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MMX negocia 300 mil toneladas de minério de ferro

Mineradora negocia a venda de estoque ao mesmo tempo em que continua à procura de interessados em arrendar ou comprar outros de seus ativos


	Caminhão na mina de ferro Serra Azul da MMX, em Minas Gerais
 (Rich Press/Bloomberg)

Caminhão na mina de ferro Serra Azul da MMX, em Minas Gerais (Rich Press/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2014 às 20h39.

Rio - Com dívidas em atraso e problemas de caixa, a MMX, mineradora de Eike Batista, negocia a venda do estoque de 300 mil toneladas de minério de ferro, ao mesmo tempo em que continua à procura de interessados em arrendar ou comprar outros de seus ativos, apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, com fontes envolvidas na negociação.

A estratégia é buscar as alternativas para evitar um pedido de recuperação judicial, mecanismo já utilizado por outras empresas de Eike: a petroleira Óleo e Gás Participações (OGPar, antiga OGX) e a companhia de construção naval OSX.

Apesar disso, o recurso é visto como uma possibilidade, ainda que a prioridade seja levantar os recursos e evitar recorrer a ele.

Nesta quarta-feira, 20, a empresa anunciou que vai paralisar temporariamente a produção de minério de ferro e agravou as desconfianças dos investidores.

A percepção do mercado é de que a empresa não conseguirá postergar por muito tempo o pedido de recuperação judicial. As ações da mineradora lideraram as perdas do Ibovespa hoje, com queda de 8,49%.

Sem escala, a empresa vive um momento "tenso", disse uma das fontes. Além das dívidas, o preço do minério de ferro está em queda.

Nesta terça, 19, o preço da commodity no mercado à vista na China caiu para uma mínima de dois meses, vendido a US$ 93 a tonelada. A companhia encerrou o primeiro trimestre do ano com dívidas de R$ 966 milhões, sendo R$ 718 milhões com fornecedores.

Cardápio

Entre os ativos que a mineradora tem para oferecer estão as suas minas Tico-Tico e Ipê, em Serra Azul (MG), com capacidade instalada para produzir anualmente aproximadamente 6 milhões de toneladas de minério de ferro.

A empresa possui ainda 35% de participação no Porto Sudeste, localizado em Itaguai (RJ) - em fevereiro vendeu o controle e 65% da fatia para o consórcio Trafigura/Mubadala. Por último, tem direitos minerários da unidade de Bom Sucesso (MG).

A informação sobre os números do estoque foram confirmados pela MMX. A empresa deverá vender o produto para o mercado externo, provavelmente China ou outros mercados asiáticos, apurou a reportagem.

No primeiro trimestre, a mineradora não exportou porque os contratos para embarques por meio do terminal CPBS, em Itaguaí (RJ), só eram válidos a partir de abril.

Entre aquele mês e agosto, a MMX fez seis embarques, num total de cerca de 1 milhão de toneladas de minério de ferro, sendo a maior parte escoada para o mercado asiático.

Já o sistema Corumbá, em Mato Grosso do Sul, já foi arrendado em julho pela Vetria Mineração, em meio a ações para dar fôlego à companhia.

A MMX receberá anualmente US$ 500 mil, a serem pagos em 12 parcelas a partir do quarto mês de celebração do contrato. Esse dinheiro deverá trazer alívio para o caixa da empresa a partir de novembro.

Cortes

Enquanto as negociações ocorrem, a MMX está reduzindo custos, paralisando produção e revendo a sua estrutura.

A empresa anunciou em comunicado ontem que planeja apresentar novo modelo de negócios junto com a divulgação dos resultados do segundo trimestre, em 15 de outubro.

A companhia concederá férias coletivas a seus colaboradores envolvidos diretamente na operação da sua unidade de Serra Azul.

A parada começa na primeira semana de setembro. A ação deve atingir em torno de 400 funcionários, de um total de 550 trabalhadores naquela operação.

Seguem em atividade os colaboradores envolvidos nos setores responsáveis pela manutenção e conservação da unidade e o pessoal do quadro administrativo.

Haverá, dessa forma, economia com custos operacionais, como energia, além do transporte e alimentação dos funcionários.

A justificativa pela decisão foi a "prolongada e acentuada retração dos preços do minério de ferro no mercado internacional" e restrições operacionais impostas pelo órgão ambiental do Estado de Minas Gerais.

Na terça-feira, em meio a rumores de que o pedido de recuperação judicial sairá até o final do mês, a empresa negou a informação.

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