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MRV mostra desafios (e vantagens) dos imóveis de baixa renda na crise

Construtora divulga resultados do 1º tri nesta quinta-feira. Na crise, empresas no segmento de menor renda podem se provar mais resilientes, dizem analistas

OBRA DA MRV: as ações das construtoras acumulam baixa ao longo de 2020, mas subiram mais de 20% no último mês (Germano Lüders/Exame)

OBRA DA MRV: as ações das construtoras acumulam baixa ao longo de 2020, mas subiram mais de 20% no último mês (Germano Lüders/Exame)

Felipe Giacomelli

Felipe Giacomelli

Publicado em 28 de maio de 2020 às 06h47.

Última atualização em 28 de maio de 2020 às 06h55.

O efeito da pandemia do coronavírus nas construtoras fica mais claro nesta quinta-feira, 28, quando a MRV reporta seus resultados do primeiro trimestre, após o fechamento do mercado. Maior representante do segmento de imóveis para o público de menor renda, a MRV pode representar alguns dos maiores desafios do setor, que começou 2020 com grandes expectativas em meio à baixa histórica de juros.

As margens devem ser um dos maiores problemas do segmento de menor renda durante a pandemia. Com os lançamentos e a evolução das obras sofrendo e compradores menos dispostos a fazer dívidas, as construtoras "optaram por aumentar seu nível de descontos para sustentar uma quantidade saudável de vendas”, escrevem os analistas do banco Itaú.

Neste cenário, a aposta é por uma pequena alta nas vendas na comparação anual e queda nas margens e no lucro. A projeção do Itaú para a MRV divulgada em 21 de maio é de queda de 1% nos lançamentos na comparação anual. A expectativa para o faturamento é de 1,5 bilhão de reais, queda de 2% ante 2019, e lucro de 141 milhões, queda de 25%. A margem deve cair mais de 3 pontos percentuais, de 35,1% para 31,8%. A projeção do Bradesco, do começo de maio, é de alta de 2% no faturamento no ano e queda um pouco menor no lucro, de 16%.

A Tenda, que atua no mesmo segmento de baixa renda e já apresentou resultados do trimestre, mostrou dificuldades em linha com o projetado pelos analistas. A construtora apresentou queda de 29% nas vendas em relação ao mesmo período de 2019 e queda de 4 pontos percentuais na margem bruta ajustada. O lucro líquido caiu 65%.

Construtoras voltadas a imóveis de médio e alto padrão tendem a ter problemas parecidos, mas, para analistas, dependem mais de índices de confiança na economia. "As vendas no segmento de baixa renda já provaram ser muito mais resilientes independentemente do cenário macro", escrevem analistas do Bradesco.

A MRV já havia reportado uma prévia operacional do primeiro trimestre em abril, que o Bradesco classificou como "sólida". A empresa teve alta de 28% nas vendas na comparação anual, uma alta recorde -- embora mais impactos da covid-19 devam ser vistos no segundo trimestre. Um ponto negativo para a empresa, segundo o Bradesco, foi a queima de 183 milhões de reais em caixa.

As ações das construtoras acumulam baixa ao longo de 2020, mas começaram a se recuperar no último mês. A ação da MRV caiu 23% no acumulado de 2020, fechando o pregão desta quarta-feira em 16,62 reais. O preço alvo do Itaú é 24,50 reais. Apesar do cenário longe do maior otimismo para as construtoras, a ação da MRV teve alta de 28% no último mês, desde 26 de abril. A da Tenda, alta de 23%. O Ibovespa subiu 17% no mesmo período.

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