e aponta o que considera ilegalidades no plano de recuperação judicial da Oi.
Ao BNDES, por exemplo, pede que o banco que recomende o adiamento da assembleia de credores ou vote contra o plano.
À Anatel, os acionistas definem o plano como “um AI-5 empresarial”, argumentado que dá a Teles “poderes totalitários por meio de um sistema dominação total da vida da Oi durante e após a aprovação do plano de recuperação judicial.”
Segundo o jornal O Globo, Anatel e Advocacia-Geral da União estão prontas para recorrer caso o plano seja aprovado nesta terça-feira.
A Oi deve 14 bilhões de reais à Anatel, e a agência não concorda com as condições de pagamento negociadas. A maior recuperação judicial da história do país, há 18 meses palco de disputas, está longe do fim.