Alessandro Carlucci, presidente da Natura: crescimento trimestre após trimestre
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2012 às 16h42.
EXAME escolheu a Natura a Empresa do Ano na 36ª edição de Melhores e Maiores, o mais importante ranking de companhias do país. A maior fabricante brasileira de cosméticos ganhou o prêmio pela segunda vez por ter sido uma das empresas que melhor atravessou a crise mundial. As vendas da companhia aceleraram trimestre após trimestre. Ao final do agitadíssimo ano de 2008, seu faturamento havia ultrapassado os 2 bilhões de dólares. E o lucro atingiu 191 milhões de dólares. A Natura também se destacou entre as demais fabricantes de bens de consumo na rentabilidade, com uma taxa de 36,9%, uma das mais altas desse mercado.
Durante a cerimônia de Melhores e Maiores, que aconteceu na noite desta terça-feira em São Paulo, foram premiadas as empresas de 18 setores que mais se destacaram no ano passado. Veja a lista de todos os vencedores na tabela abaixo:
Setor | Empresa | Por que ganhou? |
Atacado |
BR
Distribuidora |
Depois de reformular sua estrutura, a empresa colecionou ótimos resultados em 2008, enquanto várias concorrentes passaram por apuros |
Autoindústria |
Suspensys
|
Fornecedora de eixos e suspensões para as montadoras mantém uma das taxas mais altas de evolução de receita da autoindústria |
Bens de Capital |
Atlas Schindler
|
Impulsionada pelo crescimento da construção civil, a Atlas lucrou quase 30% mais do que em 2007 |
Bens de Consumo |
Natura
| Depois de uma grande reestruturação, a Natura cresceu e faturou mais de 2 bilhões de dólares em 2008 |
Eletroeletrônico |
Prysmian
|
A produção em alta de petróleo e as vendas recordes de automóveis impulsionaram os lucros da Prysmian |
Energia |
AES Tietê
|
A venda de energia a uma empresa coligada impulsiona os resultados da AES Tietê |
Farmacêutico |
Roche
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A Roche muda o foco e prospera com a venda de medicamentos para o tratamento de doenças graves, como câncer e hepatite |
Indústria da Construção |
Engevix
|
Os contratos com a Petrobras fizeram a receita da Engevix aumentar dez vezes nos últimos anos. Agora, a construtora quer outros clientes |
Indústria Digital |
UOL
| O portal de notícias mais visitado do país busca transformar essa visibilidade em mais receita |
Mineração |
CBMM
| A mineradora surfou como poucos a onda da globalização. Com a crise, a esperança é que os chineses a ajudem a retomar o brilho |
Papel |
Santher
|
Por quase dez anos, a empresa operou no vermelho ou com baixos lucros. Mas uma bem-sucedida reestruturação mudou sua história |
Química e Petroquímica |
Fosfértil
|
A empresa superou os altos e baixos do agronegócio em 2008 e se preparou para dobrar a capacidade de produção |
Serviços |
Visanet
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A líder no mercado de cartões fez o maior IPO da história da Bovespa e se prepara para o aumento da competição no setor |
Siderurgia e Metalurgia |
CSN
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Mesmo com a queda da demanda por aço, a CSN mantém os projetos para diversificar os negócios |
Telecomunicações |
Telefônica
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Para vencer a concorrência, a Telefônica ampliou a oferta de serviços. Agora, terá de dar um salto para melhorar a qualidade |
Têxteis |
Beira Rio
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A Beira Rio desiste de concorrer com os chineses no exterior, investe no mercado interno e colhe resultados acima da média |
Transporte |
Localiza
| A empresa mineira Localiza mantém a liderança e consegue um resultado acima da média |
Varejo |
B2W
|
Com pouco mais de dois anos de vida, a B2W domina quase metade do comércio eletrônico e supera sua "empresa-mãe" |
A cerimônia contou com a presença dos mais importantes empresários do país; do ministro da Fazenda, Guido Mantega; do presidente do BNDES, Luciano Coutinho; do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli; e do presidente do conselho de administração do grupo Abril, Roberto Civita.
Balanço de 2008
O ano passado foi particularmente difícil para as empresas a partir do segundo semestre, quando a crise financeira mundial se agravou. As grandes companhias brasileiras haviam registrado vendas recordes nos primeiros três trimestres. No balanço final, passaram pela prova de fogo, fechando o ano com um crescimento de 5%. Para Roberto Civita, o Brasil conseguiu provar que está mais forte e que vai se recuperar antes dos outros países apesar de o mundo viver hoje sua pior crise desde a Grande Depressão. "Estamos em uma posição singular. Temos a chance de encorpar nossas defesas e sair mais fortes", afirmou ele no discurso de abertura da cerimônia.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o país ganhou maior relevância mundial ao demorar mais que os outros para entrar na crise e sair antes dela. "O Brasil deixou de ser um coadjuvante para ser um protagonista nos processos históricos globais". As medidas anunciadas pelo governo para a ampliação do crédito e para a desoneração tributária permitiram que a indústria automobilística tenha as maiores vendas da história no primeiro semestre. E ainda há medidas cujo impacto ainda vai ser sentido na economia, como o programa "Minha Casa, Minha Vida", que prevê a construção de 1 milhão de casas.
Já o presidente da Natura, Alessandro Carlucci, fez um discurso focado na sustentabilidade. "Mais do que uma crise financera, ambiental ou social, estamos vivendo um mundo pedindo uma evolução", disse ele ao receber o prêmio de Empresa do Ano. "O jeito que o mundo está crescendo não é sustentável. O desafio de todas as empresas é fazer um mundo melhor. Este é um momento que nos convida a se reinventar, repensar o jeito de fazer negócios. O Brasil pode mostrar um modelo de desenvolvimento para o mundo", afirmou.
Escolha das empresas
O ranking de Melhores e Maiores selecionou as empresas que se saíram melhor nesse ambiente de crise. Não se trata de uma escolha arbitrária da redação da revista EXAME nem da equipe técnica da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, da Universidade de São Paulo) que assessora a publicação e analisa as demonstrações contábeis enviadas pelas empresas.
As melhores empresas identificadas em 18 setores da economia despontaram pelo sucesso que obtiveram na condução de seus negócios e na disputa de mercado com as concorrentes no ano que passou comparativamente ao exercício anterior. O critério para avaliar o sucesso é basicamente uma comparação dos resultados obtidos em termos de crescimento, rentabilidade, saúde financeira, participação de mercado e produtividade por empregado.
Para a escolha dos premiados, foram avaliados dados de mais de 3.500 empresas. Todas publicaram demonstrações contábeis no "Diário Oficial" dos estados ou enviaram seus resultados para análise de Melhores e Maiores. Empresas de porte significativo que preferem não divulgar resultados tiveram seu faturamento estimado por analistas.