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Murilo Ferreira já teria o apoio de Dilma, mas terá também o do mercado?

Apoio de investidores nacionais e estrangeiros é fundamental para custear o plano recorde de investir US$ 24 bi neste ano

Murilo Ferreira, novo presidente da Vale: suposto apoio de Dilma ajuda ou atrapalha? (Eduardo Monteiro/EXAME)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2011 às 10h34.

São Paulo - O novo presidente da Vale, Murilo Ferreira, seria o candidato preferido da presidente Dilma Rousseff ao cargo, segundo o jornal O Estado de S.Paulo. Sua indicação surpreendeu a todos, já que seu nome não figurava em nenhuma lista de apostas. Dilma e Ferreira teriam se conhecido quando o executivo atuava na Albrás, fabricante de alumínio.

O preferido do mercado era Tito Martins, atual presidente da Vale Inco e diretor de operações da Vale. Outro executivo cotado era José Carlos Martins, diretor de Vendas e Estratégias da mineradora. Entre os que nunca haviam passado pela empresa, as atenções se concentravam sobre Antônio Maciel Neto, presidente da Suzano, e Fábio Barbosa, presidente do conselho de administração do Santander Brasil.

A surpresa de sua indicação e o possível apoio de Dilma, com certeza, levantarão dúvidas no mercado sobre o verdadeiro grau de independência de Ferreira para administrar a Vale.

Ajuda ou atrapalha?

Durante a semana passada, circularam informações de que Dilma, de fato, não estava gostando de nenhum dos candidatos apresentados pelo Bradesco, maior acionista privado da Vale. Na avaliação de Dilma, os nomes propostos representavam mais a continuidade da linha de trabalho de Agnelli, do que um alinhamento aos interesses do governo.

Por isso, a nomeação de Ferreira pode ser vista como um meio termo. De um lado, o executivo conta com uma passagem extensa na Vale – cerca de dez anos -, na qual esteve à frente de tarefas importantes, como o planejamento de fusões e aquisições.

Segundo presidente da canadense Inco, após ser comprada pela Vale, Ferreira deu início a uma série de mudanças estruturais que fizeram sua fama de espartano. Cortou luxos da diretoria e começou a revisão de benefícios e salários dos funcionários.

Tudo isso, porém, talvez não baste para atenuar a preocupação de que Ferreira passe a atuar como um preposto de Dilma no comando da maior empresa privada do país.

Investimento recorde

Com um plano de investimentos recorde de 24 bilhões de dólares para este ano, Ferreira será pressionado pelo governo a mudar as prioridades da Vale. Em vez de continuar a internacionalização da empresa, a Vale passaria a investir sobretudo em siderurgia, com o objetivo de exportar produtos de maior valor agregado. Também ajudaria o governo, participando da construção de hidrelétricas, como Belo Monte, e obras de infraestrutura.

A preocupação dos analistas é que a Vale perca o foco e, com ele, a rentabilidade. Para os especialistas, as melhores oportunidades para a Vale crescer estão lá fora – e desviá-la disso pode ser um tiro no pé da empresa. Além disso, será difícil deixar de comparar sua gestão com a de Roger Agnelli, que fez o lucro da Vale saltar de 3 bilhões para 30 bilhões de reais entre 2001 e 2010.

Ferreira pode contar com o apoio do governo e de Dilma. Resta saber se conquistará, agora, o apoio do mercado e dos investidores – fundamentais para custear os planos de investimento, aqui ou lá fora.

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São Paulo - O novo presidente da Vale, Murilo Ferreira, seria o candidato preferido da presidente Dilma Rousseff ao cargo, segundo o jornal O Estado de S.Paulo. Sua indicação surpreendeu a todos, já que seu nome não figurava em nenhuma lista de apostas. Dilma e Ferreira teriam se conhecido quando o executivo atuava na Albrás, fabricante de alumínio.

O preferido do mercado era Tito Martins, atual presidente da Vale Inco e diretor de operações da Vale. Outro executivo cotado era José Carlos Martins, diretor de Vendas e Estratégias da mineradora. Entre os que nunca haviam passado pela empresa, as atenções se concentravam sobre Antônio Maciel Neto, presidente da Suzano, e Fábio Barbosa, presidente do conselho de administração do Santander Brasil.

A surpresa de sua indicação e o possível apoio de Dilma, com certeza, levantarão dúvidas no mercado sobre o verdadeiro grau de independência de Ferreira para administrar a Vale.

Ajuda ou atrapalha?

Durante a semana passada, circularam informações de que Dilma, de fato, não estava gostando de nenhum dos candidatos apresentados pelo Bradesco, maior acionista privado da Vale. Na avaliação de Dilma, os nomes propostos representavam mais a continuidade da linha de trabalho de Agnelli, do que um alinhamento aos interesses do governo.

Por isso, a nomeação de Ferreira pode ser vista como um meio termo. De um lado, o executivo conta com uma passagem extensa na Vale – cerca de dez anos -, na qual esteve à frente de tarefas importantes, como o planejamento de fusões e aquisições.

Segundo presidente da canadense Inco, após ser comprada pela Vale, Ferreira deu início a uma série de mudanças estruturais que fizeram sua fama de espartano. Cortou luxos da diretoria e começou a revisão de benefícios e salários dos funcionários.

Tudo isso, porém, talvez não baste para atenuar a preocupação de que Ferreira passe a atuar como um preposto de Dilma no comando da maior empresa privada do país.

Investimento recorde

Com um plano de investimentos recorde de 24 bilhões de dólares para este ano, Ferreira será pressionado pelo governo a mudar as prioridades da Vale. Em vez de continuar a internacionalização da empresa, a Vale passaria a investir sobretudo em siderurgia, com o objetivo de exportar produtos de maior valor agregado. Também ajudaria o governo, participando da construção de hidrelétricas, como Belo Monte, e obras de infraestrutura.

A preocupação dos analistas é que a Vale perca o foco e, com ele, a rentabilidade. Para os especialistas, as melhores oportunidades para a Vale crescer estão lá fora – e desviá-la disso pode ser um tiro no pé da empresa. Além disso, será difícil deixar de comparar sua gestão com a de Roger Agnelli, que fez o lucro da Vale saltar de 3 bilhões para 30 bilhões de reais entre 2001 e 2010.

Ferreira pode contar com o apoio do governo e de Dilma. Resta saber se conquistará, agora, o apoio do mercado e dos investidores – fundamentais para custear os planos de investimento, aqui ou lá fora.

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