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Mulheres são líderes mais procuradas em tempos de crise

Estereótipos de gênero fazem com que as empresas selecionem mais líderes do sexo feminino durante situações de alto risco

Anne Mulcahy, ex-CEO da Xerox, é um exemplo de mulher que entrou na presidência em época de crise (Getty Images)

Anne Mulcahy, ex-CEO da Xerox, é um exemplo de mulher que entrou na presidência em época de crise (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2011 às 05h12.

São Paulo – Homens são competitivos, independentes e lutam pelo poder. Mulheres são justas, hábeis comunicadoras e trabalham bem em grupo. Esses estereótipos ligados ao gênero podem ser determinantes na hora de uma empresa escolher seu quadro de executivos, durante tempos de prosperidade ou de crise. É o que aponta uma pesquisa publicada recentemente no periódico British Journal of Social Psychology, que revelou que a visão comum sobre as mulheres faz com que elas sejam as preferidas em momentos de alto risco para a companhia.

Realizado em conjunto por pesquisadores da University of Kansas, nos Estados Unidos, e da University of Erlangen-Nuremberg, na Alemanha, o estudo usou como ponto de partida o fenômeno chamado “precipício de vidro”, publicado pelo British Journal of Management, em 2005. Segundo esse conceito, as mulheres são sub-representadas no quadro de executivos da maioria das empresas, mas sua participação aumenta quando a organização passa por maus bocados durante meses seguidos.

Foi o caso da americana Anne Mulcahy, que assumiu a presidência da Xerox em 2001, no lugar de Paul Allaire, quando a empresa passava por uma séria crise financeira. Por meio do diálogo com empregados, clientes, especialistas e outras entidades, Mulcahy conseguiu tirar a sombra da falência de cima da Xerox. Outro exemplo é o da diretora financeira da HP, Cathie Lesjak, que, mesmo que interinamente, foi o primeiro nome ditado pelo conselho administrativo da empresa para apagar o fogo iniciado pelo escândalo sexual protagonizado por Mark Hurd, no ano passado.

Para descobrir a causa dessa preferência, os estudiosos americanos e alemães pediram a 122 participantes de ambos os sexos para ler trechos sobre uma determinada cadeia de supermercados em momentos de prosperidade e de crise. Ao serem orientados para escolher um líder entre dois candidatos (sendo um homem e uma mulher), os pesquisados foram guiados pelas características tradicionais que atribuem a cada um dos gêneros, como competitividade, gosto pelo poder e independência, no caso dos homens, e justiça, habilidades comunicacionais e trabalho em grupo, quando se trata de mulheres.

Quando precisaram escolher um chefe para a empresa próspera, a maioria preferiu um homem. Já no caso de crise, as mulheres ficaram mais cotadas. Diante desse resultado, os autores comentam que, enquanto em tempos de bonança, as características femininas são colocadas como simples “sociabilidade”, durante a crise, tais atributos podem ser muito valiosos e bem avaliados em operações onde a negociação é essencial para a manutenção da empresa.

Contexto histórico

Além dos estereótipos, o fato de a maioria das empresas ser, historicamente, liderada por homens também pode influenciar na hora da escolha de quem vai chefiar a companhia durante a turbulência. Em uma outra experiência, os participantes tinham que responder quem escolheriam como líder se a empresa em crise tivesse um histórico de liderança masculino ou feminino. Ironicamente, para a companhia essencialmente masculina, o líder escolhido para tirar a organização do buraco foi uma mulher e, no caso da empresa mais feminina, o contrário.

Esse resultado é um indício de que os estereótipos contam, mas talvez não sejam definitivos na seleção de líderes. A esperança dos autores é de que, com a entrada cada vez maior das mulheres nos cargos executivos, esse quadro possa se igualar e os padrões de comportamento atribuídos a um e outro não façam mais sentido.

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