Jato da Embraer: vendas da companhia totalizaram R$ 14,4 bilhões nos 12 meses finalizados em março (Balint Porneczi/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2014 às 16h48.
São Paulo - Numa época em que companhias aéreas estão apertando os passageiros ao cobrar em média US$ 25 pelas bagagens despachadas, a Embraer está criando mais espaço para a bagagem de mão.
O E-Jet de segunda geração da Embraer terá compartimentos superiores com um volume por passageiro pelo menos 40 por cento maior do que os modelos atuais, segundo a empresa.
Será o único avião de corredor único a permitir que cada viajante guarde uma mala com rodinhas, o que dará à Embraer uma vantagem única para promover suas vendas.
A fabricante de aviões está apostando que pode superar em vendas a Mitsubishi Aircraft, a Sukhoi e a Bombardier dando às linhas aéreas uma forma de apaziguar clientes há muito acostumados a perder benefícios num setor preocupado com a renda.
Os lucrativos passageiros corporativos são especialmente mais propensos a rejeitar as linhas aéreas que não oferecem espaço para a bagagem de mão.
“A Embraer e as empresas que operarem seus novos E-Jets serão as heroínas de todos os viajantes incomodados caso os novos aviões da Embraer possibilitem que cada passageiro guarde uma mala padrão no compartimento superior”, disse por e-mail Henry Harteveldt, analista da indústria de viagens e fundador do Atmosphere Research Group em São Francisco.
“As atuais limitações de armazenamento de malas no compartimento superior frustram tanto os passageiros quanto os tripulantes de cabine, pois eles têm dificuldade para encontrar espaço nos compartimentos superiores para os últimos passageiros a embarcar, o que contribui para os atrasos dos voos”.
Os compartimentos nos novos E-Jet acomodarão bagagens de 56 x 46 x 25 centímetros de tamanho, segundo Cláudio Camelier, vice-presidente de inteligência de mercado da divisão de aviação comercial da Embraer.
A medida é maior do que os limites de bagagem de mão (56 x 35,77 x 23 centímetros) que a United Continental Holdings começou a utilizar em março para todos seus aviões, não apenas jatos regionais.
Satisfação do passageiro
As companhias aéreas buscam primeiro a eficiência operacional ao comprar aviões novos, incluindo custos baixos de manutenção e combustível, “mas não menos importante é a satisfação dos passageiros em voar naquele determinado tipo de avião”, disse Camelier em entrevista por telefone.
“Hoje, os passageiros têm toda uma liberdade para acessar informações na internet, ver o voo que de fato seja o mais confortável para eles, ou ver opiniões de outros passageiros em blogs”, disse Camelier.
“As empresas aéreas, obviamente, prestam cada vez mais atenção às demandas específicas dos passageiros, particularmente na questão do conforto da cabine”.
A Embraer, com sede em São José dos Campos, São Paulo, enfrenta a diminuição do mercado para os menores jatos comerciais. As remessas de jatos regionais caíram de um pico de 244 em 2004 para 150 no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg Industries.
A empresa está contando com a estratégia de aprimoramento para superar a Bombardier, que manterá sua linha atual de jatos regionais e investirá no CSeries, um avião totalmente novo e maior que foi adiado várias vezes e não conseguiu atrair muitas linhas aéreas importantes.
A Bombardier, com sede em Montreal, não respondeu a um pedido de comentários sobre sua abordagem.
Mais lucrativa
As vendas da Embraer totalizaram R$ 14,4 bilhões (US$ 6 bilhões) nos 12 meses finalizados em março, comparadas com US$ 18,2 bilhões para a Bombardier.
A Embraer operava a 14 vezes os lucros estimados para 2014, comparada com 9,6 vezes para a Bombardier, segundo dados compilados pela Bloomberg.
A Embraer subiu 61 por cento desde novembro de 2011, quando decidiu ir adiante com o E2, até ontem, ao passo que o índice Ibovespa do Brasil recuou 7,3 por cento. A Bombardier caiu 6,7 por cento.
Os passageiros provavelmente ficarão contentes com a mudança da Embraer, disse Brett Snyder, administrador do blog Cranky Flier sobre a indústria de aviação.
A falta de espaço nos compartimentos superiores tinha se tornado uma característica dos jatos regionais e frustrava os passageiros que passavam de aviões grandes a outros menores em conexões.
“Guardar a mala no compartimento superior – é uma luta constante para qualquer um em todos os voos”, disse Snyder. “Isto criará um produto mais padronizado”.