Mineradora da China mira lítio argentino para veículos elétricos
O projeto liderado pela Zijin abre uma frente no cabo de guerra global entre a China e os EUA na corrida pelo lítio na América do Sul
Agência de notícias
Publicado em 11 de julho de 2023 às 18h38.
Última atualização em 11 de julho de 2023 às 18h47.
A chinesa Zijin Mining está em negociações avançadas para construir uma unidade na Argentina que transformará algumas das enormes reservas de lítio do país em cátodos usados para fabricar baterias de veículos elétricos.
A Zijin fechou um acordo para uma parceria com a Camyen, a mineradora da província de Catamarca — parte do triângulo de lítio da América do Sul — e com uma unidade da estatal de energia YPF no projeto, segundo duas pessoas a par do assunto que falaram sob anonimato.
- CVM autoriza OPA da Alliança Saúde (AALR3), ex-Alliar
- Receita informará quem está devendo a declaração do IR; saiba como
- Brasileiros depositam mais de R$ 2,5 bilhões na poupança em junho, primeira entrada líquida no ano
- Tem um pedacinho do Nubank? Chegou a hora de escolher o que fazer com seu BDR
- Itaúsa (ITSA4) rescinde acordo com XP e prevê efeito positivo de R$ 860 milhões em balanço
- Chinesa Guoxuan High-Tech e Siemens fecham acordo de cooperação
A fábrica produziria 50 mil toneladas por ano de fosfato de ferro e lítio para cátodos, com operações programadas para começar no ano que vem, disseram as pessoas. A mina de lítio “Tres Quebradas” da Zijin em Catamarca deve entrar em operação no quarto trimestre.
Um representante da Zijin Mining não atendeu a ligações.
Porta-vozes da YPF e da província de Catamarca não responderam de imediato aos pedidos de comentários.
Argentina no radar global
Um investimento na fabricação de material catódico para baterias seria uma grande vitória para a Argentina. O país quer ganhar espaço ao longo da cadeia de suprimentos de veículos elétricos ao transformar seusvastos depósitos de lítio em uma sofisticada indústria domésticae evitar o destino das matérias-primas latino-americanas. A região está repleta de exemplos de exportação de commodities com pouco valor agregado, limitando os investimentos e a geração de empregos.
O projeto liderado pela Zijin chegaria em um momento em que a corrida para explorar lítio na América do Sul abre uma frente no cabo de guerra global entre a China e os EUA. A União Europeia também atua para garantir acordos regionais de fornecimento de lítio.
Entre outros investimentos chineses, a Ganfeng Lithium é proprietária majoritária da Minera Exar, que recentemente se tornou o primeiro projeto de lítio da Argentina em anos a entrar em produção. A Ganfeng também gastou quaseUS$ 1 bilhão no ano passado para adquirir outro projeto argentino.
A China mostrou vontade de ajudar a Argentina com suas ambições em projetos downstream. A montadora chinesa Chery quer construir uma fábrica de VEs e baterias de US$ 400 milhões na Argentina, enquanto a província de Jujuy disse que está em negociações com pretendentes da China para fabricar cátodos no país asiático.
Enquanto isso, a Argentina busca obter acesso aos novos créditos fiscais para veículos elétricos do presidente Joe Biden, apesar de não cumprir o requisito de ser um parceiro de livre comércio dos EUA.
Além do projeto de cátodos com a Zijin, Camyen e YPF se uniram em atividades de exploração em Catamarca. A Livent vai fornecer lítio da mesma província para uma fábrica célula de bateria de pequena escala administrada pela YPF, que lidera o desenvolvimento da expertise nacional em baterias.