AVIÃO: companhias lucram com bagagem de mão, tablet, cobertor, fone de ouvido / Andy Rash/The New York Times
Da Redação
Publicado em 10 de abril de 2017 às 15h00.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h37.
Justin Sablich
© 2017 New York Times News Service
Quanto vale um cobertor em um avião gelado? Não vale 12 dólares, pelo menos não para um passageiro de um voo recente da Hawaiian Airlines que ia de Las Vegas para o Havaí. Um homem de 66 anos teve que pagar esse valor pelo cobertor, mas nada a mais, apesar de ter feito o voo desviar para Los Angeles. Segundo reportagens, o passageiro foi considerado “indisciplinado” pela polícia do aeroporto depois de dizer que “gostaria de levar alguém para os fundos de um bosque por causa disso” e foi retirado do voo.
“Desviar um voo com certeza não é nossa primeira escolha, mas a equipe achou necessário descer em Los Angeles e retirar o passageiro antes de começar a voar sobre o Oceano Pacífico”, explicou a companhia aérea em um comunicado.
George Hobica, fundador do site Airfarewatchdog.com, afirma: “Acho que a Hawaiian deveria apenas ter dado o cobertor a ele de graça. Fazer aquele pouso de emergência custou milhares de dólares à companhia. E essa taxa parece mais estúpida do que exorbitante”.
Como muitos passageiros têm notado, taxas adicionais estão se tornando mais e mais comuns. Hobica diz que a cobrança que mais enerva os passageiros é a de alteração de voo, que custa em média 200 dólares para trechos domésticos. Mas isso não significa que as taxas menores não sejam irritantes.
Um estudo recente do aplicativo de preços de passagens Hopper mostrou que as companhias aéreas estão cada vez mais “dividindo” seus voos, oferecendo uma base mais baixa de preço para os passageiros entrarem no avião e depois fazendo com que paguem à parte para quase tudo mais, de marcação de assentos à bagagem e suprimentos como alimentação, entretenimento e, aparentemente, cobertores. Essas taxas secundárias agora representam quase dez por cento do total da receita das companhias, segundo o Hopper.
O problema é que essas cobranças variam muito de companhia para companhia e de classe para classe, o que significa que comparar os preços básicos de passagens está quase perdendo o sentido.
“Da perspectiva do consumidor, isso resulta em uma confusão cada vez maior e torna frustrante e difícil a compra por comparação e o entendimento dos custos totais da viagem”, explica Patrick Surry, cientista chefe de dados do Hopper.
A Spirit, por exemplo, oferece as passagens básicas mais baratas das oito companhias aéreas estudadas pelo Hopper, com um preço médio de 356 dólares, mas cobra grande parte da bagagem (50 dólares pela primeira mala e 111 pela segunda) e pela troca de voos (250 dólares). Some a isso 35 dólares pela bagagem de mão e, se você vai viajar com duas malas despachadas e fez uma mudança no voo, pode estar pagando mais do que o dobro do preço básico do bilhete.
Recentemente, o Hopper lançou o recurso Fair Bear que tem como objetivo ajudar a destrinchar as restrições e taxas associadas ao voo, conta Surry.
Mas há mais coisas que o viajante pode fazer para manter os custos da viagem aérea mais próximos do preço original. Aqui vai o que é preciso saber sobre as cobranças mais comuns e mais caras.
Taxa de Alteração
A taxa de alteração não é apenas a mais custosa, mas também a mais difícil de evitar. E nem pense em cancelar o voo.
O estudo do Hopper (que não possui dados da Southwest e da Delta) descobriu que uma reserva não-reembolsável em um voo doméstico na cabine principal normalmente pode ser alterada, mas por um preço. Por exemplo, a United cobra uma média de 200 dólares para mudar um voo doméstico, enquanto na Virgin America a taxa é de 125 dólares, a mais baixa entre as companhias pesquisadas.
“Quanto mais alta a taxa de alteração em uma passagem não reembolsável, maior o incentivo para alguns passageiros simplesmente comprarem um bilhete reembolsável mais caro”, diz Hobica.
Se você costuma fazer mudanças nos voos, tente reservar pela Southwest, que é a única companhia aérea doméstica importante que não cobra pelo cancelamento ou alteração de passagem. A Alaska Airlines também deixa fazer mudanças, mas em um prazo de 60 dias (caso contrário, a alteração sai por 125 dólares)
Não espere essas taxas ficarem mais baratas ou desaparecerem em breve, a não ser que as empresas acabem de uma vez com a opção de alterar os voos.
“Não ficaria surpreso de ver as taxas de alteração chegarem a 250 dólares ou que as mudanças e cancelamentos fossem completamente eliminados, como as empresas fizeram com suas passagens “econômicas básicas”, afirma Hobica.
Taxas de Bagagem
As taxas para bagagens padrão para voos domésticos permanecem estáveis há vários anos em 25 dólares (a Spirit e a Frontier cobram mais), mas as companhias compensam cobrando por malas acima do tamanho padrão, que vem crescendo ao longo dos anos, segundo Hobica.
Mais uma vez, a Southwest é a campeã da taxa zero e não cobra por malas despachadas (com restrições de tamanho e peso). Não há muitas mudanças sobre esse assunto para as outras empresas (a não ser em voos internacionais).
“Outra tendência recente é que mais companhias começaram a cobrar pela bagagem de mão”, afirma Surry. A Spirit e a Frontier já fazem isso.
“As três grandes empresas domésticas estão seguindo um modelo parecido com suas taxas básicas, onde a mala de mão pode não ser permitida a não ser que você queira pagar mais”, explica Hobica, referindo-se à United, Delta e American.
A United, por exemplo, permite apenas um item pessoal em sua recém-criada categoria Econômica Básica, o que significa que você precisa pagar apenas para usar o bagageiro interno.
Em geral, aprender a fazer bem as malas é a melhor maneira de diminuir as taxas de bagagem; pesar sua mala antes de sair de casa ajuda a ter certeza de que não haverá nenhuma surpresa na hora do check-in.
Taxas Internas
E agora chegamos ao cobertor de 12 dólares. “O passo mais importante para reduzir o custo total é planejar cuidadosamente quais serviços extras você vai usar quando viajar e prestar atenção nos adicionais que serão cobrados se não estiverem incluídos no preço básico”, explica Surry.
A maioria dos sites das empresas aéreas tem uma lista dessas taxas, que variam a cada companhia, preço de passagem e voo, então o negócio é pesquisar.
A American e a Delta deixaram a maioria das opções de entretenimento dentro do avião de graça no ano passado, mas muitas outras, entre elas a Southwest e a Hawaiian, ainda cobram por filmes e televisão.
Trazer seu próprio tablet com conteúdo já baixado (não esqueça os fones de ouvido, pelos quais muitas aéreas também cobram) agora é simples e você evita pagar pelo que vai assistir. Muitas companhias permitem acesso a opções gratuitas de entretenimento por meio de aplicativos que o passageiro precisa baixar com antecedência. Você também vai evitar taxas potenciais pelo aluguel de tablets; as empresas domésticas cobram entre 8 e 15 dólares, dependo da duração do voo.
Outra maneira razoável de economizar é comer no aeroporto ou embarcar com um sanduíche. E não se esqueça de colocar roupas apropriadas; ninguém quer pagar 12 dólares por um cobertor.