Negócios

Pavel Durov, o polêmico fundador do aplicativo Telegram

Durov, exilado da Rússia por conta própria, acumula disputas com o governo russo e muda constantemente de casa

Pavel Durov, CEO e fundador do Telegram, em evento da TechCrunch Disrupt em San Francisco  (Steve Jennings/Getty Images/Getty Images)

Pavel Durov, CEO e fundador do Telegram, em evento da TechCrunch Disrupt em San Francisco (Steve Jennings/Getty Images/Getty Images)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 20 de dezembro de 2015 às 08h00.

São Paulo – O Telegram, serviço de mensagens instantâneas, ficou bastante conhecido na última semana, depois que a justiça brasileira decretou bloqueio do WhatsApp.

Em poucas horas, 5,7 milhões de brasileiros baixarem o aplicativo, que já é usado por 62 milhões de pessoas pelo mundo, para mandar mais de 10 bilhões de mensagens todos os dias.

No entanto, o criador do serviço, o russo Pavel Durov, é bem mais desconhecido. Exilado da Rússia por conta própria, ele acumula disputas com o governo russo e muda constantemente de casa.

Ele afirmou, ao Financial Times, que Edward Snowden é seu maior ídolo. Pavel chegou, inclusive, a oferecer publicamente uma vaga de emprego para o ex-funcionário da americana NSA e que divulgou diversos dados secretos do governo americano. Snowden, também exilado, recusou a oferta.

Além disso, o seu aplicativo é um dos preferidos do Estado Islâmico para conversas secretas e propagandas, por ter um alto nível de criptografia de mensagens.

“Zuckerberg Russo”

A primeira de Durov companhia foi a VKontakte, maior rede social na Rússia, criada ao lado de seu irmão Nikolai, em 2006. Pavel Durov foi diversas vezes chamado de "Zuckerberg russo", pelo sucesso que o site faz no país.

No entanto, depois que ele se recusou a fornecer dados de usuários ucranianos para a Rússia e se negou a fechar páginas de oposição ao então candidato Vladimir Putin, Durov ficou marcado pelo governo russo.

Em 2013, 40% da rede foi comprada pelo fundo aliado do governo, United Capital Partners. A rede social valia 2 bilhões de dólares e obteve faturamento de 172 milhões de dólares naquele ano; a UCP esperava, então, que o valor chegue a 10 bilhões de dólares em uma década.

Durov deixou a diretoria da VK em abril de 2014. Ele também deixou a própria Rússia, em exílio auto-imposto, mudando de país a cada poucos meses.

Nas últimas semanas, ele postou, em sua conta no Instagram, fotos em resorts paradisíacos na Indonésia, em mares de Bali, prédios em Paris, Roma, Florença e Veneza.

Telegram

Enquanto ainda trabalhava na VK, Durov criou o Telegram. A ideia para o serviço de mensagens surgiu em 2011, depois que uma ofensiva da SWAT invadiu sua casa em São Petesburgo, na Rússia.

Isso ocorreu logo depois que ele se recusou a tirar páginas de oposição do ar e foi quando ele se deu conta que não possuía nenhuma forma segura de conversar com seu irmão.

Por isso, o Telegram possui mensagens criptografadas, senhas para conversas e mensagens que podem se apagar em alguns minutos. A empresa chegou a oferecer 200.000 dólares para quem conseguisse quebrar o sistema do aplicativo, chamado MTProto.

Desde que foi lançado, em agosto de 2013, o Telegram já atraiu mais de 62 milhões usuários em todo o mundo e ocupa o topo de downloads em diversos países.

Quando o WhatsApp foi bloqueado no Brasil, ainda que por apenas algumas horas, 5,7 milhões de brasileiros baixarem o Telegram.

Entre as vantagens do serviço, estão o fato de poder se conectar pelo computador, tablet e smartphone ao mesmo tempo, velocidade otimizada, menor uso de espaço no celular, pesquisas com GIF e, principalmente a segurança.

O serviço permite enviar arquivos de até 1,5 GB de diversos formatos, como .doc, .zip e .mp3, e criar grupos para até 1.000 pessoas. Acima de tudo, a empresa atesta que o aplicativo é gratuito e sempre será.

Ele é financiado com as reservas de Pavel Durov que, todo mês, desembolsa 1 milhão de dólares no serviço. Quando este dinheiro acabar, diz a empresa, ela irá sobreviver de doações e recursos adicionais pagos.

Usuários perigosos

Além de atrair milhões no mundo todo, o aplicativo também incomoda governos e forças policiais e se tornou um dos meios preferidos de comunicação e propaganda do grupo terrorista Estado Islâmico, justamente por conta da confidencialidade dos dados.

Pelo aplicativo, o grupo terrorista declarou responsabilidade pelos atentados de Paris, que deixaram 129 mortos, e pelo ataque ao avião russo, que caiu no Egito, matando 224.

Depois da tragédia, o aplicativo fechou 78 grupos de discussão, ligados ao grupo, que eram públicos. Os usuários, no entanto, não foram afetados.

Mesmo assim, Pavel Durov não divulgou dados dos usuários, pois para ele a segurança é mais importante, já que “o Estado Islâmico sempre irá encontrar outro meio de se comunicar”, afirmou.

Acompanhe tudo sobre:AppsÁsiaEmpresasEmpresas americanasEmpresas de internetempresas-de-tecnologiaEstado IslâmicoEuropaFacebookInternetPresidentes de empresaRedes sociaisRússiaWhatsApp

Mais de Negócios

Metodologia: como o ranking Negócios em Expansão classifica as empresas vencedoras

Cacau Show, Chilli Beans e mais: 10 franquias no modelo de contêiner a partir de R$ 30 mil

Sentimentos em dados: como a IA pode ajudar a entender e atender clientes?

Como formar líderes orientados ao propósito

Mais na Exame