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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
A acirrada disputa entre os grupos siderúrgicos Arcelor (o segundo maior do mundo) e Thyssenkrupp (da Alemanha) pela compra da canadense Dofasco chegou ao fim. Na noite desta terça-feira (23/1), a Thyssen desistiu oficialmente de cobrir a oferta da rival. A reação foi imediata. Nesta quarta-feira (24/1), em comunicado conjunto, a Arcelor e a Dofasco anunciaram a assinatura do acordo que sela a venda da canadense para o grupo europeu por 5,6 bilhões de dólares canadenses, ou aproximadamente 3,95 bilhões de euros.
O lance decisivo da disputa foi dado pela Arcelor em 16 de janeiro, quando aumentou em 12,7% sua proposta original. Embora o novo valor superasse a oferta da Thyssen em 4,4%, o conselho de administração da Dofasco convidou os alemães a apresentarem uma nova proposta. Ontem, porém, a companhia oficializou sua desistência.
"Desde o início, dissemos que, apesar da importância estratégica da Dofasco, não tomaríamos parte de um leilão destrutivo. Acreditamos que uma oferta maior que 68 dólares canadenses por ação [a apresentada pela Thyssen] está além do limite de lucratividade. Outro incremento em nossa oferta, portanto, não seria economicamente justificável", afirmou Ekkehard Schulz, presidente do conselho de administração da ThyssenKrupp em comunicado. Segundo o informe, os alemães ainda receberão uma indenização de 215 milhões de dólares canadenses por desistirem da disputa.
Sinergia
Já Brian MacNeill, presidente do conselho da Dofasco, declarou que os conselheiros aprovaram por unanimidade a venda da companhia para a Arcelor, por representar uma excelente oportunidade de valorizar a empresa e, em conseqüência, as ações dos investidores. No mesmo comunicado, o presidente executivo da Arcelor, Guy Dollé, destacou que a sinergia entre as duas empresas será importante para melhorar as operações no Canadá.
Os detalhes sobre a aquisição das ações ainda serão divulgados. Embora a Dofasco seja uma siderúrgica de porte médio, estrategicamente ela é vista como uma importante porta de entrada para o mercado da América do Norte, sobretudo para atender a demanda da indústria automotiva local. A companhia também possui 98,7% da mineradora Quebéc Cartier Mining.
A derrota da Thyssen obrigará os alemães a buscar alternativas para reforçar sua presença na América do Norte. Sócia da Companhia Vale do Rio Doce na construção da Companhia Siderúrgica Atlântica um empreendimento com capacidade para 4,4 milhões de toneladas anuais de placas de aço, a ser instalado no porto de Sepetiba a Thyssen contava com a Dofasco para fazer a ponte entre a produção no Brasil e os mercados do Norte. Agora, como alternativas, a empresa estudará a construção de uma nova usina na América do Norte, ou buscará parceiros, segundo seu comunicado. O grupo já possui 26 000 funcionários em unidades dos Estados Unidos, gerando uma receita anual de 8,1 bilhões de euros.