São Paulo - Em meio à queda das vendas no setor automotivo, a General Motors está limando custos superficiais e adotando medidas como redução da jornada de trabalho para não perder tanto em tempos difíceis.
“Estamos cortando os custos que não são estratégicos, pelos quais o cliente não paga”, disse Santiago Chamorro, presidente da GM do Brasil, no Fórum Direções, da Quatro Rodas .
Entre as reduções de despesas, está o cafezinho gratuito que era oferecido aos funcionários. O mimo gerava “grandes custos e muito desperdício”, diz Chamorro.
Enquanto o mercado automotivo não melhorar, a montadora continuará fazendo lay offs e dando férias coletivas a seus funcionários, afirmou o presidente.
“Iremos usar todas as alternativas”, disse. No acumulado do ano, a venda total de carros no Brasil caiu 19,4% até agosto.
Além disso, a GM quer elevar o nível de preços de seus carros, apesar de considerar que isso é muito difícil no cenário atual. “Com o real desvalorizado, precisamos aumentar os preços”, disse o presidente no evento.
Uma alternativa para as vendas fracas no mercado nacional é aumentar as exportações. As vendas para fora de veículos fabricados no Brasil devem crescer mais de 70% neste ano em relação a 2014, disse o presidente da montadora.
De acordo com ele, serão 60 mil unidades exportadas em 2015, ante 35 mil veículos no ano passado.
Investimentos dobrados
Entretanto, em julho a montadora anunciou que iria dobrar os seus investimentos no Brasil até 2019, de 6 bilhões de reais para 13 bilhões de reais, considerando o cenário a longo prazo.
De acordo com o presidente, o país ainda tem um grande potencial para a indústria automotiva.
“O Brasil vai voltar a crescer, tomara que seja rápido”, brincou ele.
A empresa também está trazendo produtos mais sofisticados para o mercado brasileiro. Ontem, 28, a GM anunciou a chegada do OnStar, um novo serviço de atendimento ao consumidor.
Inicialmente disponível apenas para o Cruze, o produto conta com vigilância remota e auxílio no caso de roubos e acidentes.
A central de atendimento também pode atuar como concierge, fazendo reservas de restaurantes, por exemplo.
São Paulo - Em meio ao cenário econômico desafiador e à queda no consumo, empresas de diversos setores estão colocando o pé no freio. Investimentos reduzidos, cortes de custos e demissões são termos frequentes no noticiário atual. A
indústria automobilística , entretanto, tem sido uma das mais afetadas pela crise. No semestre passado, as vendas de
carros no país caíram 20,7% ante o mesmo período de 2014, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Entre janeiro e junho, cerca de 7.600 trabalhadores do segmento perderam seus empregos, ainda de acordo com a organização. Nas fotos a seguir, veja dados que ilustram a (complicada) situação das grandes
montadoras durante a primeira metade do ano e conheça as medidas que foram tomadas para tentar revertê-la.
2. GM 2 /7(Dado Galdieri/Bloomberg)
De janeiro a junho, a
General Motors vendeu 171.069 carros no país, 27,5% menos do que havia conseguido emplacar no mesmo período do ano passado, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Só na matriz da montadora, em São Caetano do Sul, 1.386 pessoas foram desligadas e 1.527 funcionários tiveram seus contratos temporariamente suspensos (lay-off) durante o semestre, segundo o sindicato dos metalúrgicos da região. Além disso, nessa fábrica, 332 empregados aderiram ao programa de demissão voluntária proposto pela empresa. Na mesma planta, apenas no mês de junho, cerca de 5.500 funcionários foram afastados. Do dia ao dia 10 eles tiveram folga e, de 11 a 26 eles entraram em férias coletivas.
O objetivo era baixar os estoques. No mesmo mês, a montadora colocou outros
6.200 trabalhadores em férias coletivas nas unidades de São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS). Apesar de tudo, a GM parece confiante na recuperação do mercado a longo prazo. Ela anunciou no começo de agosto
que vai investir 6,5 bilhões de reais no desenvolvimento de uma nova linha de veículos que deve começar a ser produzida em 2019. Procurada, a montadora não comentou os números.
3. Volkswagen 3 /7(Susana Gonzalez/Bloomberg)
Durante o primeiro semestre, a
Volkswagen vendeu 158.058 veículos, 31,7% menos do que no mesmo período de 2014, conforme dados da Fenabrave. Por conta da queda na demanda, a montadora enfrentou uma série de dificuldades. Em janeiro, ela demitiu 800 funcionários da matriz, em São Bernardo do Campo (SP). Inconformados, os trabalhadores da planta ficaram em greve por 12 dias, o que fez com que a empresa
revogasse os desligamentos. Ela então assinou um acordo de estabilidade e abriu um PDV (programa de demissão voluntária), que teve a adesão de cerca de 800 pessoas, segundo o sindicato local. Na mesma planta, para reduzir o ritmo de produção, toda a equipe (cerca de 8.000 pessoas)
ficou em férias coletivas durante 10 dias do mês de maio. Em junho, 220 trabalhadores da mesma fábrica tiveram os contratos suspensos (lay-off) e duas paradas técnicas (shutdown) foram feitas, de acordo com o sindicato. Na unidade de Taubaté (SP), em março, 250 operários entraram em lay-off e
4.200 tiraram férias coletivas. No mesmo mês, por
problemas no abastecimento de bancos, a montadora teve as atividades paralisadas por três dias tanto na fábrica de Taubaté quanto na de São Bernardo. Mesmo com as dificuldades, a companhia anunciou um i
nvestimento de 460 milhões de reais na sua fábrica de motores em São Carlos (SP). Procurada, a Volkswagen disse que "tem feito uso de ferramentas de flexibilização para adequar o volume de produção à demanda do mercado”.
4. Ford 4 /7(Julia Carvalho/EXAME.com)
As vendas da
Ford caíram 4,64% no primeiro semestre, na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 124.631 veículos comercializados, segundo a Fenabrave. Em março, a montadora abriu um PDV (programa de demissão voluntária) na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), com adesão de 206 trabalhadores, segundo o sindicato local. Ainda na unidade, toda a produção ficou em férias coletivas de 11 a 22 de maio, mesmo mês em que 200 funcionários entraram em lay-off. A planta, que emprega cerca de 3.000 pessoas ficou sem produzir de 1º a 5 de junho e também sofreu com duas paradas naquele mês: nos dias 12 (para 70% da equipe) e 26 (para a linha de automóveis). A montagem de caminhões da fábrica também parou entre 22 de junho a 1º julho, e cerca de 900 operários foram afetados. Já na fábrica de Taubaté,
137 pessoas que estavam afastadas por meio de lay-off foram demitidas, em abril, o que provocou uma paralisação de protesto por dois dias. Procurada, a Ford não comentou os números.
5. Fiat 5 /7(Germano Lüders / EXAME)
De janeiro a junho, a Fiat vendeu 168.921 carros no Brasil, número 31,97% menor do que o apresentado no primeiro semestre de 2014, segundo dados da Fenabrave. Para frear a produção, a empresa emendou o feriado do carnaval na sua matriz em Betim (MG) e concedeu férias coletivas a 2.000 funcionários em março, segundo o sindicato dos metalúrgicos da região.
https://classic.exame.com/negocios/noticias/fiat-da-ferias-coletivas-para-2-mil-em-betim No feriado da Semana Santa, de 1º a 3 de abril, houve uma nova emenda, seguida de uma parada técnica de uma semana entre 15 e 21 (recesso de Tiradentes) do mesmo mês. De 11 a 31 de maio, mais
2.000 colaboradores foram colocados em férias coletiva s e, em junho, a produção teve outra parada técnica, entre os dias 4 e 12 (feriado de Corpus Christi). Em junho, a montadora anunciou que todos os cerca de
12.000 funcionários da planta entrariam em férias coletivas entre 10 e 20 de julho. O sindicato não pôde informar o número de demitidos no semestre. A Fiat foi procurada, mas não comentou os números.
6. Mercedes-Benz 6 /7(Getty Images)
Em janeiro, a
Mercedes-Benz demitiu 260 funcionários em São Bernardo do Campo (SP) - 160 por iniciativa da empresa e 100 que haviam aderido a um PDV aberto em 2014.
A decisão provocou manifestações e paralisação da produção por um dia na fábrica local. Em abril, em protesto contra a demissão de outros 500 funcionários (de um grupo de 715 que estavam em lay-off), os trabalhadores da mesma planta
ficaram em greve do dia 22 ao dia 27. Pressionada, a montadora cancelou as demissões e abriu um novo PDV, que foi aderido por 192 dos
500 operários desligados, segundo o sindicato que representa a categoria. Porém, a negociação não avançou muito e, em maio, a empresa resolveu
fazer valer as demissões que haviam sido revogadas. Então, os cerca de 300 trabalhadores que não tinham optado pelo PDV
ficaram acampados em frente à fábrica por 26 dias. O sindicato ainda tenta reverter a decisão, mas, por enquanto, esse grupo continua demitido da companhia. Além disso, de 1º a 15 de junho, toda a fábrica local
entrou em férias coletivas. Em nota, a Mercedes informou que "diante de forte queda nas vendas de veículos comercias no mercado brasileiro, tem adotado, há mais de um ano, diversas medidas para tentar gerenciar o excedente de pessoal em sua fábrica de São Bernardo do Campo - que hoje é de cerca de 2 mil pessoas (1750 dentro da Empresa e 250 em Lay-off)". A empresa também disse que "já adotou lay-off, disponibilizou várias oportunidades de Programas de Demissão Voluntária (PDV), semanas curtas, folgas, férias coletivas, licenças remuneradas, entre outras medidas".
7. Falando em carros... 7 /7(Koichi Kamoshida/Getty Images)