Negócios

Nintendo encara final de uma era depois de fraqueza do 3DS

Resultados ruins do videogame portátil já fizeram as ações da empresa caírem quase 50% em 2011

O Nintendo 3DS ainda não conseguiu atingir os resultados esperados pela empresa (Divulgação/Nintendo)

O Nintendo 3DS ainda não conseguiu atingir os resultados esperados pela empresa (Divulgação/Nintendo)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2011 às 13h27.

Tóquio - A tentativa de resgate da Nintendo do portátil 3DS não restaurou o ânimo do mercado, resultando em queda de 5 por cento nas ações da empresa e em séria preocupação de investidores sobre a companhia que tenta reconquistar usuários.

Na terça-feira, o presidente da Nintendo, Satoru Iwata, lançou uma linha de videogames que descreveu como sem precedentes para atrair todos os tipos de consumidores e também um novo acessório: um slidepad de 1,5 mil ienes (19 dólares) que será necessário para alguns jogos.

Mas os analistas e investidores consideraram que os novos jogos são pouco atraentes e em geral irrelevantes diante dos títulos baratos ou gratuitos para o aparelhos como o iPhone e iPad, da Apple, e para os celulares inteligentes equipados com o sistema operacional Google Android.

A Nintendo foi criticada por aderir com rigidez excessiva ao próprio hardware, o que significa que não tem acesso à nova geração de aparelhos móveis.

"Não acredito que os jogos novos farão diferença", disse Mitsushige Akino, diretor geral de fundos da Ichiyoshi Investment. "A Nintendo conquistou o sucesso atraindo pessoas que não eram adeptas dos videogames, e agora que a empresa já não atende as necessidades desse grupo, ele está sendo ocupado por jogos para celulares."

As ações da Nintendo fecharam em baixa de cinco por cento nesta terça-feira, em um mercado forte. Elas mostram queda de quase 50 por cento no ano, por efeito do fracasso do 3DS e das dúvidas de que a companhia conseguirá repetir o sucesso do Wii com a nova geração do console, o WiiU, anunciado em junho.

A Nintendo foi forçada a anunciar cortes de preços de até 40 por cento em julho para tentar estimular a demanda morna pelo 3DS, uma versão 3D do DS que não precisa de óculos especiais. Mas a estratégia só serviu para elevar as vendas temporariamente.

Em julho, a empresa reduziu sua projeção de desempenho para o ano fiscal que se encerra em março aos valores mais baixos em 27 anos, e se preparou para prejuízos causados pelo 3DS e pela força do iene.

No salão de conferências em que a empresa anunciou seus novos produtos, em Tóquio, o clima era de desânimo até que a chegada de Shigeru Miyamoto, o principal designer dos games da Nintendo, que chegou à apresentação armado com uma espada e escudo de brinquedo, causou algumas risadas. Mas a exibição de uma série de imagens de jogos do 3DS que mostraram Iwata e Miyamoto como jovens apaixonados foi recebida com silêncio pelo público.


Nova linha de jogos

"Do final deste ano ao começo do próximo, planejamos lançar uma linha extensa, provavelmente nunca vista na história dos videogames", disse Iwata a repórteres e convidados. "Faremos um grande esforço para garantir que o 3DS consiga vendas suficientes para se firmar como sucessor do DS", disse Iwata.

A tarefa não será fácil, já que os modelos anteriores do DS venderam total acumulado de 148 milhões de unidades até o final de junho deste ano. O aparelho, em companhia do console Wii, permitiu que a Nintendo dominasse o setor de videogames por anos.

No Japão, as vendas do 3DS saltaram a 200 mil unidades na semana do corte de preços, mas não demoraram a recuar a 55 mil unidades semanais, de acordo com o grupo de pesquisa Enterbrain.

Isso deixa apenas o famoso conteúdo da companhia, que mantém severo sigilo e jamais permite que seus jogos sejam distribuídos em versões para hardware de outras empresas, como fonte de alta nas vendas.

"A única maneira da Nintendo retomar a força seria deixar de lado os jogos móveis e se concentrar em jogos para a família toda no Wii", disse Makoto Kikuchi, presidente-executivo da Myojo Asset Management. "No momento, porém, não creio que essa mudança venha a acontecer."

Iwata reduziu seu salário em 50 por cento, e outros executivos sofreram cortes de 20 a 30 por cento, como forma de assumir a responsabilidade pelo mau desempenho.

Enquanto isso, as ações da produtora Capcom desabaram 8,3 por cento depois que a empresa anunciou que a nova versão de seu sucesso Monster Hunter está sendo desenvolvida para o 3DS.

A Nintendo reduziu o preço do aparelho depois que suas vendas encolheram a apenas 710 mil unidades no segundo trimestre, ante 3,6 milhões no mês posterior ao lançamento. O volume representa apenas uma fração da meta anual de 16 milhões de unidades.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasGamesNintendo

Mais de Negócios

Lee, M.Officer e Zoomp: como estão as marcas de calças jeans que bombavam nos anos 1980 e 1990

Especialista prevê as novas tendência de IA para 2025

Gestão de performance: os 5 erros mais comuns e como evitá-los

Vender a casa e continuar morando nela? Startup capta R$ 100 milhões para acelerar essa ideia