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Zara cria etiqueta antitrabalho escravo

A varejista espanhola garante ter enterrado o trabalho escravo em oficinas de costura subcontratadas no Brasil


	Loja da Zara: a etiqueta trará informações dos fornecedores
 (Alexander Joe/AFP)

Loja da Zara: a etiqueta trará informações dos fornecedores (Alexander Joe/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2014 às 08h59.

São Paulo - Quase três anos depois de ter sido denunciada por trabalho análogo à escravidão em oficinas de costura subcontratadas no Brasil, a varejista espanhola Zara garante ter enterrado esse problema.

De 2011 para cá, a marca, do grupo Inditex, investiu R$ 14 milhões em ações de responsabilidade social no País - mais que o dobro do que foi investido pela empresa nos oito anos anteriores à denúncia.

Na terça-feira, 20, na véspera de depor na CPI do trabalho escravo da Assembleia Legislativa de São Paulo, o presidente da Zara Brasil, João Braga, convocou a imprensa para divulgar as ações da companhia e anunciar um projeto-piloto que, segundo ele, é inédito no ramo varejista.

A marca vai identificar os produtos fabricados no Brasil com uma etiqueta eletrônica que trará informações dos fornecedores, como o endereço da oficina e seu número de funcionários.

Para ter acesso a esses dados, o cliente precisa ter em seu smartphone um aplicativo que leia o código impresso na etiqueta (QR Code).

"Isso não é marketing. É uma medida de transparência perante nossos clientes", disse Braga, um português que se mudou para o Brasil há dois anos e meio para comandar a Zara em sua maior crise de imagem, desde que a marca estreou no mercado brasileiro, em 1999.

Com faturamento de R$ 962 milhões no ano passado, a Zara Brasil tem hoje 57 lojas, em 14 Estados. Aproximadamente 35% dos produtos vendidos no País são produzidos aqui por 32 fornecedores que empregam 11 mil pessoas.

Essa cadeia, segundo Braga, passou por 1,2 mil auditorias internas ao longo dos últimos três anos, sem que fosse constatado qualquer problema referente a trabalho degradante.

Ajustes

Boa parte das medidas adotadas pela marca espanhola faz parte do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em 2012.

Em paralelo, a empresa continua brigando na Justiça para não ser responsabilizada pela acusação de trabalho escravo feita em 2011.

Naquele ano, os fiscais do MPT registraram 52 irregularidades em oficinas de costura subcontratadas pela AHA, uma fornecedora da Zara, localizada em Americana (SP).

Em abril, o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo decidiu que a Zara é, sim, culpada nesse caso. A empresa recorreu da decisão, alegando não ter obtido vantagens financeiras com essa subcontratação.

A AHA foi a única fornecedora descredenciada pela Zara desde 2011.

Há duas semanas, a marca espanhola conseguiu uma nova liminar para ficar de fora da Lista Suja do Ministério do Trabalho - a anterior também fora derrubada pela Justiça.

Segundo o auditor do MPT, Luiz Alexandre Faria, que participou das investigações em 2011, a Zara tem entregue relatórios periódicos com detalhes da regularização de sua cadeia produtiva. Ele diz, no entanto, que o órgão não conseguiu, até hoje, "refiscalizar" a marca.

"Temos uma estrutura pequena e estamos dando prioridade aos novos casos", diz. Na semana passada, a M.Officer foi denunciada pelo mesmo motivo e existem dez frentes de investigação em andamento.

"Não posso dizer, com certeza, que 100% da cadeia produtiva da Zara está regularizada porque só dispomos de informações da própria empresa", afirma.

"Nossa função é justamente investigar o que as elas não querem mostrar. Devemos fazer isso nos próximos meses." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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