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Na corrida pelo primeiro R$ 1 bi, Sankhya anuncia sexta aquisição e prevê mais duas até o fim do ano

No mercado de 1989, a empresa mineira de software de gestão tem investido em aquisições para buscar uma receita de R$ 1 bilhão em 2025

André Britto, da Sankhya: "É uma aquisição que vira um ponto de diferenciação adicional com solução fiscal" (Sankhya/Divulgação)

André Britto, da Sankhya: "É uma aquisição que vira um ponto de diferenciação adicional com solução fiscal" (Sankhya/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 15 de maio de 2024 às 08h50.

Última atualização em 15 de maio de 2024 às 13h20.

Após seis meses de namoro, a Sankhya está anunciando a aquisição da Asis, uma empresa de gestão de tributos de São Paulo. A transação é mais um passo na recente jornada da empresa de gestão e ERP mineira em busca do marco de alcançar o faturamento de R$ 1 bilhão em 2025.

A compra é a sexta da Sankhya desde 2021, quando colocou em curso o projeto após receber um aporte de R$ 425 milhões do fundo soberano de Singapura (GIC) um ano antes. Nas décadas anteriores, a empresa fundada pelos irmãos Felipe Calixto e Fábio Túlio, em 1989, em Uberlândia, tinha mantido uma postura low profile - em mineirês, comido quieto. 

A Sankhya está em um mercado em que atuam nomes de pesos, como a brasileira Totvs e alemã SAP, operações bilionárias com atuação internacional.

A cada negociação, a mineira buscado ocupar novos espaços e complementar a sua oferta de serviços aos clientes, fechando as lacunas em termos de produtos. Nesta toada, a empresa trouxe para o grupo a Neppo Tecnologia, de inteligência artificial para comunicação empresarial omnicanal, a PontoTel, de folhas de ponto; a Ploomes, com CRM; a Mindsight, com soluções para o RH e a Meetime, de sales engagement.

E agora a Asis, plataforma que permite a gestão tributária em tempo real, mapeamento das alíquotas e identificação de eventuais erros na tributação. “É uma aquisição que complementa a nossa jornada e vira um ponto de diferenciação adicional com solução fiscal e compliance embutida dentro do ERP”, afirma André Britto, CFO e porta-voz do Grupo Sankhya. 

Quais são os próximos passos

Fundada em Barueri, em 2010, a Asis conta com um time de 60 funcionários e é conhecida por reunir em uma só plataforma 16 soluções que auxiliam a vida de quem mexe com dados tributários. No portfólio, atende mais de 3,5 mil clientes, entre empresas e escritórios contábeis, como Roche, LG, Decathlon e Michelin.  

Os valores da transação não foram revelados nem a participação negociada. Tradicionalmente, a Sankhya tem adquirido entre 51% e 70% das operações como forma de assumir o controle. Ulisses Brondi, fundador e CEO da Asis, continuará na empresa, que se manterá como uma estrutura independente. 

A integração entre os negócios das duas empresas está prevista para ter início no segundo semestre do ano. A captura de sinergia é um dos ativos explorados pela Sankhya para movimentar o negócio, a partir de estratégias de vendas cruzadas. 

Em geral, as adquiridas têm crescido em torno de 50% a 60% por ano. “Todas estão crescendo muito, a estratégia está sendo bem efetiva”, diz Britto.

No período, a empresa também tem migrado o modelo de negócio, estruturando os seus produtos em um sistema de receita recorrente, e ampliado os canais de venda. Em outro esforço, ampliou os investimentos em marketing e começou a patrocinar personalidades como o técnico Bernardinho e a ginasta Rebeca Andrade, em busca de exposição nacional.

Desde a mudança de postura no mercado em 2020, a Sankhya avançou em faturamento de R$ 192 milhões para R$ 423 milhões em 2023. Em clientes, o quadro pulou de 15 mil para 35 mil clientes. 

A empresa atua no middle market, atendendo, principalmente, negócios com faturamento anual entre R$ 10 milhões e R$ 500 milhões. No portfólio estão empreendimentos dos setores industrial, atacado e distribuição e serviços como Flormel, Cepêra, NatuHair, Rommanel e Algar Telecom. 

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O caminho até o R$ 1 bilhão

A despeito do crescimento dos últimos anos, a companhia mineira tem uma estrada para chegar ao número mágico, entendido como o passo para um futuro IPO. A próxima marca é faturar R$ 600 milhões neste ano, o que representa alta de 42% em relação aos R$ 423 milhões registrados em 2023.  

Para a meta de R$ 1 bilhão, a empresa precisará bater um recorde em sua trajetória e crescer mais de 60% no período de 12 meses - considerando a receita estimada em 2024. Além do azeitar a sinergia entre as investidas, a expansão, segundo cálculos internos, virá a partir da incorporação de novos negócios. A expectativa é de que mais duas passem a integrar o grupo ainda ao longo deste ano. 

"Para conseguirmos chegar lá é uma combinação de alguns fatores. Temos um desafio grande e estamos trabalhando para conseguir atingir nossos objetivos", diz Britto. Pelo visto, a Sankhya aplica a famosa expressão mineira "é logo ali" na prática.

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